Nelson Sargento prepara livro de cordel sobre história da Mangueira


O sambista foi uma das atrações do Sábado das Campeãs no camarote Folia Tropical e conversou com HT sobre esse carnaval com perfume politizado

Ícone do samba e da música brasileira em todos os gêneros, Nelson Sargento aguardava ansioso na madrugada deste domingo, no terceiro andar do camarote Folia Tropical, para voltar a interpretar Zumbi dos Palmares no desfile da Estação Primeira de Mangueira – agora como campeã do Carnaval 2019 – quando encontrou o site HT. E, lógico, estava feliz da vida. Tinha acabado de fazer um show no palco no espaço ao lado de Pedro Miranda.

No palco do Folia Tropical, Nelson Sargento (Foto: Folia Tropical)

“Foi um enredo muito inteligente, falando do Brasil com profundidade. E a arte tem esse poder de criticar, de ensinar e marcar o seu tempo. Nós fizemos crítica, sim. Esse é o papel da cultura. Nosso discurso tem missão, valor cultural. Falamos na Sapucaí de uma vereadora executada (Marielle Franco). Isso não dá para esconder, tem que ser mostrado e foi bem apresentado pela Mangueira para o mundo. Contamos a verdadeira história dos negros – que ainda sofrem discriminação. Gosto de lembrar, sabe o quê? Que quem fundou a Academia Brasileira de Letras foi um negro (Joaquim Maria Machado de Assis). E agora o branco está lá…”

Do alto de seus 94 anos, Sargento diz não perder a indignação cidadã. Viveu a ditadura, participou dos movimentos pela redemocratização do país, enfim é testemunha dos dramas e glórias vividos pela população brasileira. “Agora tem a Lava-Jato, né? Sabia que eu acho que todo delator é importante? Sem eles, a história para! Eu sou do tempo de Getúlio Vargas, então sei do que estou falando. Na última eleição eu não votei, mas nas duas vezes que Lula se candidatou eu votei nele. Chegou esse presidente novo, mas ele não vai resolver. Me revolta que as coisas que precisam ser feitas, não são feitas. E o que não precisa, ele se importa”, alfinetou.

Encontro dos sonhos no Folia Tropical: Nelson Sargento e Gal Costa (Foto: Livea Mattos @liveamattos @conexaosocialproducoes)

Em tempo: Seu Nelson está escolhendo músicas inéditas – compostas por ele – para gravar um novo CD que será lançado neste ano. Paralelo a isso, o mangueirense está escrevendo um livro sobre a história da Estação Primeira de Mangueira em forma de…cordel! Quer mais? Agora é Youtuber e vai virar personagem de história em quadrinhos. E em setembro próximo, ele segue para o Japão para fazer shows. Imagina quando fizer um século de vida…!

Nelson Sargento: o Zumbi dos Palmares da Mangueira (Foto: Livea Mattos)

E. para vocês, o site HT transcreve aqui as frases mantra de Nelson Sargento do alto dos seus 94 anos: “A vida é luta, lutarei até o fim. A vida só é ruim para quem não sabe esperar. Não me sinto realizado, pois quem se sente já pode morrer e eu ainda tenho muito o que realizar enquanto escritor, compositor, artista plástio, ator, pesquisador e pretendo fazer a minha arte até o infinto”. Axé, Nelson Sargento!

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