Mateus Solano fala sobre segunda temporada de “Escolinha do professor Raimundo” e comenta cena de sexo gay em “Liberdade, liberdade”: “Fui ao estúdio assistir, sou precursor”


O ator acredita que é essencial falar sobre amor na televisão: “Fiquei encantado em fazer parte disso, de a Rede Globo ter colocado o pé na porta, tomado essa iniciativa. Se tem para o hétero, tem que ter para o gay. O respeito, o amor e a pegada”

Vivendo Rubião em “Liberdade, liberdade”, Mateus Solano fez questão de ir ao estúdio onde estaria sendo gravada a cena de sexo entre os personagens Tolentino e André, vividos por Caio Blat e Ricardo Pereira, da mesma trama. “Sou precursor de cena de beijo gay, então tenho o direito (risos). Como são meus grandes amigos, fui ver de perto. Fiquei encantado com a cena e em fazer parte disso, de a Rede Globo ter colocado o pé na porta, tomado essa iniciativa. Estava mais do que na hora, acho fundamental. Lá fora já tem isso há tanto tempo. Não sou grande apaixonado por cenas de sexo, não acho bacana ou importantíssimo. Em um filme, quando tem algo assim, nem é a parte que mais gosto. Mas se tem para o hétero, tem que ter para o gay. O respeito, o amor e a pegada”, defendeu.

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Falando na novela, Mateus acredita que “ela tem tudo que um bom folhetim precisa ter”. “Quando acaba tem aquela sensação de ‘mas já?’, eu sinto”, contou ele, que acha fundamental levar história para a televisão aberta. “Achei, sinceramente, que a parte histórica ficaria no primeiro capítulo, com a morte de Tiradentes e que, depois, viraria ficção, mas não. A Carlota Joaquina está ali, querendo chegar ao poder. Vemos informações históricas: de fato ela tentou roubar o poder do marido três vezes. A verdade está entremeada na história, a crueza, a sujeira, o suor, o fumo. Tem capítulos e lugares que podem ser mostrados nas escolas. Apesar de que vemos muitas camas, porque falamos de gente rica. Mas todos os móveis vieram de Paris. As casas dos colonos eram indígenas, eles aprenderam a viver como índios. É inusitado trazer Vila Rica de 1800 para a televisão, uma época em que, quem chegava ao Brasil pelo Rio de Janeiro, tinha que pegar um burro para ir até lá”, disse.

Para representar a história do Brasil, Mateus se preparou intensamente. “Li ‘1808’, do Laurentino Gomes, e vários outros livros sobre a vida naquela época. Fui atrás de inspirações como o Drácula, que é minha referência mór para o Rubião”, contou ele, analisando seu personagem fictício. “Aquele era um lugar de sobrevivência, o Rubião é um caçador e a Rosa (Andreia Horta) é uma presa que mexe com ele. É aquele pássaro lindo que você precisa colocar na gaiola. Ele fala para ela que ela é uma obra de arte, mas quer pegar e pregá-la na parede para ficar observando. Nesse lugar que vemos o amor do Rubião, porque tira ele do eixo – e ele quer o controle”, explicou.

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Apesar da vilania, Mateus não sente a raiva das pessoas nas ruas. “Ainda odeia-se inteiramente um vilão?”, perguntou, explicando: “Hoje em dia a vida do artista está tão devassada. Antigamente existia aquele mito, Odete Roitman, ninguém via a Beatriz Segall ali. As pessoas têm carinho pelo meu trabalho e por mim, então não sinto esse ódio… o que acontece é que vira um nó. Mas as pessoas mantém o olhar delas para mim, Mateus”, analisou ele, que se entrega de corpo e alma. “É a primeira vez que apareço tão nu. Nunca foi também meu interesse nem eu me vendi assim. Corria um pouco desse lugar”, contou.

Do outro lado na dramaturgia está sua interpretação do icônico Zé Bonitinho, no remake de “Escolinha do professor Raimundo”. Mateus, está na próxima temporada? “Com certeza! Se eu não estiver eu entro e falo ‘com licença, teacher’”, brincou ele, que, modesto, credita o sucesso de sua atuação ao carinho do público pelo programa. “O Zé Bonitinho é nosso, todos temos ele aqui dentro, a dona Bela, todos. A beleza e o sucesso desse projeto tem muito a ver com isso: o povo se sente parte, é tão especial. Eu mesmo, era muito espectador”, revelou ele, um dos únicos atores não-humoristas do elenco. “Essa linha entre humorista e ator existe, mas não entendo muito aonde é. Eu não conto bem piadas, mas me garanto como ator. O Zé Bonitinho é timing”, disse.

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Em um dos ensaios do “Criança Esperança”, nós, de HT, vimos Mateus – que terá um número ao lado de parte do elenco da “Escolinha” – brincar com improvisos diversas vezes no palco. “Eu amo. Venho do Tablado e acho que improvisar é fundamental para qualquer ator, não só de teatro. Na verdade, é essencial para se estar vivo, porque a vida é improviso e ele necessita que estejamos ali de verdade”. Sucesso explicado, não?