*Por Brunna Condini
Maria Zilda Bethlem é conhecida pela autenticidade e coragem de falar o que pensa desde sempre. E, prestes a completar 50 anos de carreira em 2022, ela conta, em entrevista exclusiva, que, apesar de não abrir mão de ser exatamente quem é, tem buscado o equilíbrio ao se expressar e relacionar. “Muitas pessoas perguntam sua opinião, mas não estão preparadas para a sinceridade. Então, agora, me limito a opinar em situações que escolho. Acho que isso vem da maturidade. Sou muito contestadora, sempre fui, neste âmbito demorei um pouco para amadurecer (risos). Mas aprendi, achei o equilíbrio. A análise ajudou, fiz praticamente a vida toda”, divide, acrescentando: “O tempo também me amansou, era mais explosiva. Vamos vendo que poucas coisas têm importância. O fundamental é fazer o que se ama e amo meu ofício. E também ter saúde, amigos, ser amada e que as pessoas lembrem de você com amor quando você se for”.
Mesmo buscando o caminho do meio, ela segue contestando, se permitindo experimentar e se reinventando. Tanto que, desde maio de 2020, vem fazendo lives, que já chegaram a ser diárias, em seu Instagram. Maria conta que acredita que os bate-papos com colegas famosos agradaram tanto porque a motivação foi genuína. “Comecei as lives pensando em ajudar. Via as pessoas dizendo que estavam aflitas, angustiadas com a pandemia. Então, resolvi conversar por ali como um ato de doação. Fiz o ano todo, de segunda a sábado. Todo dia tinha um ator de primeira linha”, recorda sobre as conversas com colegas de profissão, como Elizângela, Lucélia Santos, Luiz Fernando Guimarães, Patricya Travassos, Cininha de Paula, Marcos Pasquim, Nelson Freitas, Mateus Solano, Marco Pigossi, Claudia Mauro, entre outros.
No entanto, no meio do caminho, a atriz teve sua conta no Instagram invadida por hackers e precisou interromper a comunicação nas redes. Acionando o Facebook e com a conta ativa novamente, Maria Zilda reafirma o prazer da comunicação direta com o público. “Não tenho saído de casa. Gravei há pouco tempo uma série em São Paulo, mas com protocolos sanitários rígidos. Esse vírus ainda está por aí. As lives me alegram e também às pessoas. Nelas fiz amigos com quem me correspondo até hoje. É muito gratificante. Comecei a fazer para as pessoas e, de repente, era parte desse grupo alegre, uma família que formamos ali no Instagram”.
Das lives, a atriz colheu o sucesso em sua versão influenciadora e de lá saíram também algumas revelações, como na conversa com Elizângela, em que as atrizes mencionaram o fato de que o canal Viva paga pouco em direitos aos atores pelas novelas reprisadas. Apesar das críticas, ela afirma que sua relação com a TV Globo, de onde está afastada desde 2016, quando fez a novela ‘Êta mundo bom!’, segue boa. “Eles não podem se queixar de mim e nem eu deles. Penso que as portas estão abertas. Fiz muitos trabalhos na Globo desde 1975, só novelas foram 30″, diz a atriz, que, recentemente, pôde ser vista nas séries ‘Magnífica 70‘, da HBO Brasil, ‘Chuteira Preta‘, do Prime Box Brasil, e ‘Pico da Neblina‘, da HBO Max. Todas gravadas antes da pandemia.
“O que me queixo é de como é feito esse pagamento de direitos autorais. O artista só tem seu trabalho como legado. Não adianta dizer que o canal Viva, por exemplo, não tem anunciantes, é pobre. A Globo não é pobre. No período de pandemia, tive quatro novelas na Globoplay reprisadas. O inconformismo é única coisa que podemos ter sobre algo que não achamos certo, mas uma andorinha só não faz verão”.
E não descarta voltar a fazer uma novela em breve. “Amo trabalhar, sou workaholic. Tenho feito séries, escrevi meu livro, ‘A Caçadora de Amor‘, com memórias e humor. Quero morrer trabalhando. Sou uma operária da arte, dependente do meu oficio para ser feliz. As coisas estão voltando, mas prefiro ficar quietinha ainda, por opção. Estou super vacinada, tomo muitos cuidados. Depois do carnaval, vamos ver como ficará o Rio de Janeiro. Se tudo correr bem, não terei problema em voltar às novelas se rolar um convite”, avisa.
Maria Zilda tem curtido as redes sociais, embora garanta que não é ‘rata’ de internet. No entanto segue atenta ao que é noticiado sobre ela e lamenta. “São publicadas muitas fake news sobre mim. Tenho um dispositivo no meu e-mail que avisa de tudo que sai mencionando o meu nome. Outro dia disseram que eu estava cega de um olho. Fiz uma live com a minha oftalmologista desmentindo. O que tenho não leva à cegueira”, esclarece a atriz, que já havia mencionado que tem degeneração da mácula, tanto no livro escrito em 2019, quanto recentemente em uma das lives.
Ela também aproveita para desmentir outra notícias falsa: recentemente foi divulgado que alguns artistas estavam colocando imóveis à venda por conta de questões financeiras, após terem perdido contratos com a Globo, e incluíram o nome dela. “Não tenho casa sobrando para vender. Morei em uma casa no Horto durante 35 anos, onde criei meus filhos. Eles foram para o mundo e a casa ficou grande para mim sozinha. Vendi minha casa e me mudei para um apartamento linear, que me atende muito mais. A pandemia fez a gente pensar no que é essencial para vivermos. Hoje também moro em um lugar que amo, arejado, com meus dois gatos”.
Sobre 2022, a atriz aproveita para enviar um recado aos leitores: “Meu desejo é que encontremos uma maneira de diminuir a diferença entre as pessoas. Repartir um pouco, amenizando o sofrimento de muita gente. Tem que haver generosidade e compaixão. Desejo muita saúde e prosperidade. E que os pobres fiquem menos pobres e os ricos ajudem quem precisa. Desejo paz no coração, paz de espírito, tolerância e paciência. Essa pandemia fez as pessoas ficarem mais impacientes, e não critico, foi muito duro. Mas vamos tentar ficar perto dos amigos, aprender a ajudar, porque vai ficar mais ameno com certeza. Feliz ano novo!”.
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