Aline Mineiro bate o martelo e abrirá ONG de resgate a pets, não problematiza ser ex-panicat e sonha atuar em novela


A atriz revela que já tem 15 cachorros resgatados e funcionários para ajudar a cuidar deles. “Esta é minha sina, mas é afeto e carinho. Nasci para servir aos animais. Estamos desenvolvendo a estrutura para abrir uma ONG para resgatar os cães que eu conseguir”. Aline agora mergulha mais profundamente em sua carreira nos palcos, depois de haver participado de diversos produtos na TV e na Internet. Mostrando muito de sua personalidade, revisita sua trajetória desde a fase em que era panicat até o atual momento como jurada do Programa Sílvio Santos e como intérprete em “Desinfluencers”, montagem dirigida por Bárbara Bruno. Com números expressivos nas redes sociais, a artista fala um pouco sobre a curadoria de seu conteúdo

*por Vítor Antunes

Na TV, Aline Mineiro integra o jurado do “Programa Silvio Santos” atualmente apresentado por Patrícia Abravanel, e, no teatro está na peça “Desinfluencers”  para a qual foi aprovada e tem como diretora a Bárbara Bruno. Entre outros sonhos que estão prestes a ser realizados, um hotel/ONG para cachorros. “Já tenho 15 cachorros que resgatei e tenho funcionários que cuidam deles para mim. Esta é minha sina, mas é afeto e carinho. Nasci para servir aos animais. Estamos desenvolvendo a estrutura para abrir uma ONG para resgatar os cães que eu conseguir. Estou indo para o RS para atender aos bichos nos abrigos. Fico muito feliz de poder contribuir, porque os espaços após a inundação estão lotados e está sendo difícil dar conta de tantos bichinhos. São mais de três mil cães num só estádio. Estou saindo de São Paulo para servi-los”, disse.

Para uma mulher que está sempre diante de milhões de pessoas nas redes sociais, é difícil delimitar o que é público e privado e especialmente as escolhas profissionais. Aline passou por “A Fazenda“, pelo “De Férias com o Ex” e pelo extinto “Pânico“. Como lidar com essa vida na vitrine? “Tanto o BBB, como a Fazenda, e tudo o que mexe com a vida do outro faz sucesso porque as pessoas gostam de saber da vida alheia. Isso não vai mudar. Eu confesso que, se fosse expor 24h da minha vida como alguns outros influencers, eu não aguentaria. Nem sempre mostro os espaços que estou, por acreditar que a energia influencia. Parei de mostrar que estou indo gravar no SBT e não posto em tempo real justamente para me blindar das energias negativas e dos stalkers. Essa entrega máxima me incomoda. Mostro pouco da minha vida e acho que isso faz ser mais saudável”. Agora mergulhando mais efetivamente no ofício de atriz, Aline reconhece haver preconceito das pessoas contra “ex-Fazenda, ex-Panicat, ex-De Férias e influencer. É algo que chega primeiro a quem enxerga ex-alguma coisa. Sim, há preconceito”. Aline sonha ainda atuar em uma novela.

Nasci para servir aos animais. Estamos desenvolvendo a estrutura para abrir uma ONG para resgatar os cães que eu conseguir – Aline Mineiro

No campo das escolhas profissionais, recentemente, Aline foi cobrada por haver aceitado fazer uma parceria comercial com uma empresa de jogos nas redes sociais. Sobre isso, ela diz que sim, já teve “uma parceria com uma e digo que ninguém está obrigando ninguém a jogar. Ressaltamos que é um site de apostas para maiores de 18 anos. Assim como existem esses jogos, existem as casas de apostas. Não há diferenças entre as casas de jogo e os cassinos. A pessoa tem que ter inteligência para saber no que entra ou não. Não só os jogos, mas também nas apostas esportivas (bets)”.

Casa de aposta é tudo igual, as pessoas é que têm que ter discernimento. Ainda que seja um tema importante esse, diante de problemas relacionados à saúde pública [como o das tragédias no Sul], esse vai ser o último assunto a ser debatido. E sempre essa relação honesta com meus seguidores – Aline Mineiro

Aline Mineiro: O caminho que transcende à beleza (Foto: Wallace Ximenes)

BELA

Há anos atrás, no início dos Anos 1950, Maria Della Costa (1926-2015), grande nome do teatro brasileiro, surgiu no cenário artístico e foi duramente criticada, por ser manequim. Uma das primeiras brasileiras. Por tanto ser alvo das maledicências, Henrique Pongetti (1898-1979), escreveu a peça “Manequim” e dedicou-a à atriz, que vivia um manequim de decoração que só ao fim era descoberto ser uma mulher. Em razão de sua beleza, e por ter sido também modelo, panicat e influenciadora digital, Aline Mineiro também demorou a ser vista desta forma, tal como a manequim da peça homônima. “A mim, o fato de ser bonita transita muito. Claro que abre portas, mas também há preconceito e dedos apontados, principalmente se já somos classificadas como burras. Houve uma ocasião, quando eu era assistente de palco do “Pânico”, e era a menina que mais fazia merchandising, e se surpreenderam comigo dizendo que eu sabia ler ao tele-prompter e me expressar. Achavam que eu era só bonita. Passei por muitos conflitos e sempre se assustam com isso. Hoje não vejo muito preconceito, talvez por haver trocado de ambiente, mas o tempo ensina. Para tudo na vida depende da mesa em que a gente se senta”.

Nos últimos anos, tem sido tornadas públicas algumas questões às quais vivem as mulheres, especialmente aquelas relacionadas ao assédio. Algo recorrente. Sobre o tema, Aline diz não ter experienciado-o em sua forma mais definitiva: “Eu sempre tive muita personalidade. Vivi muito nesse meio e aprendi a me proteger. Criei uma armadura que é diferente. Sempre fui sincera, verdadeira, e não tenho paciência com pessoas que são doentes. Brincadeirinhas sem graça, convites e inconveniências sempre aconteceram, mas aprendi a lidar de forma genuína e sincera, sempre fui muito forte e me impus como mulher”.

A Aline que as pessoas conhecem é diferente da minha vida. Sou introspectiva, vivo momentos só, tenho dificuldade de socialização, mas no meu trabalho, não. – Aine Mineiro

Ainda sobre o tema da beleza e seus reveses, Aline não problematiza – sob algum aspecto – ter sido panicat. “Acho difícil avaliar. Na época, não havia esse problema, minha cabeça não estava ligada nisso. Sempre gostei de treinar e de usar biquíni, então essa não era uma questão. Mas, no programa, havia provas absurdas e das quais eu não faria hoje”.

Seria panicat de novo? Não. Meu tempo foi. Na época, foi uma grande oportunidade que virou a minha vida. Eu morava num lugar bem precário e o Pânico me transformou. Por conta da hipersexualização, hoje, seria absurdo, tanto que não existe mais. Mas na época, foi incrível. Entrei no programa com 23 anos, trabalhava uma vez por semana na TV e com uma audiência escandalosa. Quem soube aproveitar o pós, lidou bem com isso. Tenho muita gratidão, foi o que me deu projeção. Vivi o que tinha que viver naquele momento e, por ter esse olhar, não consigo expor uma opinião contrária [ ao programa] – Aline Mineiro

Aline Mineiro na época do “Pânico na Band” (Foto: Reprodução)

Para o segundo semestre deste ano são duas as propostas de Aline, como já pontuamos: focar no teatro e na sua participação como jurada do “Programa Sílvio Santos“, atualmente apresentado pela Patrícia Abravanel. “Trabalhar com Patrícia é ótimo; ela é um carisma, uma simplicidade, uma alegria, e é acessível, sempre enaltece os outros. Está sendo um aprendizado fenomenal. É muito bom estar ali no SBT, é maravilhoso”.

Para ela, há uma grande diferença entre os jurados antigos e os atuais. “Hoje somos um júri mais analítico e julga de forma mais analítica o todo”. Já quanto ao teatro, ela diz que “há dois meses, surgiu o convite para fazer a peça “Desinfluencers” e para a qual fui aprovada e tenho como diretora a Bárbara Bruno. Estreamos e a peça está sendo incrível. Eu me formei cedo como atriz, aos 22, fui para o entretenimento e publicidade, deixando o lado atriz para depois. Continuei fazendo workshops e procurando olhares diferentes. Com 26 anos, decidi parar a TV para voltar para a carreira de atriz. Fiz meu primeiro longa e depois fui protagonista em uma série para o SBT e alguns trabalhos. Acabou surgindo “A Fazenda” e o “De Férias com o Ex”. Este foi um ano em que estava pensando sobre meu propósito, me mostrou muita coisa e que eu deveria voltar aos palcos”.

A montagem traz também outro ator pouco frequente nos palcos, Rodrigo Phavanello, que firmou uma grande parceria com a atriz. “Somos novos no teatro. Eu só fiz uma peça e o Rodrigo também. Fomos muito bem acolhidos e nosso elenco está entrosado e se ajudou muito. O preconceito se dissipou muito em razão da minha autocobrança”, afirma.

Aline Mineiro quer se dedicar à sua carreira de atriz (Foto: Wallace Ximenes)

Nesta conversa ampla, sincera, Aline revela outra face. Entre a sorte e as graças da paixão, para se combinar com ela é preciso ter opinião: “Desde os 18 anos, eu trabalho, tanto que comecei aos 18 no programa do Gugu Liberato (1959-2019), onde fiquei por três anos na época da Record. Comecei a traçar os caminhos, concluí o que quero da vida. Meus luxos são comer bem e viajar, não tenho apreço pelo consumo. Fui comprar meu apartamento com 26 anos e dei para a minha mãe. Fui construindo as coisas aos poucos. Aos 32 anos, sou realizada e realizei meus sonhos. Este ano, estou vivendo o presente e mudando o rumo da minha carreira. Foi um momento em que aceitei viver o que era pertinente, a experiência em si, amadurecer e sentir o que era. Mas passou, resolvi tomar outro rumo, e mudei”. Bons ventos acendem essa morena fagueira, de certezas bem nascidas e verdades densas.