*Por Karina Kuperman
Juliana Paes atraiu todas as atenções ao cruzar a passarela da Skazi, no Minas Trend, a bordo de um vestido esvoaçante que deixou suas costas de fora. A inegável beleza da atriz, porém, não é um escudo. Cheia de referências e dona de uma conversa fácil, Juliana recebeu o site HT com exclusividade no backstage do evento e contou que, para sua próxima personagem, teve que se despir da vaidade. Trata-se do filme que conta a história de José Pedro de Freitas, o Zé Arigó, como ficou conhecido por suas cirurgias e curas espirituais. “Na história, faço uma mulher bem mais velha, minha personagem é a Arlete, mulher dele. O Zé Arigó casou com a prima mais velha. Nas primeiras cenas do filme eu estou com a minha idade, depois faço a personagem com 50 e poucos anos. É uma composição difícil pra mim. Um desafio viver essa mulher mais velha, mas também é libertador poder entrar em cena sem preocupar com beleza, rugas. Estou com rugas. Elas marcam as minhas linhas de expressão, colocam manchas de idade, cabelo branco. Tudo que uma mulher desgastada pela vida pode ter marcado na pele”, adiantou ela, que não teve problema em se despir de sua vaidade.
“Fiquei muito impressionada porque não tinha visto nenhuma revisão e já estava pensando: ‘Ah, não vou estar bonita no filme’. Mas quando fui ver os frames… não é que tem beleza ali? Não esse tipo de beleza da capa de revista, mas a beleza da poesia. Eu achei bonito. Com todas as rugas, olheiras, ela usa óculos pesadão. Mas gostei do que vi. Como atriz eu não tenho vaidade com isso. Mesmo. Cheguei a pensar ‘será que isso vai me angustiar?’. Normalmente as atrizes querem rejuvenescer nos papéis. Mas gostei de ser capaz de produzir aquela figura tão diferente”, disse, sobre a produção. ainda sem título. “Vamos contar a história do homem, da pessoa, de como foi sofrido para ele. Como ele e sua família abdicaram de muita coisa para ajudar as pessoas. Foi uma vida inteira assim. Ele morreu muito jovem, envelheceu rápido, a esposa também”, contou Juliana, que, no longa, contracena com nomes como Danton Mello e Marco Ricca.
A atriz, que ainda é muito lembrada nas ruas por sua Bibi Perigosa em “A força do querer”, revelou que tem uma mistura de sensações quando pensa na história da mulher que entrou no mundo do crime por amor. “É complicado. Eu, como carioca, ando muito preocupada com o futuro da nossa cidade, mas acho que ali, na novela, a gente já vinha denunciando e contando essa história, apesar das críticas que recebemos no começo, de glamurização do crime, que sempre foi uma grande besteira. Não estávamos glamurizando, mas contando uma história da vida real. É aquilo que acontece, desse jeito que as jovens são atraídas para esse universo. Eu tenho orgulho de ter feito essa personagem, mas por outro lado muito triste porque é difícil ver uma solução. A polícia precisa de reformulação, as politicas públicas precisam de reformulação. Do jeito que está até aqui não deu certo e não acho que vá dar”, lamentou ela, que revelou estar com medo de andar pelo Rio de Janeiro. “Nunca fui assim e hoje em dia estou. Sempre fui destemida, minha mãe mora em Niterói, sempre andei pra lá e pra cá sozinha, fui muito independente. Atualmente a gente vive em uma bolha. Quem tem condições se tranca em um carro blindado, se fecha em casa, procura fazer o mesmo trajeto, evita determinados horários, mas isso está longe de ser ideal ou perfeito porque essa bolha é transparente e vemos o que está acontecendo. Não fico feliz de viver assim. Não estou protegida”, afirmou.
Mãe de Pedro, de sete anos, e Antônio, de quatro, fruto do casamento com o empresário Carlos Eduardo Baptista, Juliana se angustia ao pensar no futuro. “Criar filhos assim dá medo. Como vai ser quando começarem a sair, ir para a casa dos amigos, balada? É a primeira vez que eu me pego conversando com meu marido sobre sair da cidade. Nunca tinha pensado nisso”, revelou.
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