Luiz Pié vem sendo apontado por críticos como o novo grande nome da música brasileira. Não é para menos. Com sua voz privilegiada de timbre marcante e o estilo inusitado de cantar, ele cria novas roupagens para clássicos já reconhecidos mundialmente. Ousadia? Não para ele, cantor de formação jazzística e autodidata em música popular. “Não receio visitar o passado e transformá-lo, pois faz parte da nossa história. Decodificá-lo para a linguagem de ‘hoje em dia’ é um grande privilégio e é algo que me fascina”, explicou o jovem criado no orfanato Aldeias Infantis. Nem a falta de dinheiro foi um empecilho para afastar Pié de seus sonhos. Trabalhando de lanterninha em um cinema, o cantor gastava todo o seu salário em uma lan-house na região da crackolândia, onde pesquisava a obra de ícones como Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gal Costa, Gilberto Gil, Emílio Santiago e outros.
Hoje, reconhecido por seus ídolos, Luiz Pié lança “Memória Afetiva”, seu primeiro disco solo, com direito à dueto com Milton Nascimento, um dos seus padrinhos musicais, e produção e arranjos de ninguém menos que Roberto Menescal. “Além de ser música título do grande compositor Roberto Menescal, o trabalho homenageia outros grandes compositores da música brasileira através das memórias que tive do meu primeiro impacto e contato com a grandeza dessa música”, explicou, a respeito do título do trabalho.
“Memória Afetiva” realmente, já que o primeiro contato de Pié com a música foi através de uma vitrola e 26 LPs doados ao orfanato em que morava. “Foi a partir desse presente que eu tirei todo o respaldo para a minha base musical”, declarou ele, que só tem boas memórias da época. “Minha infância foi muito feliz, como qualquer criança normal. Sempre que eu canto, fecho os olhos e lembro de tudo que vivi no orfanato”, contou.
Para ele, ser considerado um dos novos nomes da música é também uma responsabilidade. “É uma grande honra poder fazer jus a esse título. Tudo começou de um sonho e poder realizá-lo é gratificante e pleno. Saber disso me faz sentir que estou no caminho certo”, disse. Ainda assim, ele não se contenta e busca aprender sempre mais. “Como músico, é um grande desafio interpretar grandes compositores da época de ouro da MPB, além de ser sempre um grande aprendizado, afinal essa é a raiz da nossa música e do que é produzido até os dias atuais”, analisou.
Roberto Menescal, grande nome da música no Brasil, foi o responsável por descobrir Pié, que ele considera uma honra. “Conheci Roberto em uma ocasião informal, em um bar na zona sul do Rio de Janeiro. Desde lá nós não nos separamos mais. Tê-lo como amigo é incrível, receber esse tipo de estímulo de uma entidade da bossa nova e da música brasileira como um todo me impele a persistir sempre”, disse ele, que, a partir daí, conheceu outros ídolos como Marcos Valle e o próprio Milton. “Eles são referência na música que eu faço. Meu sentimento ao conhecê-los foi de êxtase e admiração. Estar de frente a grandes mestres da nossa cultura popular me emociona e estimula a criar, produzir e renovar”, declarou.
O Teatro Rival, um dos maiores redutos dos grandes artistas do país, já abriu suas cortinas para acolher a voz grave de timbre aveludado de Pié, que ele destacou ter sido uma honra. Apesar disso, o músico sonha ainda mais alto. “O que eu quero é realizar uma grande apresentação no Carnegie Hall, pois é o palco dos mais consagrados artistas mundiais”, revelou ele. Quem duvida que Luiz Pié chega lá?
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