“Fabrico oportunidades”, diz Hugo Moura, que estreia direção de curta com a mulher, Deborah Secco, na equipe


Com o fim de ‘Malhação: Toda Forma de Amar, o ator fala da estreia como cineasta e da paixão pelo audiovisual. Hugo celebra a seleção de sua primeira produção, o curta-metragem ‘Nós’ no Cine Ceará, e fala do projeto com Deborah Secco: “Eu tive a honra de ela integrar a equipe e fazer a preparação de elenco. Ela tem muito tempo de set e uma sensibilidade absurda. E era um filme que precisava das sutilezas na interpretação, então ninguém melhor. Deborah também já passou por esse processo de preparação muitas vezes, então acho que selecionou o melhor e jogou para os meninos”. Para 2021, vem aí o longa-metragem ‘Abusos’, uma parceria sua, como diretor de fotografia, com o sócio na produtora Abelha Filmes, Vitor Frad, que dirige. O filme aborda diversas situações de abusos. E mais: uma produção assinada com sua mulher para streaming

*Por Brunna Condini

Com o fim de ‘Malhação: Toda Forma de Amar’ antecipado este ano por conta da pandemia do novo coronavírus, Hugo Moura se despediu de seu personagem, o professor de Muay Thai Daniel, mais cedo. E durante esses meses de pandemia, o ator tem se dedicado a duas paixões: a fotografia e o audiovisual. “Comecei a produzir meu conteúdo. Já vinha estudando fotografia e praticando, fazendo alguns trabalhos. E sempre tive na minha cabeça que não posso depender de ninguém para que algo aconteça. Acho que se temos condições de produzir, de fabricar nossas próprias oportunidades, temos que fazer”, diz o ator.

“Na verdade, na minha vida, eu tinha pensado mais em estar atrás das câmeras do que na frente. Eu fui me apaixonando pela atuação. E tive a oportunidade de estar dentro da Globo por dois anos e meio e aprendi muito, que hoje coloco no set de filmagem. Mas, a partir do momento que acabou meu contrato, eu fui criando essa oportunidade e produzindo. Pensei: por que não produzir, dirigir e atuar em filmes? Eu quero é contar histórias. Entendi que queria estar na parte das pessoas na sociedade que desejam levantar questões, pensar para onde estamos indo. E se for como ator, fotógrafo, contrarregra, eu vou estar. Hoje temos viabilidade técnica e para exibição. Então, realmente não vou ficar parado esperando algo acontecer”.

“Quero é contar histórias. Entendi que queria estar na parte das pessoas na sociedade que desejam contar histórias e levantar questões, pensar para onde estamos indo” (Reprodução)

Hugo fez sua estreia como diretor no curta ‘Nós’, que foi selecionado para a mostra competitiva do 30º Festival Cine Ceará, que terá encerramento nesta sexta-feira (dia 11), em Fortaleza, com transmissão online no Canal Brasil. No filme, dois amigos da infância, vividos por Monica Bittencourt e Ricardo Burgos, após terminarem seus relacionamentos percebem que têm mais que uma amizade.  “Uma amiga me apresentou ao Ricardo, ele também é baiano, como eu. Nos juntamos com mais duas baianas, a Monica Bittencourt e a Beatriz Torres, que fez assistência de direção. O resto da equipe é carioca, mas o núcleo, de onde nasceu o filme, é baiano”, conta.

Hugo Moura filma o curta ‘Nós’, que tem preparação de Deborah Secco para o elenco (Divulgação)

E celebra a parceria na produção com a mulher, a atriz Deborah Secco: “Foi demais. Eu tive a honra da Deborah integrar a equipe e fazer a preparação de elenco. Ela tem muito tempo de set e uma sensibilidade absurda. E era um filme que precisava das sutilezas na interpretação, então ninguém melhor. Deborah também já passou por esse processo de preparação muitas vezes, então acho que selecionou o melhor e jogou para os meninos”.

Arte como canal de debate

Hugo tem outro trabalho sendo finalizado para estrear em 2021, o longa-metragem ‘Abusos’, uma parceria sua, como diretor de fotografia, com o sócio na produtora Abelha Filmes, Vitor Frad, que dirige. O filme aborda diversas situações de abusos, com roteiro supervisionado por Vitor, mas desenvolvido de forma colaborativa contando as histórias pessoais que o elenco levou para o processo de criação. “É cinema de guerrilha, é acalentador. Temas como esse devem ser debatidos, sendo comercialmente viáveis ou não. Existe a arte do belo pelo belo. Mas um dos pontos cruciais dela é provocar o debate, a conversa, a reflexão. A arte também te aproxima do outro, do que ele viveu”.

Vitor Frad e Hugo Moura, sócios na Abelha Filmes, e diretores de ‘Abusos” (Divulgação)

O ator deu essa entrevista direto de Campinas, São Paulo, onde está rodando uma série por sua produtora. “Fui para o Rio para o aniversário da Maria Flor (que fez 5 anos no dia 4 de dezembro), e voltei para trabalhar. Estamos produzindo bem, estou feliz. E tem uma curiosidade sobre o nome da nossa produtora. Eu e o Vitor criamos a Abelha Filmes e demos esse nome porque Deborah em hebraico é abelha. E Vitor também é casado com uma Deborah, então foi uma forma de homenagem às nossas mulheres”.

“Nem sei se podia falar sobre isso (risos). Mas estamos trabalhando em um projeto grande, pela Abelha Filmes, junto com a produtora do André Moraes, para um streaming” (Reprodução)

Hugo revela também que está produzindo algo com Deborah. “Nem sei se podia falar sobre isso. Mas estamos trabalhando em um projeto grande, pela Abelha Filmes, junto com a produtora do André Moraes, para um streaming. Esse para mim é projeto principal na minha pauta hoje. O André é muito amigo nosso e a ideia nasceu em um papo entre nós. É um tema que achamos que devemos e que tem pouco material brasileiro sobre. Está caminhando e sinto que vai rolar”.

hugo com a filha Maria Flor, que completou 5 anos em dezembro, e Deborah Secco (Reprodução)

Pai amoroso, ele fala do primeiro ‘trabalho’ da filha na TV, uma participação ao lado de Deborah, na novela ‘Salve-se quem Puder’, que volta à grade da emissora em 2021. “Isso vem da Maria e ela tem um pai e uma mãe apaixonados por histórias. O tempo inteiro estamos fazendo algo relacionado a isso. É a nossa vida. Então é uma coisa muito natural”, comenta.

“Foi ela que pediu para participar da novela. Conversamos em casa e achamos legal ela passar por essa experiência. Mesmo que depois, lá na frente escolha outra coisa. Pode ser a experiência que marcou a entrada dela neste mundo ou não. Fui como acompanhante, porque a Deborah estava gravando. Olha, Maria saiu feliz demais. Inclusive, não queria ir embora do Projac, mas expliquei para ela que tínhamos um protocolo ali, uma quantidade de horas que podíamos ficar. Ela ficou dias falando da gravação e agora todas as amiguinhas dela também querem fazer novela”.

Deborah Secco e a filha Maria Flor nos bastidores da novela ‘Salve-se quem Puder’ (Reprodução)

Vivendo nos últimos anos o mergulho na paternidade – “Sei que faço o meu melhor e só desejo que Maria seja Feliz” –  ele diz que a vontade de ter mais um filho vem sendo ‘gestada’ há algum tempo. “A Deborah está acabando a novela agora, então temos muitas chances de encomendar outro ou adotar. Ainda estamos em vias de negociação (risos), mas estou confiante que agora vai acontecer. Acho que vai ser bom para a Maria ter um irmão ou uma irmã. Eu não sei o que seria da minha vida se não fosse a minha. Deborah também é muito ligada aos irmãos”.

O melhor plano é viver

Hugo revela que a mãe, Marcia, que vive em Salvador, está com Covid-19. “Minha irmã, Camila, acaba segurando a onda, porque estou aqui. Minha mãe está bem, mas é bom saber que ela está amparada. É muito bom ter uma irmã”, diz. “No começo eu fiquei mais preocupado, mas hoje minha mãe já está no nono dia, então já está em ritmo de desaceleração do vírus. Mas dá medo”.

Ele que também foi infectado pelo vírus junto com Deborah Secco, conta que antes disso, os dois ficaram trancados em casa, sem ver ninguém, cumprindo a quarentena por 70 dias. “Ficamos em uma casa que temos fora da cidade neste tempo. Mas tivemos que flexibilizar um pouco por conta do trabalho. Foi aí que pegamos, no final de junho. Tivemos da forma branda, graças a Deus. Maria negativou, apesar de ficar o tempo todo com a gente”.

E conclui sobre alguns aprendizados do período: “Há alguns anos me envolvi em um acidente de carro grave, quase morri, fiquei meses de cama. Ali, já entendi que a vida é um sopro. Não sabemos de nada. Podemos marcar de nos falar daqui uma semana e pode ser que tudo aconteça ou nada aconteça. Não temos controle. Acho que precisamos aprender todo dia a viver, ter jogo de cintura. E isso na pandemia ficou ainda mais claro para mim. Então, vamos fazer as coisas hoje, se pudermos. O plano é viver”.