*Por Brunna Condini
A campanha Janeiro Seco que acontece durante todo esse mês, traz conscientização sobre o uso de bebidas alcoólicas. A iniciativa incentiva as pessoas a reduzirem ou cortarem o consumo de álcool no início do ano. A campanha lançada em 2013 no Reino Unido, vem ganhando adeptos pelo mundo e tem como objetivo promover melhorias na saúde, equilibrar exageros e também fazer refletir sobre o papel da bebida alcoólica na vida de cada um, durante todo o ano. Convidamos Luiza Possi para falar mais detalhadamente da sua experiência com o álcool. A cantora já compartilhou como esse tipo de consumo de forma abusiva impactou em sua vida, e por isso mesmo, em fevereiro de 2025 ela completa um ano sem beber. ” A bebida começou a atrapalhar a minha rotina quando perdi o controle sobre ela, quando tudo que fazia era pautado na bebida. Quando era dia de show, eu bebia durante o dia, durante o show, depois do show. Bebia segunda, terça, bebia feliz, triste, sozinha, e isso roubava muito da minha atenção plena, do meu foco, da atenção com meus filhos, meu trabalho. Me deixava, quase que o tempo todo, fora de mim. Identifiquei que eu estava sendo consumida e não consumindo. Isso me incomodou muito, então tive que tomar uma decisão drástica, para cortar o mal pela raiz”, relata a cantora, que fez nesta segunda-feira (20) um procedimento de correção nas cordas vocais e nos deu detalhes:
“Já fiz esse procedimento há um ano e meio atrás e foi muito bom para mim. Ele sela qualquer qualquer fenda ou calo, fazendo com que as cordas vocais se encostem plenamente, e eu tenho esse histórico de ter fendas e calos. Então, deu muito certo junto com o acompanhamento da minha coaching vocal e meu otorrino. Não é um procedimento cirúrgico, e sim, um procedimento que é feito em consultório onde entra uma substância nas minhas cordas vocais que sela todo ou qualquer defeito para que elas se encostem plenamente. Devido aos shows feitos no ano passado, foi preciso selar novamente para que eu tenha um aproveitamento total das minhas cordas vocais”, esclarece a artista, que durante cinco dias precisará ficar em silêncio e sem atividades físicas: “Vou me comunicar com todo mundo através da Siri (risos)”.
“Não digo que nunca mais vou beber, mas precisei fazer um detox até me sentir apta a beber socialmente. Na verdade, não sei se vou voltar a beber, porque um hábito, quanto mais fazemos, mais queremos fazer. E como é um hábito social aceito facilmente nos perdemos dentro dele. Tenho tendência à compulsividade, então prefiro ficar sem”. E revela:
Não senti falta de beber, senti mais o preconceito das pessoas, que me perguntavam porque eu saia se não ia consumir álcool, como se a vida não tivesse graça sem bebida ou como se quem não bebesse não pudesse se divertir. No fundo, a gente pensa isso, as pessoas pensam isso, e quando você para de beber, desmistifica a questão – Luiza Possi
Casada com Cris Gomes, com quem tem os filhos Lucca,4, e Matteo, 3, ela fala sobre os danos do hábito em excesso. “O prejuízo principal foi para o meu organismo, mas também na percepção de que eu estava perdendo um pouco a infância dos meus filhos, da atenção nas coisas, deixando meus projetos de lado. Uma Campanha como o Janeiro Seco é muito importante, porque as pessoas consomem álcool sem pensar, sem medir a quantidade. Não percebem, que se beberem três vezes por semana, por exemplo, estarão bebendo 1/3 do seu ano, o que são 144 dias. Então, nestes dias você se dedica a uma atividade que pode ter consequências boas e ruins. E como eu fazia mais do que três vezes por semana, identifiquei que era um hábito mais frequente do que qualquer outro. Vi que não era isso que eu queria para a minha vida”.
Acho muito importante o Janeiro Seco, porque pelo menos durante um mês, as pessoas podem tomar consciência deste hábito. O que eu percebo de forma geral, é que cada vez mais tem gente querendo uma vida boa, comer bem, se sentir bem, até entre os jovens, várias pesquisas comprovam isso. Consequentemente, vão diminuindo o consumo da bebida alcoólica. Percebem que esse excesso atrapalha tudo, os relacionamentos, a família. O número de pessoas que morrem em acidentes de trânsito por conta do consumo do álcool é grande, tem muita gente que bebe de forma irresponsável. De todas as drogas, o álcool é lícito e isso deveria ser repensado – Luiza Possi
Vivemos em uma sociedade que estimula o hábito da bebida nos encontros, confraternizações e etc. Para quem deseja dar uma desintoxicada de bebidas alcoólicas, mas está encontrando dificuldades, e até sofrendo um certo ‘bullying’ dos amigos por isso, que conselhos daria? “Teve uma hora que parei de falar que não estava mais bebendo. Pegava um copo de água com gás, fingia que era uma gin tônica. Isso era mais fácil do que ficar comprando essa ‘briga’, justificando porque eu não estava bebendo”, confessa. “Eu e meu marido paramos juntos de beber, mas quando saímos e as pessoas ficam enchendo muito o saco, fingimos que estamos bebendo algo alcoólico, mas é água com gás. Aí acaba o assunto. Não precisamos dar 100% de informação para as pessoas”.
Saúde mental e espiritual
Estamos no mês de outra campanha importante, o Janeiro Branco, que promove a conscientização da saúde mental e emocional. Luiza compartilhou que trata uma depressão desde 2016, sofrendo também com crises de pânico, e conta como dividir suas experiências nas redes tem impactado a vida de outras pessoas. “Tudo que compartilho sobre saúde mental, prosperidade, espiritualidade, tem mudado muito a minha relação com as pessoas dentro da internet. Elas vem relatar suas experiências, gente que deseja parar de beber, que pretende se espiritualizar. Fico muito feliz, porque acho que nosso próposito no mundo é transbordar para a vida das pessoas, ajudar. Então, essa minha mudança de postura, de parar de fazer meme de bebida, por exemplo, para falar de coisas mais conscientes, tem auxiliado outras pessoas. Por consequência, ganhei uns 400 mil seguidores, quando todo mundo dizia que eu perderia, por sair do meu nicho”.
E conta como vem cuidando da própria sáude mental. “Continuo tomando remédio psiquiátrico. Nem gosto de ficar falando isso, porque as pessoas têm preconceito, querem que você pare. É engraçado, porque se eu tivesse um problema no coração ou diabetes, ninguém me falaria para interromper a medicação. Agora remédio para depressão, saúde mental, ninguém quer tomar e também não querem que os outros tomem”, reflete.
Sua transformação está relacionada a um encontro espiritual?
Sim. Hoje me descobri cristã, praticante da fé em cristo. Eu nunca havia conhecido Jesus antes. Sempre fui uma pessoa espiritualizada dentro de casa, passei pela religião espírita, pelo Candomblé, pela Umbanda. Mas tive um encontro mesmo foi com Deus, Jesus Cristo, e entendi o tamanho do seu poder. E realmente todo joelho se dobrará diante dele. Hoje vivo com Cristo na minha vida. Só não posso dizer que tenho uma religião, porque dentro de todas elas têm coisas que eu não aprovo, não gosto. Então, prefiro dizer que sou cristã praticante do que pertencer à alguma religião. Jesus é muito grande para caber em um ‘caixinha’ só. Minha religião é Jesus Cristo – Luiza Possi
E anuncia planos para 2025: “Tenho muitas músicas no forno para sair. E música nossa, do mundo, não é música gospel, tá? Não pretendo fazer carreira gospel. Acho que já existem muitos cristãos dentro da igreja fazendo isso. É muito legal pensar em levar a palavra de Cristo a lugares que ela provavelmente não chegaria. Talvez essa seja a minha função”.
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