Desde que o Talibã retomou o poder, um medo começou a pairar sobre as mulheres no Afeganistão, afinal, segundo um relatório recente da Unesco sobre educação apontava que o número de meninas na escola aumentou de quase zero para 2,5 milhões nos 17 anos seguintes à queda do Talibã. Com a volta do grupo ao poder, em agosto, o governo indicou que as mulheres teriam permissão para estudar, mas separadas dos homens. Um fator que é prejudicial ao processo de inserção social. Nutricionista, influencer brasileira e muçulmana Mariam Chami, participou do Pod Delas, transmitido no pelo YouTube, e há tempos já vinha realizando um trabalho para desmistificar o dia a dia das mulheres muçulmanas. “Sou formada em nutrição e já tive problemas para conseguir trabalho por eu usar o hijab, o lenço ou também chamado véu islâmico. E, depois, em uma rede de padarias, o dono foi me cumprimentar e expliquei que não pode haver toque entre homem e mulher, que não sejam familiares, e ele se sentiu ofendido”, revela Mariam Chami.
Muitas muçulmanas sofrem preconceitos para conseguir um emprego por conta das tradições. “O meu trabalho nas redes sociais não é converter as pessoas e que todo mundo vire muçulmano, mas, sim, ter menos preconceito em relação às mulheres muçulmanas. Muitas pessoas nos seguem nas redes sociais e, portanto, temos responsabilidade no que estamos falando e como queremos propor uma reflexão”, frisa.
Com mais de 640 mil seguidores em suas redes sociais, Chami contou sobre o seu casamento no Brasil, a sua trajetória de vida, a opção religiosa e respondeu perguntas do tipo se ela “toma banho com hijab” ou se “o marido poderia vê-la sem o lenço”. “O problema não é questionar, mas a maneira como fazem as perguntas. Quando você ofende não é mais uma dúvida e, sim, um ataque”, observa.
Miriam aproveita o momento para explicar o uso hijab e a sua importância. Segundo ela, Deus quis proteger as mulheres dos abusos feitos pelos homens desde sempre. E está lá no Alcorão, 33:59: “O Profeta! Diz às tuas esposas, às tuas filhas e às mulheres dos crentes, que se cubram inteiramente com seus mantos (quando saírem de casa). Isso é mais apropriado para que sejam reconhecidas e não sejam abusadas. E Allah é perdoador, Misericordioso”.
A influencer esclarece que por mais que seja uma ordem de Deus, deve ser uma escolha da mulher usar ou não. Filha de pai libanês muçulmano e mãe brasileira convertida ao islamismo, ela desde criança estudou em uma escola muçulmana e sentia acolhida, porém, ao ingressar na universidade se deparou
com uma realidade diferente que mostrava uma resistência à sua presença.
Mariam Chami brincou que o seu ‘casamento foi arranjado’ pelo Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, pois foi na da rede social que encontrou o seu marido Mahmmud Manshni. A conversa despretensiosa evoluiu para algo mais sério, respeitando todas as tradições do Islã impostas ao relacionamento, como, por exemplo, só se beijarem após casados. Apesar de morarem em cidades diferentes, ele ia todo o fim de semana para São Paulo visitá-la, porém, não podiam ficar sozinhos e ter contato físico, já que não é permitido na religião. Mariam está à frente do Restaurante Chami esfihas, no ABC paulista e já mostrou a sua culinária no programa ‘É de Casa’, da TV Globo, e em 2106, integrou o time de competidores do reality ‘Batalha dos Confeiteiros’, da Record, apresentado pelo cake boss Buddy Valastro.
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