Histórias de Sérgio Mallandro! Tem Silvio Santos de cueca e sincerão sobre Marlene Mattos: “Mistura do Lampião com o Capitão Nascimento”


Em papo com HT, Mallandro não titubeia: “Estou no auge da minha carreira. Parece que estou no horário nobre da Rede Globo. Eu fico 1h45 no palco sozinho contando minhas histórias e estou bombando”

Certa vez, Amaury Jr., durante seu programa de entrevistas, pediu a Sérgio Mallandro que ele definisse a diretora de TV Marlene Mattos, com a qual trabalhou durante muitos anos enquanto manteve parceria com Xuxa Meneghel. A resposta dele? “Eu disse que era a mistura do Lampião com o Capitão Nascimento”. Corta. Camarote abarrotado de famosos em pleno carnaval, na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Maradona, o craque do futebol e ídolo de meia Argentina, azarou a esposa de Mallandro, entre um batuque ou outro de bateria. Eis que a briga começou. “Eu disse para ele: ‘Você não vai comer ninguém!. Você gosta de frango? Então espera meu pinto crescer’. Começaram a separar a gente e ele perguntava: ‘Quem és tu? Quem és tu?’. Eu respondia: “Sou o príncipe da Xuxa!”, conta, gargalhando. Corta de novo. Camarim de Silvio Santos – com quem Mallandro trabalhou por 14 anos – no SBT, em São Paulo. O dono do Baú estava de cueca, esperando chegar o terno para gravar. Papo vai, papo vem, começaram a rir, engasgaram e a sopa de ervilha que Mallandro tomava entornou na cueca de Silvio. “Ele começou a gritar: ‘Assopra! Assopra! Assopra!’. Se ele falasse ‘chupa, chupa, chupa’ acho que eu chupava de tão nervoso que eu fiquei. Parecia o saco do Incrível Huck com aquela sopa verde”, conta, gargalhando.

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Essas histórias, adiantadas em entrevista ao HT, são apenas algumas passagens da vida de Sérgio Mallandro, hoje aos 61 anos. O complemento delas ele contará no próximo domingo, dia 19 de junho, na Área de Eventos Shopping Vila Velha, vizinha à Ilha de Vitória, a capital do Espírito Santo. Um emanharado de lembranças que coleciona desde bem antes de estourar, lá pelas décadas de 1980 e 1990, quando foi jurado do programa de auditório “Show de Calouros” por quase uma década – o que lhe rendeu o Troféu Imprensa em cinco oportunidades, bom lembrar. “A receita para se manter até hoje na ativa (ele é jurado do “Prêmio Multishow de Humor”) é acreditar em si mesmo, saber quem você é, não perder sua essência, procurar o melhor do que você é…manter aquilo. O Roberto Carlos, certa vez, falou pra mim: “Serginho, eu canto romântico e você faz rir. Cada um tem sua função”. Mas tem que fazer com amor e não achar que é melhor do que ninguém, não é diferente. Você só aparece na tela e fica famoso, porque entra na casa das pessoas, que pegam simpatia e carinho por você. Tem que ser igual com a todos, com humildade, sabendo do seu potencial. É aprender a cada dia, ser guerreiro, sem deixar a peteca cair”, diz.

E talvez por isso Mallandro não titubeia: “Estou no auge da minha carreira. Parece que estou no horário nobre da Rede Globo. Eu fico 1h45 no palco sozinho contando minhas histórias e estou bombando”, se gaba, enumerando os últimos destinos do mês – que, pelas nossas contas, o fizeram pegar mais de duas dezenas de voos. Tempo bastante, portanto, para refletir o ofício e compartilhar com a gente, já que, venhamos e convenhamos, a forma de se comercializar o humor hoje é bem diferente de quando ele fazia o “Show do Mallandro”, na TV Globo, entre 1991 a 1993. “O resultado do humor é você tirar risada da pessoa. Se você consegue isso, está fazendo humor, independente de época e fórmula. Hoje em dia, o stand up – que eu faço há 6 anos e já tenho mais de um milhão de espectadores – não é piada. Você não conta piada. Fala de si. O gordo fala de si, a baixinha fala das dificuldades. Eu conto minha historia, falo da ex mulher, filhos, artistas famosos que passaram pela minha vida, das broncas que eu tomava na TV. Só que o stand up não é piada pronta. É um risco”, admite. Risco, principalmente, quando pensamos na recepção de cada um ao ouvir uma história.

“O limite do humor é não atingir uma pessoa e deixá-la em uma situação triste. Não pode brincar com coisas sérias. Se o cara tem deficiência física, não pode falar corcunda de Notre Dame. Todo mundo vai rir, mas vou entristecer uma pessoa – não vale a pena. Não vou na ferida das pessoas. Podemos fazer graça sem machucar ninguém. A graça está na vida: é só saber contar e mostrar. Eu sou assim. Não gosto de deixar ninguém triste. Na minha plateia ninguém pode ficar triste. Não quero que as pessoas saiam dali achando que sacaneei, humilhei. O humor tem essa parada. Não pode fazer humor com coisa triste, com alguém que morreu e machucar a pessoa que está ali. E isso não é censura. É limite, bom senso…”, justifica, já lembrando do amigo Rafinha Bastos – que, diante as últimas polêmicas, parece não ouvir os conselhos de Mallandro. “Mas cada um é cada um e sabe onde faz os outros rirem. Eu não vejo graça quando alguém está triste. Gosto de graça que todo mundo ri”, contrapõe ele que, admirando uma turma mais nova (ele cita Leandro Hassum, Fernando Caruso, Paulo Gustavo e Marcelo Andet), não vê muita diferença no ofício entre o passar dos anos: “É tudo igual”.

Papo de quem admite: “Sempre dei sorte na vida”. E adora lembrar do passado, já que, durante essa conversa, Mallandro conseguiu listar, sem nenhuma falha de memória, seu currículo completo. Um marqueteiro de si mesmo.  “As coisas sempre deram certo. Isso tudo é obra do que você faz. O labrador só sente aroma do que come. Então, a gente tem que plantar coisas boas. A mágica do negócio é reconhecer quem você é, até onde pode ir e saber que pode atingir acima do seu limite.Eu sei o que faço e faço desde os oito anos: contar historias para rirem. A diferença é que agora faço no teatro”, diz, tendo certeza: tem que continuar “sonhando” e “ficar esperto”, porque “a crise veio para todo mundo”. “Então é trabalhar dobrado, triplicado, continuar sonhando e não deixar o pais virar uma bagunça. Temos que fazer reivindicações com educação, ficar de olho aberto pra ver se os políticos são responsáveis pelo que prometem… e trabalhar, claro. Vamos para cima, criar, levantar. Enquanto uns choram outros vendem lenços, vamos vender lenços”.

E você achou que isso aqui era conversa de “Glu glu ié ié”, né?

Serviço – Stand up Sérgio Mallandro

Data: 19 de junho, domingo
Show às 18h (abertura dos portões: 17h)
Local: Área de Eventos Shopping Vila Velha
Classificação: 16 anos.
(Menores com idade entre 12 e 15 anos terão acesso somente acompanhados dos pais ou um responsável legal. Menores de 12 anos não terão acesso ao evento)
Telefone: (27) 4062-9010