Marcello Camargo, filho de Hebe, nega haver recebido herança volumosa da mãe e volta detonar filme feito sobre ela


No ano que marca a primeira década do falecimento da grande dama do Brasil, a apresentadora Hebe Camargo (1929-2012), Marcello Camargo, seu filho único, diz em entrevista à influencer Joanna Maria, do canal homônimo no Youtube, sobre o filme “Hebe – A Estrela do Brasil”, de 2019: “Decepcionante, revoltante, um horror”. Ele afirma que sua mãe não o deixou nadando em dinheiro, embora tenha uma vida confortável. Com um canal na Internet chamado “Café com selinho”, o filho da diva parece querer seguir os passos da mãe

*Por Vítor Antunes

Hebe Camargo (1929-2012) pôde, durante a vida, viver o luxo e o glamour que não pudera vivenciar na juventude, quando era uma menina pobre que morava em Taubaté, interior de São Paulo. Em bate-papo no canal do Youtube de Joanna Maria, brasileira que mora na Islândia e faz o maior sucesso na web, o filho de Hebe, Marcello Camargo, diz que o glam não se encaixa em sua personalidade: “Sou mais humilde, modesto, moro numa cidade do interior [Santa Fé do Sul, em São Paulo]”. Veículos de comunicação informaram que a herança deixada pela apresentadora estaria avaliada em torno de R$ 60 milhões e que fora dividida entre Marcello e Cláudio Pessutti (1950-2021), empresário de Hebe por 17 anos e a quem ela considerava um filho. Algo que foi negado com veemência por Marcello:

Isso tudo é uma lenda! (…). Cadê essa herança toda? Se alguém achar, eu divido! Não existe essa herança toda – Marcelo Camargo

Em entrevista à youtuber, Camargo diz morar numa casa “que é boa, mas não tão grande” como a de sua mãe. Após triunfar na carreira, estando presente, inclusive, em momentos definitivos e históricos tanto da TV como da história do Brasil, a diva deu-se a chance de curtir o que lhe era de direito. O herdeiro explicou como compõe a sua renda atual, além de reiterar que a mansão da apresentadora, que aproveitou muito da residência enquanto viveu,  transformou-se num elefante branco: “Para vender é muito difícil. Eu tenho uma renda que ela deixou, óbvio, mas nada absurdo. Eu não vou para Nova York direto, por exemplo. A última vez que eu viajei foi em 2014. As pessoas acham que eu fiquei nadando em dinheiro. Minha mãe investiu tudo na casa dela!”, frisa Marcello Camargo.

Hebe Camargo, no SBT. Musa esteve no canal entre 1986 e 2010 (Foto: Lourival Riobeiro/SBT)

Camargo diz que sua mãe, a fim de aumentar o tamanho de sua residência, ia comprando as casas da vizinhança e anexando ao seu empreendimento, que era tão luxuoso como custoso. Após seu falecimento, a administração do imóvel coube ao seu empresário Cláudio Pessutti (1950-2021), que também era seu sobrinho. Marcello destaca que Cláudio encontrou dificuldades para manter uma casa tão grande: “O Claudio e a esposa dele, a Helena, suaram para mantê-la. Ele morreu em uma situação (financeira) bem complicada”, revela.

Marcello destaca haver sentido muito o falecimento de Pessutti, vitimado pela Covid-19. Segundo ele, o parente era seu porto seguro. Além de tudo, cabia a ele a administração do acervo da musa da TV, agora sob a custódia de duas pessoas de confiança da falecida apresentadora: parte de sua tutela ficou sob a administração da joalheira Lydia Sayeg, e outra, com Evaldo Pereira, amigo da família.

Marcello Camargo revela a realidade que enfrenta (Foto: Reprodução/Instagram)

E Marcello tem estado muito feliz com a repercussão do programa “Café com selinho“, que apresenta no canal homônimo, no YouTube, assim como na TV Aberta São Paulo, um canal comunitário da capital paulista, com a proposta de ter um conteúdo leve e ameno, em contraponto ao que é transmitido nos programas policiais. E bem ao estilo consagrado por sua mãe. Inclusive, o programa tem fundamental importância no show apresentado por ele. Uma fotografia da matriarca tem destaque no cenário, onde ele se propõe, também, a desmistificar algumas histórias relacionadas à musa da TV. Uma delas, relaciona-se ao nome de Hebe:

Há quem diga que o nome dela é Hebe Maria ou Hebe Maria Monteiro Ravagnani… Não! Na biografia dela saiu o nome errado, inclusive. O nome dela é Hebe Camargo, só – Marcello Camargo

A entrevista que concedeu com exclusividade à influencer Joanna Maria foi exibida no canal da comunicadora, que que reside com o marido na Islândia, mas vem sempre ao Brasil visitar a família em Vitória (ES). A esposa do islandês Ólafur Gíslason mora no país nórdico há 15 anos e desde então está casada com o engenheiro que é funcionário público naquele país. Em seu canal, ela compartilha conteúdos voltados ao lifestyle, moda, beleza e comportamento, além de, naturalmente, falar sobre características culturais da Islândia, país insular europeu onde vivem 343 mil habitantes. Está localizado na região norte do continente, a noroeste da ilha da Grã-Bretanha e a sudeste da Groenlândia. Tem como capital a cidade de Reykjavik e é cercado pelas águas do Atlântico Norte. E Joanna acaba de estrear um quadro no programa Estrelas na TV, da RedeTV! do Espírito Santo, gravado e editado por ela direto da Islândia.

Marcello Camargo em seu canal no YouTube (Foto: Reprodução)

DECEPÇÃO COM FILME SOBRE HEBE

Embora tenha aprovado com louvor o musical feito em homenagem à sua mãe, que fora dirigido por Miguel Falabella, e também haver tido muito apreço pela biografia literária escrita pelo jornalista Arthur Xexéo (1951-2021), Marcello não diz o mesmo do filme que homenageava – ou tentava homenagear – sua mãe, interpretada por Andrea Beltrão. Na entrevista concedida à influencer Joanna Maria ele fez duras críticas ao longa: “Na época entreguei os direitos pro Cláudio, e ele permitiu que fosse feito um musical lindo, assim como foi feito um livro, assinado pelo Xexéo. Achávamos que o filme seguiria nesta mesma sequência”. O herdeiro, que era filho único detalha seu descontentamento:

Achei decepcionante, revoltante. (…) Infelizmente o filme que saiu foi um horror. Não tinha nada a ver com a Hebe (…). Aquela (do filme) era totalmente fictícia. O longa foi uma surpresa para mim. E uma surpresa muito ruim – Marcello Camargo

Devido à sua insatisfação com o filme, que depois viraria série, Marcello viu-se tendo de fazer um workshop, uma palestra interativa, para lembrar a memória de sua mãe à sua maneira, sob a prerrogativa de “defendê-la doa a quem doer”. Muita gente poderia pensar “Ah, a Hebe deve estar feliz com o filme… E eu digo, Jamais! Eu conheço a minha mãe como a palma da minha mão e sei que ela deve estar indignada com o filme. Eu não posso permitir essa imagem dela. (…) Minha mãe odiava uísque, por exemplo”. No longa de Maurício Farias, a apresentadora aparecia sempre com um copo de bebida na mão, segundo seu filho.

Marcello relata à comunicadora naturalizada islandesa, não haver visto os cortes do filme, apenas o projeto finalizado. E decepcionou-se com o que foi entregue, especialmente por ser o filho único da diva e não vê-la representada adequadamente, a seu olhar. A “personagem” frustrou-o e não apenas a ele: “Pessoas próximas à Hebe também odiaram. (…) Aquela é uma Hebe vulgar, cambaleando (por estar alcoolizada). Jamais! Minha mãe gostava de beber em festas, mas não no trabalho. Ela tinha um enorme profissionalismo, não admitia chegar atrasada ou deixar o público esperando (…) bem como não jogaria um microfone no chão”. E prossegue:

O filme é uma antítese da Hebe – Marcello Camargo

Em outra ocasião, ao Jornal Extra, Camargo já havia tecido brutas críticas ao filme, em razão de haver nele uma discussão acerca de sua sexualidade, coisa que nunca aconteceu: “Nunca tive vontade de falar de sexualidade com ela”. A contrário do que também está presente na fita, Marcello dizia ter uma relação cordial com seu padrasto, Lélio Ravagnani (1922-2000): “Não éramos inimigos”.

“Hebe”: Filme decepcionou filho de apresentadora: “Um horror” (Foto: Divulgação/Globo Filmes)

AS BELAS MEMÓRIAS SOBRE A MÃE

Fora daquilo que se costuma atribuir à Hebe, atributos que, inclusive, abrem esta matéria, o filho da pioneira da TV fala, ainda na entrevista à Joanna Maria, sobre as memórias mais singelas que teve com a mãe. Uma delas, a última vez da apresentadora num estádio de futebol. Ela, torcedora do São Paulo, foi ao estádio do Morumbi apenas para ver o Neymar jogar na final do Campeonato Paulista daquele ano, 2012, ano em que viria a falecer. Outra, também relacionada ao futebol, disse respeito a um episódio em que, sendo Dia das Mães, o rapaz optou por ver a final do Campeonato Paraibano em vez de ficar com a mãe. Hebe não incomodou-se com o fato: “Quero que você seja feliz! Se você estiver feliz lá, estarei feliz aqui”, disse.

Outra lembrança que destacou foi a do aniversário de 80 anos da apresentadora, celebrado na Disney “Nós saímos no primeiro carro da parada da Disney! (…) Minha mãe trazia um vestido nas cores do Brasil, o motorista disse que ela não podia levantar, mas ela levantou, foi vista por fãs brasileiros e ovacionada. Foi a parada na Disney mais brasileira possível”, finaliza.