Ingra Lyberato lança 3º livro como terapeuta holística, diz como lida com medo e ansiedade e se sente falta de atuar


A atriz, escritora e terapeuta holística lança ‘O despertar do Amor Sistêmico’ e revela que, ano que vem, escreverá seu quarto livro, todos com o foco no autoconhecimento e a busca de propósitos na existência. Ela também troca sobre suas escolhas mais naturais de viver; diz como lida com seus impulsos hoje, revela se já sentiu o etarismo na pele e dá dicas para quem deseja passar a virada de ano e começar o ano novo mais focado em crescimento pessoal e transformação. Aos 58 anos, Ingra que começou a carreira como atriz na infância, reflete ainda se o trabalho terapêutico voltado para Constelação Familiar e diz se sente falta de atuar. “As duas opções são verdadeiras: os novos dons trazem muito sentimento de realização ou expressão do meu ser, e também sinto falta de trabalhar como atriz. Mas essa falta de trabalhar como atriz, deixou de ser uma angústia. Quando acontecer eu vou amar e me entregar de corpo e alma como sempre, mas enquanto não acontece, eu estou realmente preenchida com vários movimentos que me fazem crescer de muitas formas”

*Por Brunna Condini

Somos muitos ao longo de uma vida. Reconhecer isso e se permitir explorar novos caminhos é um exercício transformador de liberdade e autoconhecimento. Tem sido assim para Ingra Lyberato. A atriz que brilhou em novelas como ‘Pantanal‘ (1990)e ‘A História de Ana Raio e Zé Trovão‘ (1990), nos últimos anos se tornou facilitadora de constelação familiar e autora de livros que provocam o leitor a trabalhar seu crescimento pessoal. Cada vez mais envolvida com esse propósito, em janeiro de 2025 ela lança seu terceiro livro, ‘O Despertar do Amor Sistêmico’, sobre arte, ancestralidade e espiritualidade, em que provoca as pessoas a saírem do ‘piloto automático’ em suas vidas, propondo um mergulho interior e também a busca do propósito de cada um no mundo. “Falo sobre caminhos que exigem dedicação, então é uma decisão se a pessoa quer continuar no mundo de ilusão, vivendo padrões de repetição e sofrimento ou se ela já cansou de bater a cabeça e quer aprender sobre os próprios medos, sobre as leis que regem as relações e por aí vai. Como eu tenho visto cada vez mais pessoas tomando consciência da própria infelicidade, resolvi compartilhar os conhecimentos que têm me ajudado muito há décadas”.

Aos 58 anos, Ingra que começou a carreira como atriz na infância ao estrear no cinema aos 7, reflete se o trabalho terapêutico e como escritora a realiza completamente e diz se sente falta de atuar. “As duas opções são verdadeiras: os novos dons trazem muito sentimento de realização ou expressão do meu ser, e também sinto falta de trabalhar como atriz. Mas essa falta de trabalhar como atriz, deixou de ser uma angústia. Quando acontecer eu vou amar e me entregar de corpo e alma como sempre, mas enquanto não acontece, eu estou realmente preenchida com vários movimentos que me fazem crescer de muitas formas”. Nesta entrevista, a artista também troca sobre suas escolhas mais naturais de viver; diz como lida com seus impulsos compulsivos e ansiosos hoje, revela se já sentiu o etarismo na pele e dá dicas como terapeuta holística, para quem deseja passar a virada de ano e começar o ano novo mais focado em autoconhecimento e transformação.

Ingra Lyberato lança terceiro livro, fala de medos, diz como lida com seus impulsos compulsivos e ansiosos hoje, e revela se já sentiu o etarismo na pele (Foto: Ricardo Lage)

Ingra Lyberato lança terceiro livro, fala de medos e diz como lida com seus impulsos compulsivos e ansiosos hoje (Foto: Ricardo Lage)

Desde a pandemia, especialistas apontam que os transtornos mentais e comportamentos compulsivos aumentaram consideravelmente. Como terapeuta holística como vê esse cenário? “Foi para essas pessoas que escrevi o livro. A consciência aumentou e elas estão enxergando a infelicidade. Antigamente muitos passavam a vida se distraindo. Sinto que está diferente. Existe um ‘chamado’ forte para olhar para dentro, escutar o próprio coração. Senti esse chamado por volta dos 45 anos. Sentia que a história estava mal contada. A vida não podia ser só nascer, casar, parir, trabalhar, vivendo no automático até morrer. Eu já havia realizado os sonhos do mundo, mas faltava algo dentro de mim. Busquei e encontrei caminhos bem profundos que me resgataram de muitas ilusões. Não acho que o livro vai salvar alguém, mas pode apontar saídas, todas para dentro”, desenvolve.

"Falo sobre caminhos que exigem dedicação, então é uma decisão se a pessoa quer continuar no mundo de ilusão, vivendo padrões de repetição e sofrimento ou não" (Foto: Ricardo Lage)

“Falo sobre caminhos que exigem dedicação, então é uma decisão se a pessoa quer continuar no mundo de ilusão, vivendo padrões de repetição e sofrimento ou não” (Foto: Ricardo Lage)

“Entre várias experiências fiz uma formação em Ecopsicologia aplicada que diz que a saúde física, mental e espiritual está na conexão com a natureza. A floresta é a grande medicina. Não acho que precisamos todos ir morar no campo, mas precisamos sair do mundo artificial que criamos, de vez em quando, para que nossa alma possa respirar. Para tirar o corpo do anestesiamento dos remédios que as pessoas usam para tudo. Nosso corpo é a natureza. A gente só precisa ativar, acordar para ele voltar a sentir. Inclusive, sentir emoções verdadeiras. Existem mil estudos que comprovam o efeito terapêutico de estar perto das árvores, colocar os pés no chão, olhar para o céu…aliás, todos nós já experimentamos esse bem-estar. Mas existem outras questões que são inconscientes. A pessoa pode estar identificada inconscientemente com ancestrais que carregaram muito sofrimento. E muitas vezes eles nem estão mais vivos, mas continuam presente no campo sistêmico ou psíquico da família. Também escrevi o livro para explicar sobre isso”.

A falta de trabalhar como atriz, deixou de ser uma angústia. Quando acontecer vou amar e me entregar de corpo e alma como sempre, mas enquanto não acontece, estou preenchida com vários movimentos que me fazem crescer de muitas formas – Ingra Lyberato

"A consciência das pessoas aumentou e elas estão enxergando a infelicidade. Antigamente muitos passavam a vida se distraindo" (Foto: Ricardo Lage)

“A consciência das pessoas aumentou e elas estão enxergando a infelicidade. Antigamente muitos passavam a vida se distraindo” (Foto: Ricardo Lage)

Sobre comportamentos destrutivos, a própria Ingra compartilhou que, em 2022, após o término de uma relação há uns anos, começou a beber diariamente. Na época, as notícias eram de que ela teria superado o “vício” de beber. Aqui, a artista esclarece: “Eu não bebia muito, mas bebia todos os dias uma taça de vinho. Isso é normal para muitos, mas para mim não era. Passei a vida inteira sem beber nada de álcool, então foi um período de cinco anos em que eu busquei me anestesiar das dores emocionais que estava sentindo. Esse foi um dos sinais que me alertou para o fato de que eu não estava bem. As pessoas se embriagam e não se dão conta do processo auto destrutivo”.

Assim que comecei a acordar das ilusões do mundo, parei de beber. Conto sobre isso no livro também. Voltei a não beber nem uma gota de álcool. É uma anestesia que não preciso mais – Ingra Lyberato

"Nosso corpo é a natureza. A gente só precisa ativar, acordar pra ele voltar a sentir. Inclusive sentir emoções verdadeiras"(Foto: Ricardo Lage)

“Nosso corpo é a natureza. A gente só precisa ativar, acordar pra ele voltar a sentir. Inclusive sentir emoções verdadeiras”(Foto: Ricardo Lage)

E revela como lida com seus impulsos compulsivos e ansiosos hoje: “Primeira coisa: autoconhecimento, não fugir dos incômodos, porque eles trazem uma mensagem da alma. Precisamos aprender dar conta do nosso mundo interno e o autoconhecimento nos dá ferramentas para isso. Às vezes, a ansiedade é saudável, está nos preparando para um momento importante de realização. Mas quando é disfuncional, dou uma caminhada, assisto uma boa aula sobre espiritualidade, coloco o pé na terra ou participo de uma Constelação Familiar. Saio bem leve. É impressionante! Como estou sempre atenta ao meu mundo interno, quando há qualquer incômodo já mergulho em mim para saber o que está acontecendo aqui dentro. Não deixo chegar no fundo do poço”.

Sobre compulsão desenvolvi disciplina. Então quando percebo que estou querendo fazer algo sem sentido real, simplesmente digo “não” para o impulso automático. Se em algum momento eu sucumbir, me perdoo e a coisa realmente para de acontecer. Amor próprio – Ingra Lyberato

"Estou sempre atenta ao meu mundo interno, então qualquer incômodo, já mergulho em mim para saber o que está acontecendo. Não deixo chegar no fundo do poço" (Foto: Ricardo Lage)

“Estou sempre atenta ao meu mundo interno, então qualquer incômodo, já mergulho em mim para saber o que está acontecendo. Não deixo chegar no fundo do poço” (Foto: Ricardo Lage)

Preconceito por idade

Perto dos 60 anos, Ingra irradia plenitude e vitalidade e afirma que isso se deve e muito às escolhas que fez ao longo da vida. Ela mesma não passou por uma situação etarista diretamente, mas fala sobre o tema, cada vez mais comentado e identificado, principalmente na TV.  “Existem algumas exceções, mas realmente as personagens mais maduras estão desaparecendo e isso não é bom, porque nesse momento em que as pessoas estão precisando de mais sabedoria e exemplos de vida, a maioria das personagens são jovens e imaturas. Será que existe uma intenção de não apontar para valores reais? Será que existe uma intenção de fomentar a carência e necessidade de consumo para alimentar uma indústria x ou y? Não sei. No último dia 12 completaram 34 anos da estreia da novela ‘A História de Ana Raio e Zé Trovão‘, e como várias pessoas me lembraram da data me peguei pensando em alguns personagens que fizeram muito sucesso no folhetim. Xandô Batista como seu Jesus e Ângela Leal como velha Biga eram verdadeiros baluartes de sabedoria na história. As pessoas seguiam seus conselhos, era lindo. Trazia peso de valor para a audiência. Vejo idosos nos filmes americanos. Tenho um filho de 21 anos e um dos nossos programas favoritos é assistir filmes para jovens. Sempre tem um ídolo das antigas marcando presença de valor nas produções atuais”.

"Existe um 'chamado' forte para olhar para dentro, escutar o próprio coração. Senti esse chamado por volta dos 45 anos. Sentia que a história estava mal contada" (Foto: Ricardo Lage)

“Existe um ‘chamado’ forte para olhar para dentro, escutar o próprio coração. Senti esse chamado por volta dos 45 anos. Sentia que a história estava mal contada” (Foto: Ricardo Lage)

A ficção pode ter um papel fantástico de educar mostrando valores humanos e os idosos são aqueles que sabem sobre isso. Acho uma limitação de inteligência não ter vários personagens maduros, com marcas da vida no rosto e o peso de sustentação que só a idade traz.A saída para esse etarismo na TV é a audiência pedir e as produções serem capazes de escutar – Ingra Lyberato

Vida natural

Em uma época, suas escolhas por uma vida mais natural, deixando os cabelos ficarem brancos e não fazendo procedimentos estéticos já viraram notícia. Como pensa sobre beleza e vaidade hoje? “Deixei os cabelos grisalhos na pandemia, porque queria conhecer meu cabelo. Nunca havia me visto grisalha. Queria olhar para eles, aceitar e ter a liberdade de assumir para todos que tenho cabelos grisalhos. Mas como o propósito sempre foi me sentir livre, de vez em quando enjoo e pinto. Ele está castanho agora. Sobre procedimentos estéticos, uso bioestimulador de colágeno há alguns anos. Mas tenho certeza que minha aparência jovial tem mais a ver com alimentação, bom sono, paz no coração e autorrealização. Acho muito bom ter recursos de cuidado com a beleza, mas viver obcecada com isso deve trazer muita angústia. Tenho 58 anos, já coloquei meu valor em lugares mais perenes que não a aparência”.

Tenho uma vaidade natural, mas penso nisso bem de vez em quando. Minha mente está ocupada com muitas outras coisas que são eternas: conhecimento e autoconhecimento. A matéria é da terra, precisamos aceitar. O corpo é passageiro e nem é meu. Cuido bem dele, porque é a morada da minha alma, mas em algum momento vamos devolver para a natureza – Ingra Lyberato

"Tenho certeza que minha aparência jovial tem mais a ver com alimentação, bom sono, paz no coração e autorrealização do que com cuidados de beleza" (Foto: Ricardo Lage)

“Tenho certeza que minha aparência jovial tem mais a ver com alimentação, bom sono, paz no coração e autorrealização do que com cuidados de beleza” (Foto: Ricardo Lage)

Balanço e planos para 2025

“Esse ano de 2024 foi surpreendente! Fiz coisas que nunca imaginei como fundar com colegas consteladores o Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas, onde estou como diretora de Comunicação, e trouxe para o Brasil junto com a médica e facilitadora, Dagmar Ramos, a criadora da série ‘Uma Nova Mulher’ da Netflix, Nuran Evren Sit. Apresentamos em vários estados a Constelação Familiar na Arte. Esses novos caminhos foram acompanhados da chegada da minha editora atual, Maquinaria. Então, em 2025 quero me dedicar ao lançamento do livro com palestra em muitos lugares; seguir facilitando Constelação Familiar e ajudando as pessoas a obterem liberações para suas vidas; seguir explicando o que é esse método tão transformador; participar de projetos incríveis, como levar a consciência sistêmica para presídios; lançar o documentário ‘As Amazonas’; começar a escrever o quarto livro; continuar dando aulas, palestras e receber as novas oportunidades que a vida tem para mim”.

Para começar um ano transformador

“Ano novo é a renovação de ciclo mais poderosa que existe pois o planeta inteiro faz o movimento. É uma energia de mudança poderosa para quem quer soltar o que já não faz mais sentido em sua vida. Há 12 anos passo com meu grupo de xamanismo em um sítio. Tiro 10 dias sabáticos para refletir sobre o ano que está finalizando e soltando o passado para entrar no novo ciclo pronta para viver novas histórias. Vivo o período como uma oportunidade de renascimento. Para mim é importante não me distrair dos meus sentimentos mais profundos e ter dias de saúde física, emocional e espiritual perto da natureza. Cantar, dançar, celebrar a vida e agradecer por ainda estar aqui nesse lindo planeta azul”, conclui Ingra.

Tenho feito o trabalho de olhar para minha ancestralidade e constatar que até aqui, quase tudo que realizei tinha a ver com os sonhos dos meus pais e avós. Mas se tornaram meus também. Quanto mais a pessoa fugir disso, mas parecida com os pais ela fica. Então, a saída é receber essa herança de bom grado, seguir o movimento de realização e quando der, começar a viver histórias realmente novas. Acho que me tornar terapeuta talvez seja uma nova história no meu sistema familiar. Não tenho certeza (risos) – Ingra Lyberato

"Na virada do ano, é importante não me distrair dos meus sentimentos mais profundos e ter dias de saúde física, emocional e espiritual perto da natureza" (Foto: Ricardo Lage)

“Na virada do ano, é importante não me distrair dos meus sentimentos mais profundos e ter dias de saúde física, emocional e espiritual perto da natureza” (Foto: Ricardo Lage)