Isabelle Nassar celebra papel inédito em ‘Dona Beja’, novela HBO Max, e aponta desafios da maternidade há 13 anos


Diferente das suas últimas personagens no audiovisual, mais densas, a atriz vive agora em ‘Dona Beja’ a cigana Olívia, que permite que ela explore sua sensualidade e potência feminina. “Ela me desafiou em um lugar de muita força, sensualidade, coisa que eu nunca havia experimentado assim, e que talvez possa ter até ficado adormecido por causa da maternidade. Estou adorando”, diz, sobre o trabalho na produção prevista para 2025. Isabelle é mais uma convidada da nossa série ‘Tudo o que eu queria te dizer’, e compartilha aqui a sua experiência de ter sido mãe de Maria aos 22 anos. “Enfrentei vários desafios. O desafio de ser uma menina artista querendo ser artista, tendo que cuidar de uma outra menina. E uma sensação de que eu havia falhado. Não sei se toda mãe sente isso, mas senti muito isso quando engravidei. Eu falhei ou não. Eu não consegui, né? Eu não consegui terminar de estudar, fui mãe antes, e isso foi um desafio que me pegou muito e profissionalmente. Eu lembro. Mas a vida é tão surpreendente, a vida é tão maravilhosa, a vida é tão, tão a vida, tão vivida, que ela vai acontecendo. Já se passaram 13 anos, e talvez o que eu tenha mais segurança na minha vida hoje em dia, seja a minha maternidade”

*Por Brunna Condini

Muita vida para poucos anos. Ou toda a vida que cabe em seus poucos anos. Assim tem sido para Isabelle Nassar ao longo da sua trajetória, e a maternidade tem papel protagonista em sua biografia de 35 anos. Deles, 13 tem sido compartilhados com a filha Maria, de quem e para quem fala hoje em nossa série ‘Tudo o que eu queria te dizer’ , que tem foco nas experiências plurais da maternidade. Depois de viver Sara em ‘Travessia'(2023), da TV Globo, ela acaba de dar vida à cigana Olívia em ‘Dona Beja’, novela HBO Max, com previsão de estreia no início de 2025. “Finalizei as gravações na última sexta-feira. É uma personagem completamente diferente daquilo que eu fiz a minha vida inteira, me desafiando em um lugar de muita força, sensualidade, coisa que eu nunca havia experimentado assim, e que talvez possa ter até ficado adormecido por causa da maternidade. A Olívia me desafia num lugar de feminilidade…é uma explosão de vida, de energia. Uma menina que me convidou a revisitar esse lugar um pouco esquecido. Estou adorando isso!”, observa a atriz.

Enfrentei vários desafios. O desafio de ser uma menina artista querendo ser artista, tendo que cuidar de uma outra menina. Uma menina cuidando de uma outra menina. E uma sensação de que eu havia falhado. Não sei se toda mãe sente isso, mas senti muito isso quando engravidei. Eu falhei ou não. Eu não consegui, né? Eu não consegui terminar de estudar para ser atriz, fui mãe antes, e isso foi um desafio que me pegou muito e profissionalmente. Eu lembro – Isabelle Nassar

Aos 35 anos, Isabelle Nassar aponta os desafios de ter se tornado mãe de Maria há 13. E também celebra papel fora da sua curva de personagens em 'Dona Beja', novela HBO Max (Foto: Divulgação)

Aos 35 anos, Isabelle Nassar aponta os desafios de ter se tornado mãe de Maria há 13. E também celebra papel fora da sua curva de personagens em ‘Dona Beja’, novela HBO Max (Foto: Divulgação)

Ela se tornou mãe solo de Maria aos 22 anos. Antes disso, foi modelo, chegando a morar aos 16 anos em Pequim, na China. Depois modelou na Ásia e em países da Europa. Após o nascimento da filha, fez duas faculdades de interpretação com ela a tiracolo. A maternidade precoce não travou os sonhos de Isabelle, mas ela entendeu desde cedo a solidão contida no caminhar da dupla. Pelo menos até o encontro com o marido, o empresário Alexandre Carvalho. “A maternidade nos visitou muito cedo. É uma outra experiência, porque é um movimento da vida. Acredito que na verdade, você nunca está preparada para ser mãe. Ela é um acontecimento muito genuíno. Cada um sente de uma forma, mas eu de fato não estava preparada para ser mãe. E ela me visitou nessa juventude”, recorda.

Isabelle Nassar posa com a filha Maria, de 13 anos (Foto: Acervo pessoal)

Isabelle Nassar posa com a filha Maria, de 13 anos (Foto: Acervo pessoal)

Sobre a construção de um caminho profissional, ela conclui.  “Tudo o que vivi me levou à carreira. Eu era uma menina nas aulas de teatro na faculdade de Artes Cênicas. E lembro dos olhares enviesados. Como se eu não tivesse legitimidade para ser mãe. E talvez não tivesse mesmo, talvez”. E complementa com honestidade sua reflexão:

Mas eu não tenho até hoje a legitimidade para ser mãe. Talvez a maternidade tenha acontecido para mim. Eu acatei ela, aceitei e a gente vai construindo esse caminho juntas, né? Então, tem esse desafio, essas sensações dessa menina artista querendo ser artista, querendo conquistar o Rio de Janeiro e tendo esse impulso para trás. Tive que cuidar, maternar, e ao mesmo tempo lidar com esses olhares, essas sensações – Isabelle Nassar

Isabelle Nassar caracterizada como a cigana Olivia em 'Dona Beja' (Foto: Reprodução/Instagram)

Isabelle Nassar caracterizada como a cigana Olivia em ‘Dona Beja’ (Foto: Reprodução/Instagram)

Sem idealizações, mas com muita ternura na construção da mãe que vem se tornando e da relação com a filha, Isabelle divide. “A vida é tão surpreendente, a vida é tão maravilhosa, a vida é tão, tão a vida, tão vivida, que ela vai acontecendo. Já se passaram 13 anos, e talvez o que eu tenha mais segurança na minha vida hoje em dia, seja a minha maternidade. É o que desenvolvi junto com a Maria, e não foi nem um pouco planejado, imposto. Foi se dando uma relação de muito afeto, de muita confiança. Minha filha é a coisa mais delicada que eu tenho, mais importante. Ela é o lugar que eu transito com mais segurança. E já está com 13 anos. As coisas correram muito bem a partir de então, para sempre. Mesmo com as dificuldades”.

"Enfrentei vários desafios. O de uma menina artista querendo ser artista e tendo que cuidar de uma outra menina. Uma menina cuidando de uma outra menina" (Foto: Acervo pessoal)

“Enfrentei vários desafios. O de uma menina artista querendo ser artista e tendo que cuidar de uma outra menina. Uma menina cuidando de uma outra menina” (Foto: Acervo pessoal)

Embora já viva uma maternidade mais madura hoje, a artista não descarta viver novamente a experiência. “Não sei se eu pretendo ter mais filhos. Tenho muito essa dúvida, então o que eu penso agora aos 35 anos, é em congelar meus óvulos. Quando a Maria nasceu eu tive que dar um passo para trás na minha carreira, porque não tinha rede de apoio. Agora, ela está crescida, as coisas estão fluindo. Eu não penso, óbvio, em parar agora, apesar de ter uma relação estável. O que penso é que a tecnologia pode nos ajudar, por isso no ano que vem pretendo congelar meus óvulos”.

Outras versões

No combo dos planos e novidades, Isabelle, que é uma artista multidisciplinar que desenvolve seu viés artístico entre as artes cênicas e a poesia, também se uniu este mês ao Studio Safe Art, um espaço de criação formado pelas artistas plásticas Sabrina Corrêa e Fernanda Botelho, para criar a coleção A(fe)to.s , uma expressão artística que celebra o feminino. A atriz, que está com um livro de poemas em fase final, foi convidada a assinar uma coleção de toy art para a Safe Art com seus poemas. “Você consegue a partir da escrita, fazer com que outras pessoas te entendam. A coleção A(fe)to.s é uma junção de arte visual e poesia, que são tanto as emoções que nos envolvem, quanto as capacidades que possuímos para sermos afetados de inúmeras maneiras. Esses afetos desempenham um papel crucial em nossa relação com o mundo, moldando nossa busca por entendimento e alegria’, diz, sobre a collab composta por 10 peças.

Isabelle entre Sabrina Corrêa e Fernanda Botelho do Studio Safe Art, com uma das 10 peças da collab de toy art criadas entre elas (Foto: Divulgação)

Isabelle entre Sabrina Corrêa e Fernanda Botelho do Studio Safe Art, com uma das 10 peças da collab de toy art criadas entre elas (Foto: Divulgação)

Carta para Maria

“Meu amor, hoje o dia amanheceu sol. Você já acordou e se arrumou sozinha para o colégio. Como você cresceu. Parece que foi ontem que aquela mãozinha corria no meu colo procurando abrigo. Acordou, penteou seu cabelo, escovou seus dentes, e foi esperar a van chegar. Comprometida com a vida. Ás vezes eu queria entender exatamente o que passa no seu coração. Queria que você conseguisse ouvir o meu.

Quando você chegou, há 13 anos, eu não sei se estava preparada para ser mãe. Aliás, nunca saberei se serei boa o suficiente. Eu tinha medo. Medo de não gostar de mim, medo de não conseguir te dar o que você merecia. Medo te deixar faltar alguma coisa. É como se eu não tivesse legitimidade para ser mãe, talvez eu não tenha mesmo.

Ser mãe é subverter o tempo. É como se um fragmento de você passasse a existir. A vida pode parecer um pouco rígida. Fazemos coisas diariamente e temos a sensação que não têm sentido por trás, mas acredite, existe muito sentido por trás. A vida tem sentido. Você é o sentido.

Eu desejo que sempre seja sol para você, que você tenha bons amigos e escute a melhor música que possa existir. Desejo que você encontre o final do arco-íris, que você faça o seu próprio caminho. Desejo que a vida seja repleta de coisas boas para você, e desejo, principalmente, que você realize todos os seus sonhos e aqueles que você não consiga realizar, entenda que faz parte do desafio. Desejo que você nunca desista de você.

Nunca desista de ser quem você é, nunca perca a fé na vida, a esperança nas coisas, a curiosidade no mundo, o valor do abraço, a libertação do choro, o prazer da risada, desejo que você nunca deixe de ser você.

Que o mundo sempre sorria para você,
Assim como você sorri para o mundo.
E sim, a vida é gostosa. Pode acreditar.

Obrigado por existir.
Da sua mãe e admiradora,

Isabelle Nassar”