Gil Jung, atriz e apresentadora, lança manual para homens: “Estamos cada vez mais empoderadas e eles perdidos”


A atriz e apresentadora lança seu primeiro e-book, ‘Como conquistar uma mulher bonita’, no qual pretende ensinar aos homens a pura autoconfiança para a ‘arte da conquista’, mesmo para quem tem a autoestima baixa. E defende a
‘desconstrução’ do que se espera deles em uma sociedade machista. “Desde que nascem, são tratados como machos, ‘sem poder chorar”, ‘sem poder sentir’, ‘sem poder demonstrar’ e isso causa um prejuízo enorme em nossa sociedade e na forma como nos relacionamos”

Gil Jung, atriz e apresentadora, lança manual para homens: "Estamos cada vez mais empoderadas e eles perdidos"

*Por Brunna Condini

O empoderamento feminino é coisa das mulheres, claro, mas os homens também têm papel importante para que coletivamente os objetivos e a equidade de gênero seja alcançada. Trazer os homens para essa conversa é fundamental pelos motivos óbvios e, segundo a atriz, escritora e ex-apresentadora do Multishow Gil Jung também para ‘desconstruir’ o que se espera deles em uma sociedade machista. “Desde que nascem, eles são tratados como machos, ‘sem poder chorar”, ‘sem poder sentir’, ‘sem poder demonstrar’ e isso causa um prejuízo enorme em nossa sociedade e na forma como nos relacionamos”, diz ela, que lança seu primeiro e-book, ‘Como conquistar uma mulher bonita‘.

“No livro, ensino os homens a dominarem os segredos da sedução. E ter autoconfiança para a arte da conquista. O foco é no autoconhecimento, amor próprio, na autoestima e algumas formas de comportamento para atração. Pois enquanto, nós mulheres, estamos cada dia mais empoderadas, eles se encontram perdidos e, muitas vezes, sem saber como lidar com isso. E aí há o desequilíbrio. O homem também deve e merece se amar, ter uma autoestima boa e inteligência emocional para se relacionar”.

Gil Jung: "O homem também deve e merece se amar, ter uma autoestima boa e ter inteligência emocional para se relacionar" (Divulgação)

Gil Jung: “O homem também deve e merece se amar, ter uma autoestima boa e ter inteligência emocional para se relacionar” (Divulgação)

Escrevendo um livro para homens seduzirem mulheres não teme que as pessoas identifiquem um discurso machista? “Não, pois trabalhamos exatamente o inverso”, diz a atriz que esteve ao lado de Tony Ramos na série ‘Vade Retro’ (2017), na Globo. “Desde que comecei a estudar psicologia, eu vi que seria um universo interessante a ser desbravado. Então, mergulhei na pesquisa sobre o assunto, entrevistei homens a respeito e percebi que, mesmo diante da polêmica e tabus que o tema envolve, esse seria o assunto que eu começaria a abordar. Além disso, 85% do meu público hoje são homens. Sinto uma resistência em alguns, mas em muitos vejo uma fonte inesgotável de querer evoluir em todos os sentidos”.

Diante da pesquisa para o seu trabalho, Gil exemplifica inseguranças e vulnerabilidades masculinas. “Existe uma pesquisa da ONU Mulheres feita recentemente que aponta dados interessantes: 67% dos homens entrevistados gostariam de falar mais sobre dúvidas e medos com seus amigos, mas não o fazem. E 45% dos entrevistados gostariam de falar de uma forma mais aberta e carinhosa, mas não sabem como fazer”, comenta.

"Interpreto o masculino hoje como o gênero de extremos. Pois ao mesmo tempo que são líderes de negócios e  política, lotam cemitérios e presídios. E isso porque muitos vivem de maneira autodestrutiva. Considero que sejam mais inseguros que as mulheres" (Divulgação)

“Interpreto o masculino hoje como o gênero de extremos. Pois, ao mesmo tempo que os homens são líderes de negócios e política, lotam cemitérios e presídios. E isso porque muitos vivem de maneira autodestrutiva. Considero que sejam mais inseguros que as mulheres” (Divulgação)

“Temos um sistema carcerário cujo a população é composta 95% por homens. Mais de 90% dos homicídios no Brasil são cometidos por homens e o suicídio é quatro vezes maior que os praticados por mulheres. E não compartilho nada disso para vitimizar. São apenas pesquisas para trazer mais clareza. Pois, gênero no poder não conta toda a história. Eu interpreto o masculino hoje como o gênero de extremos. Pois, ao mesmo tempo que os homens são líderes de negócios e política, eles lotam cemitérios e presídios. E isso porque muitos vivem de maneira autodestrutiva. Considero que sejam mais inseguros do que as mulheres”.

Relacionamentos pós-pandemia

Aos 36 anos, a atriz e apresentadora fala sobre a ‘arte da conquista’ que cita em seu primeiro livro: “A verdade é que não existem fórmulas. O que qualquer pessoa tem de mais sedutor é o fato de ela ser verdadeira em seus sentimentos. Para conquistar alguém, o primeiro passo é conquistar a si mesmo. Afinal, o fato de gostarmos de nós mesmos é o que nos torna atraentes. O verdadeiro autoconhecimento é aquele que permite à pessoa ser honesta consigo mesma e, assim, controlar melhor suas emoções e ações. Já autoestima é a qualidade daquela pessoa que, além de conhecer a si própria, se aceita e se ama do jeito que é”. Ela revela ter se dedicado a diversos cursos de desenvolvimento humano nos últimos anos e diz que se encontrou na área e que se sente uma “cientista do comportamento humano”. “Isso é sobre mergulhar com respeito e dedicação nessa ciência tão maravilhosa e complexa”, diz Gil, que também está se formando em psicologia.

"Estamos  mais reservados. É um tempo de ressignificar muitos aspectos. As redes sociais e sites de relacionamentos são meios de um 'novo normal', para buscar relações, mas mesmo assim acredito que seremos mais seletivos" (Divulgação)

“Estamos mais reservados. É um tempo de ressignificar muitos aspectos. As redes sociais e sites de relacionamentos são meios de um ‘novo normal’ para buscar relações, mas mesmo assim acredito que seremos mais seletivos” (Divulgação)

No livro, você ensina homens a terem autoconfiança para a ‘arte da conquista’, mesmo se achando feios. O que é um homem feio em nosso padrão social hoje? “Neste caso, o adjetivo é atribuído no quesito da autoestima e como ele se sente. Trabalhamos a autoestima e ‘gatilhos’ importantes para se sentirem confiantes. No livro, eu explico que a beleza vai muito além da aparência física. Existem muitos outros atributos que compõem o que chamamos de beleza. O segredo é trabalhar comportamentos que estimulam essa percepção. É preciso ressaltar outras virtudes de ‘beleza’ em que se fuja da estética. Existe uma coisa que é um tiro certeiro: usar e trabalhar o carisma. Não existe nada mais belo e sedutor que isso”.

Gil acredita que as dicas podem ser valiosas e que pós-pandemia as pessoas vão ficar mais seletivas para se relacionar, mesmo estando também mais solitárias. “Estamos mais reservados. É um tempo de ressignificar muitos aspectos. As redes sociais e sites de relacionamentos são meios de um ‘novo normal’ para buscar relações, mas, mesmo assim, acredito que seremos mais seletivos na hora de decidir por encontros”, opina ela, que reforça que o livro têm também dicas que podem ser aproveitadas por todes.