Mariana Xavier rompe estereótipos no audiovisual, vai escrever livro, lançar camisetas e sex toy com sua assinatura


A atriz filma a comédia ‘Marido de Aluguel’ e comemora a segunda escalação seguida para personagens diferentes de tudo o que fez até hoje. “Isso mostra que posso fazer muitos papeis além do estereótipo da gorda que vai sofrer bullying ou tem problema de autoestima. Esse é um trabalho de convencimento e abertura de mentes que venho fazendo há muitos anos”. Aos 44 anos, ela vai escrever um livro compartilhando sua história e falando de autoconhecimento, autoestima e autenticidade, lancará camisetas com suas frases de empoderamento e também um sugador clitoriano. A artista revela a motivação para colocar no mercado o brinquedo sexual com sua assinatura: “Narrar uma série do GNT ( ‘O prazer é meu’ ) me fez mergulhar ainda mais fundo no tema do prazer feminino. O conhecimento que adquiri nesse processo, o contato que tive com o tantra e a constatação de como minha vida melhorou em todos os campos a partir do momento em que consegui viver a minha sexualidade de forma mais plena, me fez ter muita vontade de ajudar outras mulheres a descobrirem o caminho do próprio prazer. Isso também tem muito a ver com autoestima e liberdade”

*Por Brunna Condini

Se em ‘Missão Porto Seguro’, lançamento da Prime Video, Mariana Xavier faz uma personagem misteriosa e fora da lei, diferente de tudo o que experimentou até agora, a atriz segue a tendência e filma ‘Marido de Aluguel’, longa com roteiro e direção do Paulo Fontenelle, também vivendo um papel que rompe com estereótipos, e ao que tudo indica, com semelhante inclinação para a bandidagem. “Em ‘Missão Porto Seguro’ vou presa, agora neste filme uso tornozeleira eletrônica. É uma evolução, fico pensando o que vai acontecer no próximo (risos). Isso mostra que posso fazer muitos papeis além do estereótipo da gorda que vai sofrer bullying ou tem problema de autoestima. Esse é um trabalho de convencimento e abertura de mentes que venho fazendo há muitos anos. E neste trajeto, cheguei a duvidar de mim, se não estava me boicotando por não me ‘encaixar’. Tenho aberto esse ‘matagal a facão’ e tem surtido efeito”, observa.

“Essa luta não é só por mim, essas conquistas ficam. Fico feliz de poder já usufruir dos frutos destas lutas, mas também porque atrizes no meu biotipo talvez não precisem mais ouvir as barbaridades que eu já ouvi e possam ter mais oportunidades”, reflete Mariana, que tem um ano cheio de projetos: a escrita do seu livro, palestras Brasil afora, o lançamento das camisetas e do sugador clitoriano com sua marca, além da turnê do monólogo ‘Antes do Ano que Vem‘. “Sou uma geminiana típica. Minha mente é agitada e aponta para muitas direções ao mesmo tempo”. Aqui ela fala de tudo isso, e também revisita sua atriz desde o sucesso que a fez despontar para o Brasil, ‘Minha Mãe é uma Peça‘.

Mariana Xavier e uma das camisetas que criou e lança esse ano com sua marca: "Trabalho de convencimento e abertura de mentes" (Foto: Renata Duarte)

Mariana Xavier e uma das camisetas que criou e lança esse ano com sua marca: “Trabalho de convencimento e abertura de mentes” (Foto: Renata Duarte)

Marido de aluguel

Mariana conversou com o site em meio às filmagens do longa ‘Marido de Aluguel‘, protagonizado por Mauricio Manfrini. No elenco também estão Alexandre Lino, Heitor Martinez, Alexandra Richter, Letícia Isnard, Danilo Moura, Letícia Braga, Theo Fontenelle e Raphael Viana. “É uma comédia, entretenimento puro. A Alice é uma personagem que me atraiu porque não menciona o meu corpo em nenhum momento, ou seja, qualquer atriz poderia fazê-la. Ela também está mais próxima da minha faixa etária, tenho uma filha adolescente no filme. Isso é um chamariz há algum tempo para mim, para que as pessoas parem de me ver como a Marcelina, uma jovenzinha, e entendam que sou uma mulher de quase 45 anos (que completa em 26 de maio) e posso fazer personagens mais maduras”.

Mariana Xavier e Mauricio Manfrini filmam 'Marido de Aluguel' (Foto: Acervo pessoal)

Mariana Xavier e Mauricio Manfrini filmam ‘Marido de Aluguel’ (Foto: Acervo pessoal)

No filme, Mauricio Manfrini faz o tal ‘marido de aluguel’ do título, que acaba indo fazer consertos na casa de Alice, rica falida, que vive em prisão domiciliar. “Quando ele chega lá, percebe que não é só a casa que precisa de reparos…faço a mãe da personagem da Letícia Braga, e meu ex-marido na história é o Heitor Martinez, que foi meu crush de adolescência, quando fez ‘Como Ser Solteiro’, olha como é a vida (risos)”.

Outra coisa que me fez topar esse trabalho foi que eu estava com muita saudade de ser só atriz, sabe? Ano passado não fiz nada no audiovisual além de narrar uma série sobre prazer feminino para o GNT, mas botar a cara na câmera, só nas redes. E essa nova vertente da profissão, que é a internet, é algo bem exaustivo, porque ali não posso ser só a atriz. É praticamente um reality da nossa vida. É bom ter autonomia, liberdade, ao mesmo tempo, é solitário. Não ficar à mercê de convites tem seu preço – Mariana Xavier

Letícia Braga e Mariana Xavier são filha e mãe no filme 'Marido de Aluguel' (Foto: Acervo pessoal)

Letícia Braga e Mariana Xavier são filha e mãe no filme ‘Marido de Aluguel’ (Foto: Acervo pessoal)

Livro e marca pessoal

Alguns projetos que Mariana pretende colocar em prática em 2025, são fruto de um 2024 frutífero de extrema criatividade. “Essa coisa de eu ter me tornado empreendedora de mim mesma ampliou meu leque de possibilidades. As ideias também vão se multiplicando, então criei vários projetos. E dentro deles, retomei essa história de escrever um livro. Já tenho um livro de crônicas publicado com outras quatro atrizes, o ‘Gordelícias’. E nesta época já havia sido provocada a escrever algo só meu, mas eventualmente sou pega pela síndrome da impostora, como quase todos os seres humanos, especialmente, as mulheres. Então adiei esse projeto por um tempo, até por entender que precisa de muita dedicação e sempre estive envolvida com projetos que também exigiam isso. E confesso, mais por me questionar se escrever um livro não seria algo pretensioso”, elabora.

Entre os projetos, Mariana Xavier volta em 2025 com seu monólogo 'Antes do Ano que Vem' (Foto: Reprodução/Instagram)

Entre os projetos, Mariana Xavier volta em 2025 com seu monólogo ‘Antes do Ano que Vem’ (Foto: Reprodução/Instagram)

“Em 2024, entre as muitas frentes de trabalho, comecei a rodar o país com as palestras motivacionais, compartilhando a minha história e falando de autoconhecimento, autoestima e autenticidade. E com isso, retornou essa vontade/oportunidade de escrever um livro. Mas percebi que não tenho condições de fazer isso sozinha, minha cabeça abre um milhão de abas e não fecha nenhuma (risos), e pensei que preciso de ajuda. Uma das coisas que mais abordo nas palestras, é ter esse autoconhecimento e autocuidado, de tirar o ‘uniforme’ de ‘Mulher Maravilha’ e identificar quando precisamos de ajuda, por isso decidi que não farei esse livro sozinha, e convidei a jornalista, escritora e roteirista Brunna Condini para fazer esse projeto comigo. Além disso, estou captando patrocínio para fazer uma temporada no teatro do Copacabana Palace com o meu monólogo, ‘Antes do ano que vem’, entre maio e junho. E depois fazer a turnê, em todas as capitais do Norte e nas quatro do Nordeste que ainda faltam. Têm ainda o lançamento das camisetas e do sugador clitoriano”. Sobre a motivação para lançar o brinquedo sexual com sua assinatura, ela conclui:

Narrar uma série do GNT ( ‘O prazer é meu’ ) me fez mergulhar ainda mais fundo no tema do prazer feminino. O conhecimento que adquiri nesse processo, o contato que tive com o tantra e a constatação de como minha vida melhorou em todos os campos a partir do momento em que consegui viver a minha sexualidade de forma mais plena, me fez ter muita vontade de ajudar outras mulheres a descobrirem o caminho do próprio prazer. Isso também tem muito a ver com autoestima e liberdade – Mariana Xavier

"Minha vida melhorou em todos os campos a partir do momento em que consegui viver a minha sexualidade de forma mais plena" (Foto: Reprodução/Instagram)

“Minha vida melhorou em todos os campos a partir do momento em que consegui viver a minha sexualidade de forma mais plena” (Foto: Reprodução/Instagram)

Popularidade para fazer a diferença

Mesmo 12 anos após a estreia do primeiro filme da franquia de sucesso ‘Minha Mãe é uma Peça’, história criada originalmente pelo inesquecível Paulo Gustavo (1978-2021), que retrata com humor o estereótipo da mãe brasileira, ainda reconhecem Mariana nas ruas pelo nome da personagem que a alçou ao grande público: Marcelina. A produção que foi um divisor de águas na sua carreira, tem um lugar reservado em seu coração, e após tanto tempo, ela diz como ainda se sente pela personagem ter se tornado uma referência de trabalho seu como atriz. “Essa associação constante só continua evidenciando o grande sucesso que foi esse filme. A minha questão de ainda ser chamada de Marcelina muitas vezes por onde vou, nada tem a ver com ingratidão, pelo contrário. Esse é um trabalho que marcou a minha vida. É apenas porque ninguém escolhe ser atriz para que o público a reconheça por uma única personagem…então, ao mesmo tempo que é uma alegria as pessoas lembrarem da Marcelina e do filme com carinho, também vem alguma frustração, porque penso: “Nossa, já fiz tanta coisa depois disso, será que nada foi o suficiente?”. Não quero ficar resumida a um trabalho e à uma personagem”. E completa:

Ela está no audiovisual para além dos esteriótipos e tem um ano cheio de projetos: escrita de livro, palestras, lançamento de camisetas, sugador e turnê do monólogo (Foto: Renata Duarte)

Ela está no audiovisual para além dos esteriótipos e tem um ano cheio de projetos: escrita de livro, palestras, lançamento de camisetas, sugador e turnê do monólogo (Foto: Renata Duarte)

“Quando fiz Marcelina, embora eu já visse ali algumas coisas delicadas sobre a questão da gordofobia, era uma época em que não se falava de body shaming, dessa coisa de causar constrangimentos no outro através de comentários sobre o seu corpo. E o primeiro filme tem piadas que se olharmos hoje, percebemos como problemáticas. Nos longas seguintes, tanto o Paulo quanto o Fil Braz (roteirista), já colocaram outro tipo de olhar. E falo isso, não porque acho que a arte precisa ser politicamente correta o tempo todo. Tem uma amiga que diz: “A arte muitas vezes serve para mostrar a vida como ela é, e não como gostaríamos que ela fosse”. Ainda existem donas Hermínias e Marcelinas, mas acho que hoje, em 2025, se formos mostrar isso, precisa ser com um viés de conscientização, e não de legitimação de um constrangimento gerado. Acredito na comédia como uma ferramenta de crítica, de provocação, de reflexão. Só temos que pensar cada vez mais nas formas de abordagem”.

Quando comecei não tinha outras oportunidades que não as personagens estereotipadas. Isso foi necessário para continuar na profissão até hoje, e ter o espaço que eu tenho, para falar as coisas que falo. Pra me tornar popular e poder fazer a diferença – Mariana Xavier

"Acredito muito na comédia como uma ferramenta de crítica, de provocação, de reflexão. Só temos que pensar nas formas dessa abordagem" (Foto: Reprodução/Instagram)

“Acredito muito na comédia como uma ferramenta de crítica, de provocação, de reflexão. Só temos que pensar nas formas dessa abordagem” (Foto: Reprodução/Instagram)