Um senhor de 78 anos de idade que sofria de problemas cardíacos estava internado no Hospital Santa Isabel, na Zona da Mata mineira, precisando fazer a troca de uma válvula. Só que o problema era maior: devido às suas condições clínicas, ele não poderia ser submetido à cirurgia tradicional e os médicos optaram por fazer a TAVI, um método seguro e com taxas de sucesso próximas a 100%. Aqui, outro porém, o paciente não poderia fazer a TAVI pela via femoral(virilha). Optou-se, portanto, por utilizar uma via alternativa para realização da TAVI, através de um pequeno orifício na ponta do coração. Nunca um hospital em todo o estado de Minas Gerais havia executado tal procedimento. Foi quando o Santa Isabel reuniu uma equipe de 11 profissionais de várias especialidades, médicos do próprio hospital em Ubá, da Santa Casa (Juiz de Fora) e do Albert Einstein (São Paulo): três hemodinamicistas, dois cirurgiões, dois ecocardiografistas e um anestesista e três técnicos de enfermagem. Em questão de poucas horas foi realizada, pela primeira vez em Minas Gerais, um implante valvar aórtica transcateter pela via transapical.
HT, que ficou sabendo da coragem e da novidade, foi atrás de mais detalhes. Antes, porém, é interessante citar que essa não é a primeira vez que o Santa Isabel sai na frente. Em fevereiro, os médicos realizaram o implante percutâneo de prótese aórtica balão-expansível. Dito isso, expliquemos com clareza o procedimento inédito: foi feita a implantação de uma prótese no local da válvula que deveria ser trocada pelo paciente, sendo necessária apenas uma pequena incisão no tórax para sua realização. Através desta incisão foi passado o introdutor que leva a válvula até a ponta do coração. Segundo Dr. Fábio Sandoli de Brito, especialista em hemodinâmica do Albert Einstein e que participou da cirurgia, o que merece destaque é sabermos que ali no Santa Isabel há todos os equipamentos necessários caso necessite novamente do procedimento. “Isso é muito importante, porque democratiza esse tipo de procedimento. Ao invés de ser concentrado somente nos grandes centros, em grandes hospitais, que isso possa se disseminar para outras partes do nosso país beneficiando pacientes”, comentou.
Além do ineditismo, o procedimento é um marco pelo pouco tempo de duração em que é feito apesar da medicina ser uma prática milenar. Para se ter uma ideia, a primeira cirurgia TAVI foi realizada na França em 2002 e hoje já são mais de 150 mil pacientes, no mundo todo, que foram tratados com esse tipo de procedimento. Em Ubá esse é o terceiro caso, sendo dois feitos pela via transfemoral, um pela via transapical – esse último pela primeira vez em Minas Gerais. E já que o Santa Isabel provou por a+b que é capacitado, chega a hora de um novo desafio: tornar o procedimento disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em entrevista, Fabiano dos Santos, presidente do Hospital, disse que a limitação não é por escolha da instituição. “Não é por que a gente não quis. É o Governo que ainda não tem verba. Mas, nós estamos aqui de prontidão para atender a todos os usuários do SUS assim como atendemos os particulares”, afirmou.
Fabiano, que classificou o corpo médico escalado para a cirurgia como de “alto gabarito”, garante que não vai parar por aí. “Vamos continuar com a nossa insistência e perseverança dando à Secretaria de Saúde do governo mineiro os documentos exigidos para que o hospital possa solicitar novo credenciamento ao Ministério da Saúde”, disse, acrescentando: “Nos deem esse presente, pois, assim fazendo, não estarão dando não só a nós, mas a todos os hospitais que dependem do convênio com o SUS”. HT torce para que o pedido de Fabiano seja atendido, até por que, ganha o povo, ganha o país.
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