*Por Brunna Condini
Quem estava com saudade de assistir Isabela Garcia na TV, pode aproveitar o ‘cardápio’ de reprises da atriz no momento. Ela está em ‘Sonho Meu‘ (1993) e ‘Paraíso Tropical‘, ambas no canal Viva, e também em ‘Cama de Gato‘ (2009) e a icônica ‘Bebê a Bordo‘ (1988), disponíveis na Globoplay. “A última novela que fiz foi ‘O Sétimo Guardião‘ (2018). Nem dá para sentir saudades com essa quantidade de reprises (risos)”. Aos 54 anos e com 50 de carreira – sim, Isabela começou aos 4 anos! -, ela lamenta sobre algo que infelizmente ainda acontece na dramaturgia, o preconceito etário: “Isso é algo que vai ter que acabar agora! Não há espaço para esse absurdo no nível de mudança que estamos vivendo no setor do audiovisual”.
Feliz com sua trajetória, ela analisa: “O aprendizado de ter começado tão cedo, foi a responsabilidade, o profissionalismo e a ética que me acompanham. O outro lado disso, foi não ter vivenciado muito da infância e adolescência, o que fez falta”. E revela um sonho ainda não realizado na carreira: “Quero trabalhar por trás das câmeras”.
Na pele de Ana, a protagonista libertária de ‘Bebê a Bordo‘, Isabela celebra a possibilidade de rever o trabalho que marcou sua carreira. “Foi uma novela super moderna para época! A maior parte das lembranças vem do trabalho com Roberto Talma (1949-2015), diretor com quem trabalhei em várias obras, que também foi um grande amigo”, conta, sobre a trama que analisa as relações familiares, com temas como maternidade, paternidade e afetividade.
Para relembrar: Sem muitas opções na vida e grávida, Ana participa de um assalto e se esconde no carro de Tonico (Tony Ramos). No momento da fuga, ela dá à luz Heleninha, com o auxílio dele. Depois do parto, Ana some para escapar da polícia e deixa a filha recém-nascida com Tonico. Nisso, acaba repetindo a história de sua mãe, Laura, vivida pela inesquecível Dina Sfat (1939-1989), que também a abandonou no nascimento. Mas dessa vez, Laura acolhe a neta e vai disputar sua guarda. Em paralelo, vários personagens masculinos disputam a paternidade da criança, já que Ana não sabe quem é o pai: “Acho que eu era muito nova e cheia de responsabilidades naquela época para compreender o quanto aquele personagem era grande. No sentido da sua liberdade. Eu simplesmente vivia a Ana, com paixão. E aí ele era muito verdadeiro, e chegava no coração das pessoas”, completa sobre a novela de Carlos Lombardi com narrativa inovadora e repleta de personagens interessantes.
Família, maturidade e autoconhecimento
A atriz é mãe de quatro filhos: João Pedro Garcia Bonfá, 31, com o ex-baterista da Legião Urbana, Marcelo Bonfá; Gabriella Garcia Wanderley, 27, sua filha com o fotógrafo André Wanderley; e os gêmeos Francisco e Bernardo Garcia Thiré, 14 anos, com o ator Carlos Thiré. Ela também tem dois netos, Luísa, 9 e Izzy, 3 anos, filhos de João Pedro. Muito ligada e apaixonada pela família que construiu, Isabela também afirma estar satisfeita com a pessoa que se tornou. “Sou uma mulher que acorda todos os dias com um sorriso no rosto, e que não abre mão de colocar as crianças em primeiro lugar sempre”, diz.
Budista desde 1990, Isabela Garcia compartilha de que forma a prática lhe auxilia a atravessar também os momentos difíceis, como o cenário em que vivemos: “Me ajuda de todas as formas! No meu exercício permanente para que todas as minhas palavras e ações estejam de acordo com o meu pensamento, ajuda no meu exercício de enxergar que todos temos o mesmo potencial para sermos pessoas iluminadas, e transformar assim o ambiente que vivemos”. E completa: “Me restauro diariamente me conectando à minha espiritualidade e me mantendo unida às pessoas que amo. Essa também é uma das formas que encontro para lidar comas dificuldades”.
Exercitando a compaixão ao próximo e engajada em causas que acredita, ela revela ser conselheira de uma organização humanitária. “Há alguns anos conheci em uma reunião da ONG IKMR (I Know My Rights) e a ACNUR, com um grupo preocupado em colaborar com a toda a questão da criança refugiada, a Viviane Reis (fundadora da IKMR), e tive a oportunidade de presenciar todos os seus esforços para atender não só as crianças e familiares que conseguiram chegar ao Brasil, mas parte destas famílias que são separadas de filhos, esposas, que ainda não tiveram a mesma sorte. Luta também de todos os voluntários da IKMR! Desde então, caminho ao lado deles na função que me foi designada. Hoje posso estar como conselheira, mas isso é só um título. Eles sabem que podem contar comigo para tudo”.
Artigos relacionados