*Por Brunna Condini
A médica Marcela Mc Gowan ganhou notoriedade após sua participação no Big Brother Brasil 20, na TV Globo, e de lá para cá, se tornou apresentadora e uma bombada influenciadora digital. Tudo porque, desde que saiu do reality, a palavra de ordem da loura é experimentar. E é o que Marcela faz agora, ao lançar a sua empresa de sexual care, a Ludix. “Agora também sou empresária do ramo do prazer! O nome é a junção de lúdico com sexualidade. A ideia é começar a reescrever a história da sexualidade, sobretudo feminina. Então, além de produtos, os toys (vibradores), vamos reunir informações preciosas. Nas mulheres a celebração do prazer do outro costuma ser mais importante do que a celebração do próprio prazer. Mais de 70% delas têm alguma queixa sexual e a origem destas questões está muito enraizada. Precisamos rever esta estrutura, porque até agora o que sabemos vem de referências masculinas. Precisamos aprender novas referências. São dois extremos: Os homens até gostam de celebrar o prazer alheio, mas é um prazer à disposição deles. E as mulheres ainda têm muito registro de serem mais desejáveis do que desejantes”.
E revela: “Eu e Luiza (Martins, cantora e namorada) testamos todos os modelos! Essa é a melhor parte de abrir um negócio de sexual care: testar! (risos). É muito bom. Testamos muito para ver o que entraria na linha de produtos da empresa. Sério, eu e Luiza devemos ter experimentado uns 40 tipos de ‘brinquedos’ diferentes”.
Entendendo o sexo com naturalidade, como deve ser, e pretendendo derrubar tabus, Marcela acrescenta: “Foi bom ter a minha visão, de uma mulher bissexual, por exemplo, em que o recurso de penetração fazia parte do meu script sexual. E a da Luiza, de uma mulher que se considera só lésbica, em que o recurso de penetração existe, mas de outra forma. Então, ouvi-la foi muito importante também, saber o que funcionava, como, tamanhos, o que achava assustador, o que achava bom (risos). E isso, só experimentando, então testamos tudo mesmo, e só escolhemos o que achamos melhor”.
Orgulho de naturalizar o amor
Namorando há um ano e meio, ela e Luiza planejam se casar. “Já vivemos juntas, mas queremos casar, no papel. Tudo que eu achava cafona antes, hoje quero com ela (risos). Vestido de noiva, festa. Queria muito que fosse esse ano ainda, mas não vai dar tempo de organizar, então devemos oficializar no início do ano que vem”, entrega Marcela.
“Queremos uma família e até filhos. Era algo que eu não tinha vontade antes, mas, dentro do Big Brother, começou a despertar um desejo, vindo muito das conversas que tinha com a Ivy e a Fly, que têm filhos. Mexeu comigo e fiquei pensando que gostaria de sentir isso algum dia na minha vida. Virou uma vontade real, e a Lu também quer, então deve vir baby, sim. Pensamos em inseminação artificial e adoção. Tenho vontade de gestar e parir. A Lu tem zero vontade disso (risos). Poxa, fui parteira tantos anos, mereço trazer um ao mundo. E como uma gestação pra mim está bom, acho que depois adotaríamos”, divide.
E aproveita para destacar a importância do Mês do Orgulho LGBTQIA+. “Com a Luiza é minha primeira relação pública com uma mulher, mas já namorei mulheres antes. Só que minha vida sempre foi muito encoberta. Antes do Big Brother esse era o meu maior segredo da vida, guardava à sete chaves, vivia constantemente tensa. Ou reprimia desejos ou vivia isso de maneira escondida, muitas vezes machucando pessoas que estava me relacionando”, recorda.
“Então, precisamos de um mês de orgulho, primeiro para conscientizar as pessoas a respeito da homofobia, e de tudo que acontece por conta do preconceito. E também, para celebrar a possibilidade da gente ser quem se é. Porque é muito difícil não poder amar quem quisermos. Precisamos do mês do Orgulho LGBTQIA+ para darmos visibilidade à liberdade de amar, dar voz às causas importantes, para que normalizem a nossa vivência, a nossa existência”.
Marcela também faz questão de frisar: “Assumir minha relação com a Luiza foi quase uma autoterapia. Depois que assumi minha bissexualidade dentro do Big Brother, sai e percebi que não foi nenhum grande drama, porque achei que seria catastrófico, e talvez fosse, na vida que eu vivia antes do BBB. Falar disso nas redes, publicamente, tem a ver com a liberdade que senti, e também para que outras pessoas se sintam inspiradas a serem quem são”.
Liberdade para o prazer
A ginecologista e obstetra dá algumas dicas, para quem enfrenta resistência do parceiro ou parceira, para introduzir os sex toys na relação. “A dificuldade maior quando queremos introduzir apetrechos, é informação. Os casais não se comunicam muito sexualmente. Então, quando você quer entrar com uma ideia nova, e o outro não está aberto à comunicação, fica parecendo que a vida sexual de vocês não é satisfatória. É a isso que as pessoas associam. Tipo, se você precisa de ‘brinquedos’, é porque o que estou te oferecendo não é bom o suficiente. Neste caso, seria bom começar abrindo espaços de conversa sobre sexualidade, para ir quebrando as barreiras que existem”, orienta.
“Também sugiro começar com algo mais discreto e ir escalonando. Como por exemplo, um bullet, que é um estimulador clitoriano. Às vezes é menos assustador do que um recurso de penetração de cara. Principalmente para alguns homens, que acham que é uma competição com eles, e não é. Eles não vibram, certo? Então, é só mais um recurso que nós não conseguimos humanamente reproduzir, e pode ser muito interessante em relação ao autoconhecimento, troca, conexão. Quando for começar a estabelecer um diálogo sobre o assunto, tente não falar de cara de você, se acha que vai ter resistência do outro lado. Encaminhe uma matéria, uma mensagem, enfim, vai mobilizando recursos para essa comunicação, abrindo esse canal”. Pode aproveitar o dia dos namorados, namoradas, e dizer: “Você viu que a Marcela lançou uma marca de vibradores?”. Que tal, hein? Olha aí a dica”.
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