* Por Carlos Lima Costa
Daniela Faria tinha uma carreira consolidada no Brasil, através de suas atuações nas novelas Pedra Sobre Pedra, Fera Ferida, A Indomada, Suave Veneno e Porto dos Milagres. De repente, após participar do Big Brother Famosos, em Portugal, onde se envolveu com o cantor Ricky, deu uma guinada radical. Largou a vida estruturada e foi embora do nosso país, onde não vem há sete anos. Com exclusividade, direto de Cascais, município do país europeu, ela conta detalhes do que tem feito e reforça o motivo de sua partida. “Deus mudou minha vida, abri mão de tudo e fui embora pelo amor. Não sei se foi pela experiência que tive de ver meus pais se separarem quando eu tinha cinco anos, quando sofri muito com isso, mas sempre quis ter uma família, poder dar para meu filho um lar com pai e mãe. Agora, dia 26 de setembro, completamos 18 anos juntos e posso afirmar que vivemos a melhor fase da nossa história”, ressalta ela, hoje, aos 43 anos. Da relação nasceu Guilherme, atualmente com 15 anos.
Quando viajou para Portugal, em 2002, para participar do Big Brother Famosos, Daniela tinha certeza de que em 15 dias retornaria ao Brasil. “O programa ía durar dois meses, mas eu pensava que em uma semana iriam me tirar da casa”, recorda ela, que permaneceu um mês além de sua previsão. E foram necessários apenas 18 dias de confinamento para que a atriz e o cantor, que era da boysband Milénio, se beijassem. “Um dia lá dentro parece um mês, é tudo muito intenso. Mas nosso primeiro beijo foi na brincadeira. Ele vivia pedindo uma música, aí falei que se tocassem, eu lhe daria um beijo técnico. Rapidamente, colocaram a canção. Era noite, estávamos na piscina e ali demos início a nossa história, ainda meio envergonhados, fomos namorando lá dentro. Sabíamos que fora daquela casa poderia não ser nada daquilo. Era uma pressão emocional absurda, uma loucura. Depois é que fomos nos conhecer verdadeiramente, pois na frente das câmeras nem tudo se fala”, acrescenta, às gargalhadas, lembrando que Ricky foi o campeão do programa.
Após o término, Daniela permaneceu em Portugal durante um tempo. Depois, ele veio ao Brasil conhecer a família dela. E a atriz até voltou a morar no Rio de Janeiro durante um ano, quando se encontravam a cada dois meses. “Tivemos contas de telefone exorbitantes. Mas esse afastamento nos deu certeza de que queríamos ficar juntos”, pontua. Porto dos Milagres, de 2001, marcou sua despedida das novelas da Globo, onde depois ainda participou do humorístico Zorra Total. Em Portugal, continuou trabalhando, fez filmes, participações em novelas, ficou quatro anos na Record Internacional como apresentadora e até gravou participação no folhetim Vidas Opostas. Suas cenas foram realizadas em terras portuguesas. “E em uma novela, Mistura Fina, na TVI, trabalhei como assistente de realização (direção)”, diz já adaptada aos termos e jeito de falar dos portugueses. “Adorei estar por trás das câmeras, entender o processo todo de realização, mas aí engravidei e a carga horária era muito puxada. Depois que meu bebê nasceu, voltei para a carreira de atriz”, frisa. Sua mais recente aparição em uma novela foi Ouro Verde, na TVI, em 2017. Uma participação no início e no final da trama.
Ela iria começar um filme no papel da antagonista. Mas uma nova mudança veio na vida de Daniela, o que a fez repensar muitas coisas. “Sou evangélica, me converti há 11 anos. Nessa conversão, comecei a ver que tinha histórias que eu não queria mais contar, personagens que não se encaixavam. Comecei a querer contar outro tipo de histórias que edificassem o próximo. Antigamente, as novelas tinham tramas mais interessantes, hoje, vemos a realidade nelas. Isso foi fazendo com que eu fosse me afastando. Deus falou claramente comigo e resolvi declinar daquele convite que era para interpretar uma mulher adúltera. Como atriz sei que era uma história maravilhosa, mas não era isso mais que eu queria passar para as pessoas. A partir dali tudo mudou”, frisa. E se envolveu com projeto de audiovisual, fazendo curso de captação e edição, que abrange áreas como iluminação e som. Hoje, realiza vídeos institucionais de empresas, publicidade, conferências, casamentos, batizados e planeja entrar na área cinematográfica. “Quero fazer cinema com histórias que vão impactar e mudar a vida dos outros de forma positiva”, assegura. Na Assembleia de Deus, ela permaneceu quase 6 anos como líder de teatro. “Um dos meus projetos é fundar companhia de teatro cristã”, revela.
Por sua vez, Ricky, ex-integrante da banda Milénio, que tinha um estilo dos Backstreet Boys, se voltou para a música gospel. Ainda não gravou disco, mas pretende. “Congregamos na mesma igreja. Ele é líder de louvor e Guilherme da parte dos adolescentes, canta, toca violão, piano”, explica ela. A família frequentava a Assembleia de Deus Missões em Portugal. Ano passado, foram para a Missão Cristã Internacional, mas o pastor deles criou um ministério, ainda sem nome, na altura da pandemia. E eles o seguiram por terem a mesma visão.
Daniela sempre foi muito religiosa. “Quando fiz a primeira comunhão, disse para minha mãe que queria ser professora de catequese. Mesmo com a minha vida de atriz, todos os dias eu orava à noite, falava com Deus. Sempre tive essa proximidade. Alguns quando sentem o chamado e abrem o coração, a coisa acontece”, frisa. A Igreja Evangélica, ela foi conhecer através da amiga e também atriz Karla Muga. “Chorei com as orações fervorosas, bem diferentes da Igreja Católica”, diz.
Em relação a Ricky, Daniela lembra que antes de participar do Big Brother já tinha achado ele um “gatinho” pelas fotos das revistas. “Mas me disseram que era muito baixinho pra mim. Ai pensei ‘ah, não’, mas paguei pela língua”, confessa, sorrindo. Ricky mede 1m70, quatro centímetros a menos do que ela, que nunca havia se envolvido com um homem mais baixo. “Hoje, praticamente não uso salto, mas ele ama que eu use, acha lindo e não tem qualquer problema com relação a isso. Eu que não gosto mesmo. No cotidiano é bota de salto baixo, rasteirinha. Adoro conforto acima de tudo”, explica.
Sobre sua união, como já disse, vive sua melhor fase, mas frisa que isto é resultado de muita dedicação. “Vejo muitas relações se deteriorarem. Não vou dizer que no meu casamento foi tudo um mar de rosas, ainda mais depois que se tem filho. É preciso paciência, ambos cederem, se amarem e quererem que dê certo. Já passamos por fase menos ou mais difícil. Requer esforço de ambas as partes. Mas antes de jogar tudo para o alto, as pessoas devem tentar melhorar. Passamos por fase que estávamos quase como amigos. Mas não quisemos permanecer dessa forma. Voltamos a estar apaixonados, a querer se conquistar. Estamos casados, porque nos amamos. Tem hora que meu filho até fala: ‘Vocês estão sempre grudados’ (risos). Aí digo que é porque ele tem pais que se amam”, frisa.
Ter outro filho, aliás, não está nos planos. “Já passou da hora. Devia ter sido logo, mas o pós parto foi difícil. Guilherme teve problema com baixa muito grande de plaqueta e começou a ser seguido pela hematologia até os seis anos de idade, pois poderia ser leucemia. Ficamos em alerta. Depois que tudo passou, estava trabalhando muito, aí foi me dando preguiça de começar tudo outra vez”, justifica.
A família, mora em Cascais, mas Guilherme nasceu em uma maternidade, em Lisboa. Com um ano, o menino veio à terra natal de sua mãe pela primeira vez. “Sempre fiz questão de ensinar a ele muitas coisas como são ditas no Brasil. Por exemplo, banheiro aqui é casa de banho, aí quando era pequenininho ele falava ‘mamãe, vou a casa do banheiro’”, diverte-se Daniela. Quando retornou a Portugal, após sua segunda visita ao Brasil, Guilherme chorou muito dizendo que a casa dele era no Brasil, ele tinha adorado conviver com os inúmeros primos. Nesse momento, Daniela até cogitou retornar. Mas depois de 15 dias tudo voltou ao normal. “Vi que minha casa era aqui, já tinha criado raízes, toda uma estrutura. E me senti um peixe fora d’água aí. Então, hoje, não penso mesmo em voltar a morar no Brasil”, assegura. E conta do que mais sente falta? “Antigamente, dizia que era do calor, mas me adaptei tão bem que já não sinto falta. Gosto do clima daqui, do friozinho. Então, sinto falta mesmo é da família e dos amigos”, diz. O pai, Sérgio, vive no Brasil, enquanto a mãe, Alceia, está em Portugal desde que a filha ficou grávida. Foi para ajudá-la e acabou ficando. “Este ano, ela descobriu um linfoma. Ainda está em tratamento. Esses meses foram difíceis. Ela abriu um café, ter o próprio negócio era um sonho. Descobriu o linfoma e veio a pandemia. Foi tudo junto, um baque. Mas Deus é bom. Ela já fez a quimioterapia, está terminando a radioterapia e se Deus quiser, uma nova fase virá”, vibra ela, que recentemente fechou parceria com a loja de roupas Ávida e tem feito lives.
Quando atuava no Brasil, Daniela era a queridinha do autor Aguinaldo Silva atuando em quase todas as suas novelas. Depois que foi para Portugal, eles perderam um pouco o contato. “Ele também comprou uma casa aqui, nos vimos, mas não temos mais aquela ligação de se falar sempre como antes. Mas quando a gente se encontra é com alegria e prazer. É uma pessoa que me ajudou imenso e que eu adoro”, diz ela, que mantém amizade principalmente com Taís Araújo e Nívea Stelmann.
Na época das novelas do Brasil, Daniela pesava 67, 68 quilos. Hoje, está entre 74 e 75. “Para a minha altura está bom. Mas vejo umas gordurinhas mais localizadas. Nunca fui da ginástica, só na época de Porto dos Milagres, porque a personagem exigia um corpaço. Agora, nunca tive tendência para engordar, mas claro que com a idade a gente precisa se policiar mais não só pela estética, mas pela saúde também”, admite. Aos 43 anos, ela se sente com uns 20 e poucos. “Estou ótima, mais madura. Seria bom se aos 20 a gente tivesse a experiência que temos agora. Meu marido fala para eu não mexer em nada, não colocar botox, diz que ‘não quer uma boneca’. Passo meus creminhos e faço massagens. Mexer no rosto será difícil. As linhas não são de expressão, mas de maturidade, de vivência”, finaliza.
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