Lore Improta respira os ares do carnaval que está em contagem regressiva para ter seu início. Casada com o cantor Leo Santana, ela anuncia que vai retomar os bailes de carnaval que fazia antes da pandemia – como o Bailinho da Lore e o Baile da Aclamação – e este último tem por objetivo prover fundos para a subsistência da Casa da Irmã Dulce, instituto, em Salvador, que passa por dificuldades financeiras. Em entrevista exclusiva, a baiana fala sobre sua relação de amor com a Unidos do Viradouro, escola na qual desfila como musa desde 2018, época em que a escola de Niterói ainda estava no Grupo de Acesso do carnaval carioca. Com uma carreira consolidada, oriunda especialmente do sucesso que faz nas redes sociais, Lore revela como lida com os seguidores mais afoitos que abordam-na ou a seu marido de maneira mais invasiva e desabafa que superou o preconceito de que foi alvo com muito trabalho: “Hoje me veem como mais respeito, mas, já passei por preconceito, sim. Tanto por ser nordestina, como por ser dançarina. Hoje por conta da consolidação do meu nome do mercado, isso mudou”.
As pessoas têm sofrido muito com as pressões da internet, que é algo mais tóxico. A gente precisa cuidar da nossa saúde mental e fazer com que as relações com as redes sociais sejam algo bem tranquilo – Lore Improtta
Quanto à maternidade, Lore diz ter sido muito cobrada por haver experienciado o baby blue – instabilidade emocional de origem hormonal da mulher em seu puerpério -, além de relatar haver frustrado-se por não ter podido amamentar pelo tempo que almejava, em razão da diminuição de glândulas mamárias motivada por uma mamoplastia redutora. A loura comenta viver uma maternidade responsável e de atividades compartilhadas junto a seu marido e dispara contra as mulheres que se incomodam com o fato de ela viver uma vida além daquela circunscrita pela maternidade: “Há seguidoras que acreditam que nós, artistas, passaríamos de forma fácil pela experiência materna especialmente por sermos famosas e privilegiadas. Quando na verdade isso não se impõe. Trata-se de uma descoberta diária. As seguidoras se incomodavam com o fato de eu sair com meu marido ou trabalhar e falavam que eu devesse me anular como mulher por conta da maternidade, algo que nunca fiz”, dispara.
Eu consigo dar conta das coisas e ser feliz com a minha vida e em todas as esferas, mas uma das coisas mais desafiadoras é bater de frente nas batalhas e se segurar firme. Acho que as mulheres que são mais agressivas e ficam frustradas por verem a mim, querem estar fazendo o mesmo que eu e não podem. E eu não me abalo, ignoro elas. Sou a mulher que vai acompanhar meu marido, trabalhar e ser mãe e quem se incomodar que se mude! – Lore Improta
TUDO É CARNAVAL
Entre os projetos para 2023 que Lore anuncia, estão o Bailinho da Lore e o Baile da Aclamação. O primeiro foi lançado por ela em 2017 e interrompido por conta da pandemia. Trata-se de um baile de carnaval voltado para o público infantil. Já o segundo, uma festa “que tem como objetivo atender a Casa de Irmã Dulce que está precisando de ajuda. Estou bem ansiosa para que isso aconteça logo”. A previsão para este baile beneficente é de que ocorra no dia 23. Em paralelo, a artista vai realizar um bazar filantrópico, totalmente online, que consta de 3.000 peças e que deve acontecer depois do carnaval. A dançarina conta que as peças são todas femininas e lhe pertenciam, mas diz que as vestimentas não são restritas às moças “os homens podem usar também, caso sintam-se bem”.
Além dos bailinhos, o carnaval de Lore será, também vinculado à Viradouro. Ela será musa da escola e no dia 11 estará no ensaio técnico da agremiação niteroiense: “Estou na escola há muitos anos, desde 2018, e não estou em outra escolas do Rio ou de São Paulo. Eu sempre tive o sonho de participar do Carnaval do Rio, gostava muito de assistir pela televisão, ainda que sempre tenha estado nos festejos de Salvador”. Ela relembra que sua chegada à Viradouro veio de uma amiga, que disse que “eles estavam precisando de musas e se eu gostaria de participar. Adorei o convite e foi assim que comecei a participar do carnaval carioca. Temos até hoje uma relação de carinho e admiração e uma boa relação com a comunidade. Tarcísio Zanon, o carnavalesco, é um querido. O contato fez nascer uma relação de amizade e admiração”. O ano de chegada da moça na agremiação niteroiense é justamente o que sinaliza a reestruturação da escola, que recuperava-se de uma crise financeira e institucional. A Viradouro ascendeu ao Grupo Especial naquele ano e desde então se mantém na principal divisão carnavalesca, na qual fora campeã em 2020.
MATERNIDADE
A filha de Lore Improta, Liz, nasceu em 2021. Desde então, a artista passou a ter de lidar tanto com as questões inerentes à maternidade como com o trabalho e o matrimônio. Um desafio, mas que ela diz estar sabendo administrar. “Como lido com universos distintos, e por ser marinheira de primeira viagem, ajo de maneira equilibrada. Estudo quanto tempo vou ficar fora se casa, se vou precisar ou não levar Liz, já que tudo meu roda em torno dela. Divido as coisas com Leo e combinamos uma rotina e tem movimento dele também. Quando eu estava no “Dança dos Famosos“, por exemplo, ele ficava no Rio de Janeiro direto e fomos, assim, organizando nossas rotinas. Tem dado certo”.
A gente precisa se posicionar. Tem mulheres que abaixavam a cabeça e internalizavam isso e ficam infelizes. O ideal é que enfrentemos bravamente, que possamos ir atrás do nosso dinheiro e independência financeira. Minha ideia é de trazer essa força junto às minhas redes, influenciando positivamente as mulheres do meu ciclo e, assim, ajudando-as – Lore Improta
Ao dar à luz Liz, Lore passou por alguns reveses. Um deles foi o de ter convivido com a dificuldade de amamentar. Ela precisou fazer uma redução dos seios e explica “Eu sempre tive o sonho de amamentar, mas as reduções de mama que fiz acabaram diminuindo a produção de leite. De modo que só pude fazê-lo por cinco meses. Tomei tudo o que diziam ser bom para melhorar o aleitamento – chá, mingau, cuscuz e me dediquei para conseguir passar a fase inicial, aquela em que o seio racha e tudo o que a gente quer é alimentar a criança e consegui o possível. Entendi que foi parte do processo. Fui até onde pude e não me martirizo por isso”.
Durante a fase de dificuldades para a amamentação, Improta desenvolveu o baby blue, melancolia que se manifesta nos primeiros dias de parto, e que difere-se da depressão pós parto, que trata-se de uma tristeza mais intensa e duradoura. Lore diz que “minha tristeza se motivava por eu acreditar não ser capaz de dar conta dela. Eu não sabia o que estava acontecendo. Chorava por qualquer coisa e sem ter nem razão. Ficava com uma angústia, uma mistura de cansaço com o peso de ter de lidar de alguém. É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo”. Sobre a hora em que o baby blues se revelava mais presente, ela diz que “acontecia mais à noite – o que eles chamam de hora da bruxa”, diz. Segundo a artista, ela apenas precisou de acompanhamento terapêutico, sem precisar de medicação.
Em declaração para o Site HT a pediatra e obstetra Jéssica Pinha, salientou as diferenças clínicas entre o baby blue e a depressão pós-parto. Segundo a médica, “o baby blue não é uma doença propriamente dita. Acomete a boa parte das mulheres que tem bebês e trata-se de uma disforia do comportamento. Ou seja, elas ficam felizes por terem tido o bebê, mas se entristecem pela exaustão decorrente das adaptações do pós parto, do aleitamento e os processos que incorrem da maternidade. Ainda que ela fique mal, triste por um tempo, depois as coisas vão dando certo e se ajustando e ela entra nessa nova rotina os sintomas regridem, ela se adapta e tudo volta ao normal. É imprescindível que haja uma rede de apoio”.
A profissional da saúde aponta o que diferencia este quadro de um depressivo, que é muito mais intenso. “A depressão pós parto é uma doença grave de tristeza que pode trazer quadros mais graves de pensamentos homicidas e/ou suicidas e que precisam ser acompanhadas terapeuticamente, já que não trata-se de um quadro benigno. E estão em risco tanto a vida dela quanto a do bebê. Por óbvio, constatado esse sintoma e a não vinculação da mãe com o bebê, o psiquiatra deve entrar em ação com medicação e psicoterapia para entrar no processo de cura dessa pessoa”
O mais importante é reconhecer e procurar ajuda. Qualquer pessoa num processo de transformação e adaptação tende a ficar mais pra baixo e tem q procurar apoio. Tanto no baby blue, onde a mulher oscila momentos de bom e mau humor, quanto na depressão pós parto, onde há uma maior intensidade sintomática, há indicação de um apoio terapêutico. Desde a psicoterapia, como a limpeza do ambiente, do ambiente ou terapias como meditação e relaxamento. Mas a rede de apoio é, também, fundamental – Dra. Jéssica Pinha, pediatra.
Às vésperas de completar 30 anos, ela diz que é uma “virginiana chata”. E pensa somente celebrar a nova data sem paranoia de pensar em padrões impostos pela sociedade: “Tô ansiosa em fazer uma festa de 30 anos, junto à maturidade e à vitalidade que vem com o tempo. Não tenho crise com idade não, sou muito tranquila. Quero festejar mesmo”. Prossegue dizendo que “enquanto mulher, aprendo cada dia mais. E sendo mãe de Liz, quero que ela seja feliz, indepentemente de tudo. Quero ensiná-la a ser uma mulher empoderada de si, que respeite os seus limites, defenda o que acredite, seja respeitada em qualquer esfera, independente do tipo de relação que venha a ter – com mulher ou homem. E isso é o que queremos que ela leve pela vida”.
Hoje em dia temos várias mulheres se posicionando contrárias a essa glamourização. Tanto que eu mesma acordo e vou, do jeito que acordei, para a internet. Às vezes sem maquiagem nem nada. Não precisamos estar deslumbrantes a todo tempo. Temos que nos sentir bem da maneira que estamos nos olhando no espelho e sentirmo-nos gatas, lindas, massa e não querer parecer algo que não somos – Lore Improta
FOLLOWS, LIKES, VIEWS
Lore tem 14 milhões de seguidores. Atinge a um público tão grande quanto diverso. Segundo ela, o carinho é mais prevalente que o hate: “Eu não tenho muitos haters não. Recebo mais afeto mesmo. Quando há um comentário mais duro ou uma energia que não quero, eu bloqueio, não bato boca, não discuto. Entendo que que aquela pessoa não vive por um momento bom e que aquilo não tem nada a ver com a minha vida. Isso me dá mais paz de espírito”.
Além disso, a moça diz também lidar com naturalidade com os fãs mais audaciosos que agem de maneira mais afoita tanto para consigo como para com o seu marido, Léo Santana. “Eu sou tranquila com relação a isso. O assédio nas redes sociais não é algo que tira a minha paz. Entendo que trata-se de uma coisa de fã. Não brigo com Leo, não discuto, não bato boca nem nada. Às vezes eu leio comentários mais assanhados e respondo mentalmente ‘ele é meu’. Nunca passei por nenhuma situação de falta de respeito diante de mim, na minha frente”.
Confidencia que ambos têm uma relação de grande respeito e confiança. Tanto que possuem as senhas dos celulares um do outro e não lançam mão desse expediente para vasculhar a intimidade alheia. “Temos muita confiança em nós e mesmo tendo a senha do celular um do outro, entendemos ser necessário ter nossa privacidade. Confiamos muito um no outro. Eu sou muito segura de mim, não tenho problemas e não me abalo diante do fato de Leo ser assediado não”. Quanto ao assédio moral ou sexual, Improta diz nunca havê-lo vivido. E quanto ao preconceito, diz que este diminuiu por conta do sucesso nas redes sociais, como o Tik Tok.
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