Prepare o saco de risadas que ele está de volta em dose tripla na televisão e dupla nos cinemas. Com a agenda superlotada, o ator Marcus Majella conversou com o HT sobre os novos projetos, parceria com Paulo Gustavo, respeito e homofobia e mostrou que é muito mais do que um humorista incrível. No Multishow, Majella estreou no dia 20 a nova temporada de “Ferdinando Show”, o programa de entrevistas estrelado pelo seu personagem que surgiu no “Vai Que Cola”, outro programa humorístico do canal – que também tem temporada nova. Espera aí que a gente já te conta.
Sobre o talk show, Majella disse que a nova temporada está cheia de novidades. Entre elas, a participação da ex-panicat Nicole Bahls, que assume papel de (mais que) assistente de palco. “A função dela ficou bem divertida nessa temporada. Ela é uma assistente de palco, mas que, na verdade, é uma faz-tudo. A Nicole participa de alguns números musicais comigo na abertura, interage com a plateia e os convidados e faz várias brincadeiras com aquele jeito dela. Fora que, se um entrevistado fala alguma coisa, ela fica livre para falar o que pensa. Nicole está bem solta e soltando bastante pérola. Chegou chegando de verdade”, disse Majella sobre a nova companheira.
Na nova temporada, além de Nicole Bahls, o talk show, que é exibido às segundas, quartas, quintas e sextas-feiras, terá formatos diferentes por dia. Além do tradicional, em que Ferdinando entrevista uma personalidade, Majella nos adiantou que, em alguns dias, o programa será “à la Hebe Camargo”. “Uma vez por semana o público vai poder ver uma configuração diferente, de entrevistas no sofá. Eu vou receber entre quatro e cinco convidados e vai virar uma grande brincadeira com todo mundo. A gente vai bater um super papo com vários momentos de descontração. Estamos montando uma temporada para que cada dia o público assista a um programa diferente”, afirmou.
Vamos ao próximo programa: “Vai Que Cola”. A série, que é sucesso inquestionável entre o público, terá a quarta temporada a partir de outubro. A nova fase das aventuras na Pensão da Dona Jô terá novos integrantes. Como Majella nos contou, Letícia Lima, Marcos Luque e Rafael Infante vão compor o elenco dos moradores do Méier, bairro carioca em que se passa a trama. “Fora os novos personagens, nessa temporada, vão aparecer alguns nomes que o Ferdinando citava em edições passadas. Então, nessa fase, vai ter o “bofe mais lindo do Lins”, o “Pai Painho”, entre outros. Esses personagens, que ele sempre falou, vão aparecer para movimentar a vida dele e da pensão. Nós estamos a todo vapor”, declarou. Sobre o sucesso das outras temporadas, Majella atribuiu ao encontro de atores, roteiro, canal e momento político. “Tudo influenciou para que o ‘Vai Que Cola’ tivesse essa repercussão positiva. Acho que não tem apenas um fator ou uma pessoa. Foi essa união a nossa sorte, o destaque é para o nosso encontro”, completou.
“Amoooor”, “viaaaado”, “ai, eu ‘tô’ toda cagada”. Quem nunca ouviu algum desses bordões, né? O fato é que o Ferdinando é sensação entre o público. Além de ter ganhado importância e espaço na pensão da Dona Jô – que, inclusive, virou filme em 2015 –, o personagem de Majella ainda conquistou um programa só para ele, como já contamos. E, nas ruas e nas redes sociais, esse retorno é imediato. “Às vezes, quando eu falo um bordão novo, pelo retorno do público eu já sei se vai pegar ou não. E assim a gente vai criando, vendo o que desperta interesse ou não na plateia. E todo episódio eu tenho que falar, porque senão as pessoas me cobram depois”, brincou.
Já em “220 Volts”, programa estrelado por Paulo Gustavo em que Marcus Majella aparece no final zoando o amigo, sua participação será a mesma. A quinta temporada do humorístico já está sendo gravada e vai estrear em setembro. “O Paulo sempre me manda uns vídeos mostrando como estão os bastidores das gravações. E, como o Multishow está investindo muito em programas de humor, essa temporada do ‘220 Volts’ está cheia de brilho e novidade”, afirmou. E a amizade e parceria com Paulo Gustavo, com quem Majella também divide a cena no “Vai Que Cola”, garante um entrosamento e uma cumplicidade maior nos textos e improvisos. “Nós somos muito amigos na vida real. Ele, inclusive, é o meu melhor amigo. Nós estamos sempre juntos, até nas folgas. Enfim, amizade mesmo. E eu acho que isso transparece no palco para o público. É tudo tão real e verdadeiro que as pessoas se identificam muito, eles veem que estamos nos divertindo de verdade. Não tem como enganar, nem o melhor ator conseguiria falsear essa intimidade. Quando estamos em cena, não conseguimos nos olhar sem rir, a gente tem intimidade e química. Então, durante a cena, sabendo como é o humor do outro, fazemos piadas já imaginando o que o outro vai responder”, disse.
Agora vamos às novidades das telonas. Em abril, Marcus Majella participou do longa “A Canção de Lisboa”, em Portugal. Na terra de nossos parceiros de idioma, o ator interpretou um marqueteiro político brasileiro, que vai até lá para ajudar um político a se eleger primeiro-ministro. “Foi bem interessante trabalhar em Portugal durante um mês. Além de mim, também tem a Luana Martau de brasileira no elenco. Eu adorei gravar lá e fiz grandes amizades. Os portugueses são ótimos para se trabalhar, amei a experiência” disse o ator que, quando chegou lá, se surpreendeu com a popularidade do Ferdinando. Apesar de ter sido um trabalho para o mercado europeu, Majella contou que tem chances de o longa vir para os cinemas brasileiros. Tomara, né?
E tem mais, ele não para! Em agosto, Marcus Majella grava o filme “Tio Imperfeito”, o primeiro trabalho para os cinemas como protagonista. Nesta comédia, o ator nos disse que vai ter a chance de falar com as crianças, que sempre acompanham seu trabalho nas telinhas. “É um presente para retribuir o carinho do público infantil que se amarra no meu trabalho. Quando eu vi o roteiro, imaginei que seria uma forma maravilhosa de dar de presente para as crianças e jovens que curtem o que eu faço. É um filme para toda a família, desde os avós às crianças. No longa, eu sou um tio que fico de babá de três crianças durante um período em que a mãe deles viaja”, adiantou. Risada garantida, hein?
Além de todos esses trabalhos, Majella ainda tem dois projetos de filmes para o fim do ano. E como ele consegue dar conta de tanta coisa? “É uma loucura, nem eu sei como estou conseguindo. Porém, estou, cada vez mais, conseguindo fazer a minha agenda com antecedência. Agora, por exemplo, eu já estou com compromissos marcados até 2017. Eu me organizo assim, para que eu consiga tirar férias e folgas de vez em quando. Ano passado, por exemplo, eu trabalhei de segunda a segunda. Este ano eu estou mais organizado, eu consigo parar e me dedicar para cada projeto. E acho que assim, eu faço melhor. Quando eu fazia muita coisa junto, ficava ainda mais cansado”, explicou.
Em tempos de “politicamente correto” e crises de valores como os que estamos passando, Marcus Majella disse que o humor pode funcionar como saída para discussão de problemas mais sérios. “Eu acho que está faltando a gente rir um pouco mais de nós mesmos. Está todo mundo brigando muito, não tem tanto amor entre as pessoas. Os haters das redes sociais, por exemplo, estão cada vez mais pesados. O humor, para mim, é a melhor arma para conseguir passar a mensagem que queremos sem que o próximo fique com ódio. Usando da graça, conseguimos entrar de forma mais sutil na cabeça dos outros, é mais leve. Entre uma piadinha e outra, as pessoas vão entendendo melhor e vendo a realidade com mais clareza. E eu acho que não é só humor, mas, a cultura de modo geral. Cada um transmite a sua mensagem através da própria arte, que não tem como função responder às questões, e, sim, questionar. A arte é transformadora e faz pensar. E, ainda bem que eu sou artista, trabalho com humor e posso colocar a minha opinião para fazer a galera refletir com isso a partir das minhas brincadeiras. Porque, se nós não brincarmos hoje em dia, com esse mundo que estamos vivendo, a gente vai morrer” disse.
No entanto, hoje em dia, Marcus Majella não faz de tudo pela piada. Com o passar do tempo e o ganho de maturidade, o humorista nos contou que sempre tem a preocupação de ver se determinado texto pode ofender ou magoar alguém. “Eu não gosto de fazer com os outros o que eu não gosto que façam comigo. Quando eu recebo algum texto mais malicioso ou ofensivo, eu penso se eu reagiria tranquilo com aquilo e pergunto para outras pessoas. Caso a resposta seja sim, eu faço a piada. No ‘Vai Que Cola’, por exemplo, é tudo combinado e conversado antes. Eu adoro que me chamem de baleia, gordo, foca ou orca. Eu gosto de ser gongado, acho o maior barato. Mas nem todo mundo é assim, e isso a gente vai aprendendo com o tempo. Quando somos muito novos e queremos fazer de tudo para sermos engraçados, acabamos falando alguma coisa desagradável. Só que agora não. Eu estou perdendo a piada, mas não perco o amigo e nem deixo ninguém magoado. A regra é o respeito com o próximo e não fazer com o outro o que não queira que façam com você”, mandou o papo.
Na pele do personagem gay Ferdinando, Marcus Majella se tornou mais que uma referência de humor. Hoje, o ator é visto como um símbolo da comunidade homossexual no Brasil. Em uma época em que pessoas são assassinadas sob pretexto de “limpeza”, como vimos no recente caso ao atentado à boate gay Pulse, em Orlando, nos Estados Unidos, Majella reconhece a responsabilidade que carrega sobre os ombros. “As pessoas me escrevem falando que, por causa do Ferdinando e pelo carisma do personagem, a mãe consegue amar mais o filho gay. E eu fico muito feliz com isso, porque é mais uma vez o papel da arte transformando as pessoas. O Ferdinando nada mais é do que um personagem gay que está aí para mostrar que faz tudo na sociedade o tempo inteiro e que essas questões estão ficando ultrapassadas. Ainda tem uma geração antiga que ainda pensa assim, mas a nova já está com outro pensamento. Fora que tem vários outros artistas aí para combater esse preconceito e mostrar que a homossexualidade é cada vez mais normal. Cada vez mais, nós vamos combater o preconceito com amor e respeito, e é isso que importa”, declarou. A gente é fã.
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