Após ter vivido o homofóbico e problemático Enrico na novela “Império”, um sucesso no horário nobre da Rede Globo, Joaquim Lopes agora embarca no teatro com a peça “Anti-Nelson Rodrigues“, em cartaz no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil, de quarta a domingo. Dirigida por Bruce Gomlevsky, a montagem traz de volta à Cidade Maravilhosa o penúltimo texto escrito pelo dramaturgo, que só foi teve uma apresentação nos palcos cariocas, em 1974.
Na peça, Joaquim vive Oswaldinho, um rapaz rico e mimado, que acredita poder comprar tudo e todos com um montante de dinheiro. No elenco, ainda estão Juliana Teixeira – que também assina a produção -, como a mãe de Oswaldinho, em uma relação levemente incestuosa com o filho; Rogério Freitas como Gastão, o pai do rapaz; Yasmin Gomlevsky como Joice, a menina que conquista o coração do playboy trapaceiro; e Tonico Pereira como o pai da “moça amada”. Não se deixe enganar pelo título: o texto transborda com as maiores e melhores características pelas quais a obra de Nelson Rodrigues se destaca na literatura nacional.
O Site HT sentou-se com Joaquim após a exibição da peça e conversou com o ator sobre como é voltar aos palcos, a sua relação com o teatro, os projetos futuros (dizem que seu contrato com a Rede Globo está chegando ao final) e muito mais, que você lê abaixo:
HT: O que te atraiu nessa peça, especificamente, que é tão desconhecida do público geral?
JL: Eu já havia trabalhado com o Bruce [Gomlevsky] no ano passado, com a peça “Intimidades”. Ele me ligou e disse que estava fazendo uma montagem do Nelson Rodrigues – aí já foram dois motivos – que só havia sido apresentada uma vez no Rio de Janeiro, com o José Wilker vivendo o mesmo personagem que eu. Então, agarrei a oportunidade e achei que esse texto merecia chegar ao público de novo.
HT: E, para você, como foi viver o mesmo personagem de José Wilker, um ator tão respeitado e querido pelo público?
JL: É, sem dúvidas, uma grande responsabilidade e uma honra muito enorme. Mas, ao mesmo tempo, eu sempre tento dar a minha própria leitura ao personagem.
HT: O Oswaldinho parece um pouco com o Enrico, o personagem que você viveu em “Império”. Consegue fazer essa conexão?
JL: Ele [Oswaldinho] é meio arrogante, né? Consigo sim. Os dois acham que conseguem conquistar tudo através do poder.
HT: E como é voltar ao teatro, com tempo para se dedicar integralmente a uma peça?
JL: É muito bom! A minha formação é toda em teatro, essa já é minha 19ª peça! Na faculdade eu já tinha atuado em “Vestido de Noiva”, então já estava familiarizado com a obra do Nelson [Rodrigues].
HT: Para o ator, qual a diferença entre estar na TV e estar nos palcos?
JL: Acho que o importante é estar sempre trabalhando e conseguindo se reciclar, se reinventar. Eu, por exemplo, tive três dias de folga entre o fim da novela e o início dos ensaios para a peça. O palco é diferente porque você tem uma relação mais direta com o público. E, não sei, mas acho que o ator de teatro tem mais ‘recheio’. Sem querer desmerecer o ator de TV, até porque eu também trabalho com isso. Mas, por exemplo, em uma peça, você consegue se aprofundar mais no personagem e tem a curva dramática toda. Na novela, você descobre a história e o seu personagem com o tempo.
HT: Quais seus próximos planos para depois da peça? Já recebeu algum convite?
JL: Eu começo a trabalhar ainda essa semana em um curta-metragem de drama, “Escolhas”, dirigido pela Dani Suzuki. Ainda estamos nos estágios bem iniciais de pré-produção.
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