Exclusivo! Um papo com a multitalentosa Mariana Ximenes, que revelou seu novo desafio: investir no trabalho como produtora de cinema


A atriz assina a produção de “Um homem só”, dirigido por Claudia Jouvin, e é produtora associada em “Prova de Coragem”, de Roberto Gervitz. Ela atuou em seis longa-metragens recém-rodados, uma série de suspense e ainda tem tempo para ser referência de estilo. O segredo? Bom-humor

Mariana Ximenes está dando um novo passo profissional e investindo na verve de produtora de cinema. A atriz, que integra o elenco de seis filmes recém-rodados, tem novos planos para uma carreira de sucesso em paralelo. Desde muito jovem vivendo personagens marcantes no teatro, cinema e televisão, quis se reinventar e buscou ir além. Para isso, começou a captar recursos a fim de levantar projetos que a motivem. Foi com esse espírito e força de vontade que se lançou no meio da produção cinematográfica. “Gosto de experimentar e, além de fazer personagens diferentes, que me instiguem, quero participar ativamente assinando produções”, afirmou.

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Mariana Ximenes está envolvida em seis longa metragens e mergulhou de cabeça na carreira de produtora (Foto: Bella Tavares)

Em “Um homem só”, dirigido por Claudia Jouvin, além de atuar, acompanhou de perto o desafio de fechar parcerias como produtora. Mariana gosta de se envolver e já havia tido contato com a área em “Prova de Coragem”, de Roberto Gervitz, como produtora associada. Se no segundo filme a produção associada é apenas na hora de fechar o cachê, a coprodução é um mergulho de cabeça que envolve muito mais. “Vem desde a primeira leitura do roteiro. A história nasceu de um papo tomando cerveja e falando sobre a vida, as demandas. A minha amiga Claudinha escreveu e dirigiu e me chamou, eu topei na hora”. No elenco, tem a companhia de astros e estrelas como Vladimir Brichta, Ingrid Guimarães, Eliane Giardini, Otávio Müller e Luiza Mariani. O filme ganhou três Kikito no Festival de Cinema de Gramado. A protagonista e produtora do longa, Mariana Ximenes, levou para casa o Kikito de Melhor Atriz. Seu parceiro de cena Otávio Müller ganhou o troféu de Melhor Ator Coadjuvante. O prêmio de Melhor Fotografia foi entregue a Adrian Teijido pelo seu trabalho no longa.

Mariana na pele de Josie, uma atendente de um cemitério de animais, em "Um homem só". Ela ganhou o prêmio de Mlehor Atriz do Festival de Gramado pela atuação

Mariana na pele de Josie, uma atendente de um cemitério de animais, em “Um homem só”. Ela ganhou o prêmio de Mlehor Atriz do Festival de Gramado pela atuação

O novo ramo profissional despertou na intensa atriz o desejo de correr atrás de projetos com os quais se identifique. E ela garantiu que sabe ouvir um “não”. “Agora tomei gosto por produzir. O duro é achar algo que eu realmente queira fazer, mas estou aberta a novas negociações. Quero correr mais riscos, me envolver, expressar, comunicar. Quando a resposta é negativa, tudo certo também. Vamos para o próximo”, disse, bem-humorada, emendando que conseguir patrocínio no Brasil 2015 é difícil: “Principalmente quando não é uma história convencional ou comédia”.

Ela, que conversou com HT em Miami Beach, onde representou o filme “O Gorila”, de José Eduardo Belmonte, contou que participar do longa-metragem foi especial. “É uma felicidade estar nesse filme tão particular. É um projeto pessoal do diretor, feito entre amigos, com baixo orçamento, mas com muito amor e crença na história. Foi muito interessante, porque tivemos um lançamento pequeno e é legal ver a história rodando por aí. Adorei a receptividade do público”, disse, elogiando a 19ª edição do Brazilian Film Festival of Miami, iniciativa das irmãs Adriana e Cláudia Dutra, com Viviane Spinelli através da Inffinito Produções. “É muito bacana poder levar um pouco da cultura brasileira para outros olhares. Essa diversificação da nossa identidade tem maior alcance em um festival internacional”.

Mariana com Adriana Dutra e Viviane Spinelli na pós-exibição de "O Gorila" na 19ª edição do Brazilian Film Festival of Miami (Foto: Bella Tavares)

No Colony Theatre, Mariana com as produtoras Adriana Dutra e Viviane Spinelli na pós-exibição de “O Gorila” na 19ª edição do Brazilian Film Festival of Miami (Foto: Bella Tavares)

Além disso, Mariana declarou que adorou ver outros longas representando tão bem o Brasil. “O documentário da Adriana Dutra, ‘Quanto tempo o tempo tem’ me tocou demais, está reverberando na minha cabeça há dias e foi assunto de várias rodas de conversas. Ela abordou de forma tão sensível as relações, que vão se aprofundando, como mudou a longevidade humana e lidar com isso de forma saudável. Principalmente, o contato olho no olho e como vamos encarar isso daqui para frente. As pessoas têm que conferir esta produção com tanto embasamento e depoimentos de filósofos, cientistas, religiosos, pensadores”, sugeriu, com a sensibilidade habitual.

Outra história pela qual a atriz se apaixonou foi  “Que horas ela volta?”. O filme de Anna Muylaert traz Regina Casé no papel de uma empregada doméstica que larga a vida no Nordeste para cuidar em São Paulo de uma criança da idade de sua filha. Confira aqui a nossa entrevista com a diretora do longa-metragem que está na corrida por uma vaga entre os cinco indicados ao Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro. “Fiquei extremamente comovida. É impressionante a reação do público já nas primeiras cenas. É lindo de ver como Anna, Regina e equipe conseguiram levar um cinema de extrema qualidade para o mundo. É uma história tocante, humana, comovente, brasileira e muito nossa”, analisou ela, que também tem uma “Val” em sua vida, que, por coincidência, tem o mesmo nome da personagem do longa. “A minha Val está comigo há 12 anos, temos uma relação muito profunda e eu adoro a filha dela, que me acompanha em vários eventos. A diferença entre a Val do filme é que eu não me coloco no lugar da personagem da Karine (Telles, patroa), mas, sim, do Fabinho (o menino de quem a empregada cuida). A relação com quem trabalha na nossa casa é muito básica, de intimidade. É o comer, o dia a dia. Eu e minha Val temos amor e afeto”, disse ela, emendando que até seus amigos conhecem a funcionária. “Ela cozinha muito bem, faz cada bolo. Todo mundo quer chamar a Val para cozinhar uma coisinha”, dispara. E nos revela: “Adoraria ser dirigida por Anna Muylaert”.

Adriana Dutra e Mariana Ximenes no Brazilian Film Festival of Miami (Foto: Bella Tavares)

Adriana Dutra e Mariana Ximenes no Brazilian Film Festival of Miami (Foto: Bella Tavares)

Apesar do gosto por se engajar em todas as fases de um processo de criação, Mariana confessou nunca ter pensado em se aventurar na escrita, mas revelou que sempre perguntam se ela gostaria. “Eu ainda não tenho esse desejo. Talvez seja falta de parar. Se eu ficar no ócio criativo, quem sabe”. Mas essa palavra não existe no dicionário da atriz. Ativa, divide seu tempo entre muitos projetos e se envolve intensamente em cada um deles. “Um homem só”, sua primeira experiência como produtora, já lhe rendeu reconhecimento. “Ganhamos três prêmios no Festival de Gramado por esse filme. Vamos para a mostra em São Paulo e, depois, lançaremos”. Paralelamente, está na fase de finalização de “O grande circo místico”, de Cacá Diegues. Sua personagem, Margareth, é intensa. “Faço uma sofredora que é completamente louca, mesmo. O filme vai ser lançado ano que vem e é um trabalho para se orgulhar”.

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A atriz apresentou o longa, lançado há cinco anos, no Festival de Miami e elogiou a iniciativa da Inffinito Produções (Foto: Bella Tavares)

Além disso, atuou em uma participação do filme de Ruy Guerra adaptado do livro “Quase memória”, de Carlos Heitor Cony. Este filme tem um significado e tanto para Ruy Guerra. É a volta do cineasta desde o longa-metragem “O veneno da madrugada” (2005).  Mariana ainda gravou, em inglês e português, “Zoom”, do diretor Pedro Morelli, da produtora O2. O longa de três histórias é recheado de metalinguagens e conta até com animações. “Foi uma coprodução com o Canadá, faço a Michelle, uma brasileira que briga com o marido e resolve voltar para o Brasil, em Trindade, para escrever um romance. O meu par romântico é o Jason Priestley e tem o Gael García Bernal no elenco também”, adiantou, sobre o filme que será lançado em 2016 e foi recentemente apresentado no Festival de Toronto.

E de festivais ela entende. Após representar “O Gorila”, voou de Miami direto para Brasília, para apresentar “Prova de Coragem” na capital. “Sou produtora associada nesse filme que aborda a questão de escolhas e relacionamentos e é baseado no livro Mãos de Cavalo, de Daniel Galera. Dou vida a uma artista plástica. Vou daqui direto para o Festival de Brasília e lá encontro o Roberto Gervitz, a produtora Mônica Schmiedt e o Armando Babaioff, meu par na história”.

Mariana destacou a receptividade do público em Miami: “As pessoas são sempre muito carinhosas. Aqui tem os latinos, que também degustam e consomem cinema brasileiro e querem tirar fotos” contou. O afeto do público pela artista que está nas telas há anos e se dedica com amor a tantos projetos é compreensível. Ela está ainda no elenco do longa-metragem “Depois de você”, comédia dramática, com roteiro de Angélica Lopes, Kirsten Carthew e Marcus Ligocki Júnior e dirigido por Ligocki Jr.

Para a TV, ao lado de Cleo Pires, Erom Cordeiro e outras nove pessoas, filma, ainda, “Supermax”, um seriado de suspense para a Rede Globo. Escrito por Marçal Aquino e Fernando Bonassi, com direção assinada por José Alvarenga Jr., “Supermax” promete levantar questões fortes como eutanásia. “É uma série pesada, então vai passar tarde. Será terror mesmo, com assuntos muito polêmicos. Eu vivo uma enfermeira”, comentou.

Mesmo com tantos compromissos, Mariana ainda tem tempo para se dedicar à moda. Ela, que é uma referência no assunto e inspira muitas mulheres com seus looks, acredita que estilo é uma linguagem. “Moda é comportamento. A minha relação é muito forte, porque acredito que é uma forma de expressão, assim como a arte, que eu também adoro. Consumo moda, mas não sei se tenho um estilo só. Gosto do clássico, mas com pitadas de modernidade”, contou, a bordo de um maiô estiloso e uma blusa com estampa da Frida Kahlo.

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A bordo de um lindo Valentino, a atriz confessou ser apaixonada por moda (Foto: Bella Tavares)

Com tantas vertentes, quem pensa que Mariana se deixa levar pela fama se engana. A atriz, que adora a natureza, contou que busca tempo para tudo. “No feriado do dia 7 de setembro eu fui para um sítio sem internet e consegui não ficar agoniada. O que me ajudou? Um livro, uma rede e um namorado”, riu. Aliás, o sorriso é uma marca registrada. “Gosto de tiradas espirituosas, de ter humor na vida”. E nós gostamos dela por isso.