Mateus Solano viverá o delator de Tiradentes em “Liberdade, liberdade”. Medo de ser odiado? “Nem um pouco. Eu tento tirar o máximo de humanidade do personagem e fazer o melhor trabalho possível. Eu já fiz vilão no teatro infantil e fui vaiado. A princípio eu estranhei, depois vi que era uma ovação, que fiz meu trabalho. Não tenho problema se me odiarem, não”, garantiu. Seu José Maria Rubião é o braço direito de Tiradentes (Thiago Lacerda) na luta pela libertação do Brasil da Coroa e, após ter a vida ameaçada, entrega o Alferes para a família real portuguesa e se torna um aliado. A partir daí, vira Intendente de Vila Rica e faz de tudo para preservar os valores da Coroa no Brasil. “Ele é um cara que não tem escrúpulos e delatou o Tiradentes. Acho que a questão histórica é muito legal. O meu personagem é fictício. O delator foi Silvério dos Reis. O ‘judas’ é o Silvério, mas como ele foi deportado e acabou na boa em Pernambuco, não servia para a nossa história, então foi inventado esse personagem que continua em Vila Rica. A verdade é que, historicamente, não tive pessoa para me inspirar”, explicou.
Não que isso seja um problema para ele que já interpretou desde o Zé Bonitinho em “Escolinha do Professor Raimundo” ao inesquecível Félix de “Amor à vida”, passando por tantos outros personagens marcantes. “O Félix foi muito forte, as pessoas têm ele muito na memória, foi exaustivo fazê-lo. Acho que ele foi inesquecível, mesmo que venham 20, 30 personagens, mas foi bom ter o Zé Bonitinho para dar uma chacoalhada entre o Félix e o Rubião”, declarou. Aliás, que chacoalhada! “Fiquei muito feliz com a ‘Escolinha’ porque na hora da gravação sentimos algo muito especial, foi uma emoção estar assistindo de dentro daquela sala, homenageando personagens que fizeram parte da nossa formação. Queríamos pelo menos passar metade disso para o público. Viramos uma turminha mesmo, de primário. Conversamos direto pelas redes sociais”, revelou ele que, mergulhando em um papel totalmente diferente, chegou a quebrar o braço: “Como ‘Liberdade, liberdade’ é uma novela de ação, nós estamos sempre nos machucando. O calor é esfuziante na cidade cenográfica e eu estou sempre muito vestido, com veludo, etc… mas tudo isso faz parte. Na época, todos eles suavam, caiam de cavalo, se machucavam, então nós usamos isso no trabalho”, garantiu.
E a entrega foi total. Além das aulas de esgrima, Mateus tem cenas de nudez fortes. “Quem for me assediar ainda hoje perdeu o bonde, porque eu sou muito bem casado, todo mundo sabe. Mas tenho uma relação de amor muito respeitosa com o público nesse sentido. É fazer o melhor possível, se tiver que mostrar meu útero para contar uma boa história, sem problemas (risos)”, afirmou ele, que não acha que a repercussão vai ser incômoda: “Com o Brasil do jeito que está, quem vai dar atenção para a minha bunda? Que bobagem”, disse. Aliás, falando nisso, Mateus declarou que está insatisfeito com o cenário político atual no país, mas foi além: “Isso que estamos vivendo hoje já vem de muito tempo, agora a merda foi para o ventilador, mas o negócio já está fedendo há muito tempo”, declarou. Falando de um mártir nas telas, será que falta, hoje, um herói para o Brasil? “O que eu acho é que falta uma super reciclada, jogar todo mundo fora e botar tudo de novo. Como faz isso? Não sei. Mas certamente não é através da força bruta”, opinou.
Aliás, na opinião de Mateus, falar de um mártir na telinha humaniza o herói. “A novela mostra com um pouco mais de crueza esse herói que transformaram o Tiradentes. Ele, dentro do grupo de ricos intelectuais, gente de dinheiro que não queria mais pagar impostos para Portugal, era o que tava mais querendo liberdade e acabou como bode expiatório. Tiveram outros mártirs, mas Tiradentes foi o glorificado e virou nosso Jesus Cristo e o Silvério dos Reis virou o Judas. A verdade é que vamos ver esse cara que vai no bordel, que bebe, a humanidade do Tiradentes”, adiantou. Já o seu personagem, que se envolverá em um triângulo amoroso com Joaquina (Andreia Horta) e Xavier (Bruno Ferrari), não parece que despertará compaixão no público, como foi o caso do vilão Félix. “Não acho que porque ele ama, ele é bom. A paixão não redime, os homens maus também amam e também sofrem decepções amorosas, o negócio é como lidam com isso”, disse.
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