Kelly Key, após câncer e Covid: “Toda experiência que faz ver como a vida é delicada muda a forma de caminhar”


Direto de Portugal, onde passa alguns meses do ano por conta de empresas do marido, o ex-futebolista e empresário angolano Mico Freitas, a artista comenta que contribui, no Brasil, com campanha de prevenção ao câncer de pele e faz questão de compartilhar até as adversidades com as pessoas. “É interessante saber que minha voz vai além da música ou de algum tipo de entretenimento que eu faça”, frisa a artista, que ainda precisa de uma alimentação balanceada “em função da minha doença autoimune (psoríase). Essa parte é mais difícil. Estive afastada dos treinos por ela, porque precisei perder peso”. Musa fitness nas redes sociais, divide ainda rotina de exercícios. E aponta: “Acho que os ‘padrões’ já estão acabando. Existe muita representatividade na rede, na vida, muita gente se encontrando em vez de estar copiando”, vibra

* Por Carlos Lima Costa

Desde seu estouro no cenário artístico interpretando o megasucesso Baba, que ficou conhecido como Baba Baby, a cantora Kelly Key sempre foi exaltada também por sua beleza e forma física. Nos últimos anos, se tornou musa fitness com o sucesso de seu canal no YouTube, onde começou mostrando a rotina de exercícios. Em papo direto de Portugal, onde está com a família, ela diz que, apesar do foco, discorda da forte cobrança estética imposta pela sociedade sobre as mulheres. “Acho que os ‘padrões’ já estão acabando. Existe muita representatividade na vida, nas redes sociais, gente se encontrando em vez de estar copiando. Acho que estamos em um caminho muito bom em relação a isso”, aponta ela, que somente ali tem 1,72 milhões de inscritos. No Instagram possui 8,6M de seguidores.

“Nos últimos anos mudamos um pouco o foco e permaneceu crescendo. Agora, em 2022, quero resgatar essa essência”, afirma ela que, mesmo após três gestações, sempre esteve com o corpo em forma. “Para mim, é bem tranquila a questão da estética! O chato é precisar me manter magra por conta da minha doença autoimune (psoríase)! Essa parte é mais difícil. Estive afastada dos treinos por ela, porque precisei perder peso. Depois deu um pouco de preguiça. Mesmo me mantendo ativa, os treinos de força me fazem falta. Agora, já estou no peso necessário e voltarei com tudo”, explica.

"Fiquei sem chão quando descobri o câncer de pele. Nunca imaginei que passaria por isso", frisa Kelly (Foto: Divulgação)

“Fiquei sem chão quando descobri o câncer de pele. Nunca imaginei que passaria por isso”, frisa Kelly (Foto: Divulgação)

A rotina de Kelly também foi alterada nos últimos anos por conta de um câncer de pele, diagnosticado no final de 2019, e pela Covid. “Fiquei sem chão. Nunca imaginei que passaria por isso. Até descobrir exatamente o que era e como seria o processo, foi difícil, porque uma das 5 lesões que ficava no rosto, no sulco nasogeniano, precisou ser retirada três vezes. Quando isso acontece, elas sempre vão para a análise. Quando voltava, o meu laudo dizia sempre ‘borda comprometida’. Assim, precisavam retirar mais, aumentando essa área. Quer dizer, o final foi chatinho. Ao mesmo tempo, cercada de bons médicos, fui ficando confiante e tive a certeza de que sairia dessa da melhor forma possível”, relembra. Na família, já havia histórico em relação a essa doença. O pai teve o basocelular, câncer de pele mais comum.

Por ter vivido a experiência, foi com orgulho e o desejo de alertar as pessoas, que à convite da MSD aceitou ser madrinha da campanha Dezembro Laranja, criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, em 2014, e que faz parte da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele. “É interessante saber que minha voz vai além da música ou de algum tipo de entretenimento que eu faça. Após retirar cinco lesões de pele e das emoções psicológicas vividas durante o processo, quis dividir essa experiência para ajudar na prevenção. Foi uma conquista participar desse evento que marcou minha cura e que serviu de alerta para tantas pessoas”, pontua Kelly, sobre a campanha cujo mote foi ‘Pode ser só um sinal ou pode ser um sinal de algo mais’.

A doença a transformou. “Todas as experiências que nos fazem ver como a vida é ‘delicada’ mudam nossa forma de caminhar. É importante termos atenção a cada surgimento de uma pinta, mancha grande ou pequena, ou que pareça uma espinha ou pequena ferida, que, às vezes, pode até coçar, e não cicatriza ou sempre vai e volta. Tudo isso pode ser um sinal de algo a mais”, enfatiza.

Kelly com Jaime Vítor e Artur, seus filhos com Mico Freitas, e a primogênita, Suzanna Freitas (Foto: Divulgação)

Kelly com Jaime Vítor e Artur, seus filhos com Mico Freitas, e a primogênita, Suzanna Freitas (Foto: Divulgação)

Depois do susto com o câncer, apesar de todos os cuidados, em dezembro de 2020, ela, o marido, o ex-futebolista e empresário angolano Mico Freitas, e os filhos do casal (Jaime Vítor e Artur) testaram positivo para Covid. “A pandemia foi uma loucura para todos nós! Perdemos a liberdade, as pessoas, o contato. No primeiro ano, não saímos de casa para nada. Depois, seguimos para Portugal, como fazemos todos os anos, e ficamos metade do período aqui, onde estamos agora”, relata.

No Brasil, vimos recentemente o embate entre as pessoas que defendem a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos e o governo que dificultou o início dessa imunização, prevista para começar este mês. Kelly é totalmente a favor da aplicação. “O Artur não tem 5 anos ainda. Mas assim que fizer vai vacinar como nós. O Vítor e meu marido já receberam a segunda dose e eu a terceira”, revela Kelly.

Mesmo passando boa parte do tempo fora do Brasil, ela está ciente e acompanha a polarização política que tomou conta do país. E revela o que espera de quem vencer a eleição presidencial que vai acontecer esse ano. “É muito difícil quando grupos se fecham em suas convicções e não estão dispostos ao diálogo. Eu pouco falo sobre política. Acredito que mais por cansaço mesmo! Agora, não tem como estar contente com o que a gente vê e escuta! Espero que o futuro governante nos surpreenda positivamente! A gente merece”, pontua ela, que considera importante o artista usar seu espaço na mídia e nas redes sociais para se posicionar, propagar temas relevantes e diminuir preconceitos.

"Espero que o futuro governante do Brasil nos surpreenda positivamente", ressalta a cantora (Foto: Reprodução Instagram)

“Espero que o futuro governante do Brasil nos surpreenda positivamente”, ressalta a cantora (Foto: Reprodução Instagram)

“Um posicionamento somado ao seu lugar de fala tem uma importância enorme”, aponta. E, em época de empoderamento feminino, onde as mulheres se colocam, têm voz, denunciam assédios, agressões, mas que mesmo assim, o machismo ainda é forte, ela frisa que já vivenciou a questão machista. “Todas nós já vivemos algum episódio na vida! E é uma pena que ainda hoje seja a realidade de muitas mulheres! Seguimos unidas e cada vez mais fortes. Pessoalmente, sigo com a maneira que eu e meu irmão fomos criados pelos meus pais. Além disso, dentro de casa temos um diálogo aberto! Cada um tem suas obrigações independentemente de gênero, além do respeito uns pelos outros. Acredito que esse espelho de casa reflete neles”, diz ela, mãe ainda de Suzanna Freitas, do relacionamento com o cantor Latino.

"Acho que eu e o Mico não teremos outro filho. Mas não digo que estou certa disso", diz Kelly (Foto: Reprodução Instagram)

“Acho que eu e o Mico não teremos outro filho. Mas não digo que estou certa disso”, diz Kelly (Foto: Reprodução Instagram)

Aos 38 anos, sendo mãe de três filhos em idades que demandam necessidades diferentes, Kelly ressalta que “sempre foi bem complicado conciliar” a carreira com a maternidade. Mesmo assim, não descarta aumentar a prole. “Eu amo ser mãe e esse espaço entre eles. Foi muito gostoso curtir com calma cada etapa da vida deles em momentos diferentes. Acho que não teremos outro filho. Também não digo que estou certa disso. À princípio ficamos com os três”, diz ela. O marido da cantora é herdeiro do Grupo Cosal – responsável por investimentos em diversas áreas, incluindo a produção de automóveis de luxo na África e a posse de diversos hotéis em todo continente.

Sobre o fato de estar passando muito tempo em Portugal, Kelly assegura que não se mudou para o país europeu. “Ainda não, mas estou de fato um longo período por aqui. Na verdade, tenho casa em Portugal, Brasil e Angola, onde meu marido, Mico, nasceu. São três países para os quais viajo todos os anos. Temos empresas nesses países e nos últimos anos elas cresceram muito. Por isso precisamos estar mais presentes neles nos próximos anos”, explica.

E conta um pouco sobre seu cotidiano em Lisboa. “Por aqui levo uma vida como amo, tranquila e sem precisar deixar de trabalhar com comunicação. Alimento minhas redes, vou à reuniões que não são relacionadas à entretenimento, pois tem mais relação com outros negócios. E como só tenho alguém que me ajuda em casa três vezes na semana aproveito para cozinhar. Eu amo. Meus meninos ainda estão estudando de forma online, então, algumas vezes, fico com eles dando um suporte. E acordo cedo para treinar e como mais do que devo”, relata.

A ideia é viver alternadamente entre três países. “A ideia é viver de lá para cá, Angola, Brasil, Portugal, conforme a necessidade”, observa ela, que em Lisboa não tem feito shows. “Apareceram uns convites para shows nos três países. Mas meu lado profissional está focado nas minhas redes (YouTube, Instagram, TikTok). Também estou estruturando uma ideia de plataforma de vida saudável”, finaliza ela, que tem vontade de voltar a apresentar um programa na televisão.