*Por Brunna Condini
Ontem, no BBB21, Arthur, Caio, Carla Diaz e João Luiz disputaram a preferência do público. Mas foi um paredão bom: o participante mais votado, Carla Diaz não foi a mais votada para ter a oportunidade de ficar em um quarto secreto, onde poderá acompanhar tudo que acontece na casa e o que os integrantes falam após sua saída. Informação é poder, meus caros. Ponto para quem foi o ‘eliminado’ da noite. Fato que o público não acredita que nenhum dos que foram para este paredão aproveitaria tão bem a chance como Juliette. A torcida na internet foi grande para que a advogada e maquiadora fosse para a berlinda, mas não deu. Ela anda deslocada na casa, mas aqui fora já tem 13 milhões de seguidores em suas redes sociais, fazendo história no reality show ao ultrapassar (e muito) Thelma, a ganhadora do BBB20, hoje com 6,2 milhões, e todos os participantes das outras edições.
Ao que parece, o G3 formado por Juliette, Sarah e Gilberto vem ruindo mesmo. O trio vem se distanciando e divergindo de posicionamentos no jogo. A gota d’água foi na segunda-feira, durante o Jogo da Discórdia, quando a maquiadora se sentiu ‘esquecida’ como primeira opção de preferência. Se antes os espectadores torciam pelo G3 na final, agora essa parece uma opção difícil de se concretizar. Juliette ficou sentida com a exclusão e não escondeu. Aliás, ela não costuma esconder sentimentos, talvez seja por isso que ganhe cada vez mais a preferência do público.
A paraibana Juliette Freire tem conquistado os brasileiros com seu jeito espontâneo e autêntico. Ela não se deixa levar pela maioria e assume posicionamentos com empatia no confinamento. Famosos fazem torcida pela sister, marcas já a desejam como garota-propaganda, como foi noticiado recentemente, e a carreira como cantora tem grande chance de emplacar. Juliette parece mesmo ser a favorita hoje a levar o prêmio de R$ 1,5 milhão.
Sincera, ela aconselha e briga, como só aquelas ‘melhores amigas’ na vida fazem. Além disso, tem uma história que gera identificação com muitos brasileiros: sua mãe, Fátima, trabalha desde os 8 anos e já foi até auxiliar de pedreiro, como vimos no programa que celebrou o Dia Internacional da Mulher. Criou três filhos e quatro enteados, e juntou dinheiro cortando cabelo por 20 anos até comprar a primeira casa. A filha Juliette a ensinou a ler e a escrever. Emocionante e verdadeiro. Quantas Fátimas e Juliettes reconhecemos pelo Brasil afora?
Juliette também não é implacável em seus julgamentos no BBB21. Aliás, ela procura não julgar, estabelece conexões naturais com os outros participantes, inclusive não-aliados, se mostra disponível para ajudar, é sensível para ler as pessoas, ou seja, carrega empatia e entende que cada um ali tem uma história. Erra, acerta, grita, chora, se desculpa e procura aprender. A trajetória dela mostra crescimento, amadurecimento, mesmo neste pequeno recorte de ‘vida real’.
“Uma das mais célebres filósofas e feministas do século passado, Simone de Beauvoir tem uma frase icônica: “Ninguém nasce mulher, mas se torna mulher”. Adaptando à realidade de Juliette no BBB, podemos dizer que ninguém nasce vencedora, mas se torna uma. Juliette não era favorita nas primeiras semanas. Foi considerada por muitos chata e inoportuna por dar em cima do Fiuk insistentemente, por falar demais, por não saber o momento de se colocar, por fazer dramas pela casa.
Mas tudo virou a seu favor a partir do momento que encontrou uma adversária, no caso ainda Karol Conká, que zombou de seu sotaque. Daí em diante, Juliette cresceu e apareceu no jogo. Deixou de lado o jeito ‘coitadinha’ de ser, e passou a se impor. Às vezes sem aliados, o que lhe confere um jeito individualizado de encarar a convivência da casa. Mas é aquele ditado, ‘antes só do que mal acompanhado’. No caso dela, estar sozinha lhe confere mais humanidade”, analisa o pesquisador e especialista em teledramaturgia Valmir Moratelli.
Segundo ele, “hoje Juliette é uma das favoritas, fazendo frente à Sarah, que perdeu o posto de provável campeã para muitos ao soltar ‘o impensável, o intolerável’, posicionamento político favorável com relação ao presidente Bolsonaro. Algo considerado por grande parte dos espectadores inconcebível diante da pandemia desenfreada e do negacionismo que está custando a vida de milhares de brasileiros, entre outras atrocidades sobre o uso de máscaras, vacinas e vidas. Sarah pode até recuperar o posto, mas não ganha o programa apenas com a torcida dos que são pró-governo. Já Juliette tem a seu favor os votos da esquerda e do centro. Diria que o BBB começa a refletir o que teremos pela frente até 2022. Quem quiser ganhar que seja como Juliette. Enquanto isso, ela segue firme no processo de Beauvoir. Não nasceu pronta, está longe de estar pronta. E que bom que seja assim. O processo de mudança diária é seu maior trunfo. Errando e acertando, mas sem fazer pacto com o inimigo”.
Artigos relacionados