Música japonesa, axé cool e cover de Jason Mraz: Moreno Veloso apresenta “Coisa Boa” no Rio e prova ser músico multitalentoso


Tocando pandeiro, violão ou faca no prato, em espanhol, italiano, japonês ou português, o primogênito de Caetano mostra que é artista eclético e pau pra todo palco

*Por João Ker

Moreno Veloso voltou ao Rio de Janeiro na noite deste sábado (6/9) para apresentar as músicas de seu primeiro álbum como artista solo, “Coisa Boa”. Para isso, o artista subiu ao palco do Teatro Rival para pouco mais de duas horas em um show um tanto quanto intimista, com direito a crianças no palco e participação de Ana Cláudia Lomelino, da banda Tono.

O primogênito de Caetano Veloso começa a apresentação com um sorriso tranquilo, mas alegre, que o acompanha durante toda a noite. Por sinal, a maior parte de “Coisa Boa” também é assim: serena, com certo ar de nostalgia por uma infância feliz. Até a faixa-título começou com essa ideia, nascendo a partir da melodia de uma canção de ninar feita pelo músico, que casa tão bem com outras canções como “Jacaré coruja” e “Não Acorda o Neném”.

E surpreendente ver o artista improvisar no palco. Primeiro, ele apresenta “um instrumento muito popular na terra do meu pai, o recôncavo baiano'”. Ele então ergue no ar um prato e uma faca e começa a bater um no outro, criando uma melodia inesperada e agitada, a ponto de fazê-lo levantar do banco no qual fica sentado boa parte do espetáculo, arriscando uns passinhos de dança singelos, mas sinceros. Em seguida, ele encarna a persona de poliglota e arrisca um pouco de italiano com “Arriverdeci”, outra canção em espanhol (idioma este que, apesar de ele não saber falar, consegue cantar muito bem) e´, por fim, “Onaji Sora”, faixa em parceria com a japonesa Takako Minekawa que encerra o álbum e é entoada no idioma dela.

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Fotos: Igor Igarashi

No palco ornamentado com algumas obras abstratas de papel, Moreno passa grande parte do show dedilhando seu violão (ocasionalmente substituído por um pandeiro), enquanto é acompanhado pela guitarra de Pedro Sá, a percussão de Marcelo Callado e o baixo de Gustavo Benjão. Na metade da apresentação, ele recebe a companhia de Ana Cláudia Lomelino e, juntos, fazem um dueto emocionante de um clássico dos anos 1930. Além disso tudo, Moreno ainda apresenta algumas músicas de álbum antigos, inclusive do projeto Moreno+2, e encontra até espaço até para um medley com “Swing da Cor”, de Daniela Mercury. Claro, em uma versão bem mais branda e à capela do que aquela a qual o axé costuma ser executado.

A ótima “Deusa Do Amor” é uma das últimas musicas a serem tocadas. A essa altura, o palco já está “invadido” por cerca de dez crianças que se dividiam em ajudar a gente grande. Se foi planejado ou não, não importa, porque Moreno Veloso lidou com a falta de pudor dos menores espontaneamente, no melhor estilo paizão, dando até espaço para aquelas mais prodigiosas que seguravam o microfone e queriam porque queriam um cover de Jason Mraz. O pedido foi atendido e o resultado se deu na forma de um cover fofinho de “I’m Yours”, mas em versão bem abrasileiradinha. Entre facas batendo em pratos, músicas em japonês, Jason Mraz, Daniela Mercury e clássicos dos anos 1930, Moreno prova que seu negócio é mesmo a melodia, em sua forma mais eclética forma possível.

Moreno Veloso – Deusa do Amor