Juliana Paes promete surpreender os telespectadores que estiverem ligados na série “Dois Irmãos”, que tem estreia prevista para o dia 9 de janeiro na Rede Globo. A atriz, que estava afastada das telinhas desde “Totalmente Demais”, embarca agora em um polêmico drama familiar, adaptado da obra homônima de Milton Hatoum, e dirigida pelo gênio Luiz Fernando Carvalho, homem por trás das filmagens de “Velho Chico”. Na trama de dez episódios, ela será a bela, vivaz e dominadora Zana, uma jovem de origem árabe mãe dos gêmeos Omar (Enrico Rocha/Matheus Abreu) e Yaqub (Lorenzo Rocha/Matheus Abreu), por quem será capaz de atitudes extremas e por diversas vezes de gosto duvidoso. Na fase madura, Eliane Giardini interpretará a matriarca, e Cauã Reymond dará vida aos irmãos. Em entrevista ao HT, Juliana falou sobre os desafios de embarcar neste conto e ainda defendeu a personagem.
“Pode parecer polêmico, mas é fato que uma mãe pode ter mais afinidades, sim, por um dos filhos. Eu acredito que o amor seja igual, porque realmente não tem distinção. É algo inexplicável. Mas as questões de empatia e afinidade são muito pessoais. Depende muito da personalidade dos envolvidos. Isso é amar mais? Não sei. Eu acho que é possível amar igualmente, desejar a mesma coisa e se dedicar a um filho tanto quanto outro, mas afinidade é diferente de amor. Eu entendo a Zana até certo ponto. Agora, no caso dela, eu acho que ela criou uma loucura na cabeça, por um deles ter nascido com um problema e ter precisado de mais cuidados”, avaliou a atriz, que também é mãe de dois meninos, Pedro de 5 anos, e Antônio, de 3. E, ela ainda brinca revelando que na casa de seus pais a coisa funciona bem diferente. “Eu tenho uma ligação de outras vidas com meu pai. Eu conto coisas para ele que não falo para ninguém, mas a queridinha é a Mariana. Tudo é Mariana”, disse, aos risos.
Começando a flertar com produções de época, já que sua primeira foi em “Gabriela”, a atriz embarca diretamente para uma Manaus de 1920, com uma identidade cultural tão difusa quanto a nuvem de idiomas que pairava sobre o porto da capital amazonense. Entre o vaivém de imigrantes que dominava o espaço naquela época, um drama familiar estrelado por Cauã Reymond, será o epicentro dessa produção. “A gente está esperando há mais de um ano para ver esse produto no ar. A ansiedade é total. Nós atores estamos acostumado a gravar e a ver o produto diretamente no ar. Mas como já está tudo pronto vai ser delicioso assistir com esse distanciamento”, comentou ela, que vê com bons olhos essa nova forma de fazer tevê. “Acho isso maravilhoso. Tudo deveria ser assim. Porque é muito complicado no meio da obra o autor ter que mudar o rumo dos personagens por conta da resposta do público. Assim ficamos fiéis ao plano artístico da história”, ponderou.
Como a maternidade é algo intrínseco a sua trajetória, Juliana comentou que durante as gravações se questionava o tempo inteiro os motivos que levaram Zana a praticar a predileção por um dos filhos. No entanto, desistiu do processo no meio do caminho. “A preparação foi muito intensa e durante os três meses que a gente passou juntos eu me questionava muito sobre as escolhas dessa mulher. Ela tem uma afinidade mais forte com um deles, mas também existe algo um pouco mais denso, uma certa paixão, uma coisa até de pele, que é um assunto um pouco mais delicado e tabu nessa história, e o que eu achei no final das contas era que eu não tinha que entender isso”, disse, aos risos, descartando a rejeição do público através das insinuações de um possível incesto entre os personagens. “Esse é um componente muito coadjuvante. A gente não mergulha nisso. Existe algo de um olhar mais intenso de uma mãe para os filhos. Não existe sexualidade explícita entre eles. É tudo insinuado para que o leitor e o espectador tenham suas interpretações”, disse.
E, esse processo de gravação foi bastante duro e longo para Juliana. Além de todos os questionamentos que surgiram em sua mente, a artista ainda tinha acabado de dar à luz ao pequeno Antônio. Momento que rendeu um desdobramento ainda maior para ela. “Lá em casa o Pedro sentiu muito ciúme com a chegada do Antônio. Na verdade essa minissérie foi emblemática e difícil para mim nessa medida. O Antônio tinha acabado de chegar, quando começamos a gravar. A gente estava naquele momento muito apaixonado pelo Pedro até que chegou outra pessoa. Então aprendi a me dividir ainda mais”, revelou ela, que acrescentou um fato um tanto quanto curioso nesse empreitada. “Eram umas nove horas de workshop e eu não podia levar os meninos, claro. Eu trabalhei fazendo milk delivery. Eu tirava leite para mandar para casa”, disse, aos risos.
Sucesso absoluto como atriz, Juliana Paes esteve recentemente no ar também com a reprise de “Laços de Família”, no canal Viva, primeira novela em que trabalhou na televisão. De lá para cá já se passaram 16 anos de uma belíssima carreira. Entretanto, ela garantiu que não mudou muita coisa. “Envelhecer é perceber que você não tem mais a energia de fazer as mesmas coisas de antes. Mas acho que continuo a mesma menina do começo, que gostar de estar com as pessoas, conversar, ir para o Projac e está genuinamente sorridente”, completou.
Ela reclamou da disposição, mas a energia é tanto que ainda sobra espaço para mais um projeto na televisão. Juliana contou que segue escalada para próxima novela de Glória Perez, “A Força do Querer”. Segundo ela, a personagem da atriz será inspirada em Bibi Perigosa, mais conhecida como ex-Baronesa do Pó. “A personagem é inspirada em uma história real. É uma menina de classe média que se apaixona pelo dono do tráfico. Ela fica tão envolvida com esse universo que acaba assumindo esse business”, disse. “Eu acredito que o ser humano é algo muito complexo. Às vezes a vida fora das regras e fora da lei acaba exercendo um certo fascínio na cabeça de uma jovem. Essa vida clandestina, somada a esse poder que esses homens têm acabam atraindo esse tipo de mulher. Eu não posso dizer que ela é uma vilã. Talvez ela seja uma mulher iludida”, completou. Alguém duvida do sucesso desses personagens?
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