Luiza Brunet acaba de voltar de Massachusetts, no EUA, onde recebeu uma homenagem por sua contribuição e ativismo no enfrentamento da violência doméstica. A certificação, como revelou a Folha, foi entregue pelo senador estadual James B. Eldrige durante um jantar de gala da ONG AME, que dá suporte para mulheres da comunidade brasileira na região no combate à violência doméstica. De volta ao Brasil e em conversa com o site HT, Luiza se posiciona, de fato, na posição de ativista social: “Minha missão é espelhar que a mudança é possível e que a vida de uma mulher não pode ser definida por um evento negativo”.
Usa, para tanto, seu próprio exemplo: em 2016 se separou do empresário Lírio Parisotto, dono da Videolar, com quem casou em 2013. O motivo, como se sabe, uma agressão sofrida dia 21 de maio, em Nova York. Segundo ela, Lírio lhe dera um soco no olho e uma sequência de chutes que lhe teriam quebrado quatro costelas. Em 5 de junho de 2017, o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o empresário a um ano de detenção pela agressão. A condenação determina que Lírio deverá ficar dois anos sob vigilância, sendo obrigado a cumprir serviço comunitário durante doze meses.
“O machismo está efetivamente ligado ao poder. Mas a Justiça foi feita, e é isso que esperamos dela: que agressores de mulheres no Brasil e no mundo sejam punidos com vigor. Afinal, a violência contra mulheres é uma epidemia global. Então, se inspirar mulheres a mudar a sua história é ativismo, eu me considero uma. Eu me considero apenas uma mulher que passou pelo que muitas passam, mas se calam ou continuarão caladas por medo ou circunstâncias culturais. De 2016 para cá, mudei integralmente ao entender que aquele evento nada mais foi que um insight do meu propósito de vida, que, agora, é fazer com que a mulher não fique refém de qualquer evento negativo e possa reeditar a sua história”, disse.
Luiza, então, tem feito palestras para conscientizar mulheres em torno de uma grande rede de apoio – até na Índia, aliás, ela já parou falando sobre violência doméstica, com uma rotina e um propósito de vida bem diferentes daqueles dos idos de modelo e rainha da Portela. “É uma nova fase para ser considerada uma voz forte no combate ao enfrentamento da violência doméstica. É um projeto realizado, inclusive saindo do Brasil para falar com imigrantes brasileiras. Este é um movimento importante que faz parte do meu novo projeto de vida”, frisou.
E o que ela tem raciocinado desde então? “Que infelizmente falta sororidade entre as mulheres – algo cultural. Existe uma mudança, mais ainda lenta. Do discurso feminista, aliás, me incomoda a busca pouco feminina dos objetivos reais da causa que são o respeito e a igualdade. Do jeito que está, no entanto, lógico que o movimento melhora. Toda exposição é válida. Porém precisamos de soluções das políticas públicas. Nas palestras, eu percebo que as violências que mais afligem as mulheres são as subliminares como a violência psicológica, patrimonial e sexual. O fato é que os homens suprimem todas as mulheres exercendo poder sobre elas. No contraponto, falo que a mudança é possível, que toda mulher pode sair do papel de vitimização e começar uma nova vida com seu próprio esforço, se conscientizando do próprio valor. É preciso revisitar sua história e ter orgulho dela”.
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