Gabriela Pugliesi gravando Snapchat, Sabrina Sato correndo para chegar a tempo, Yasmin Brunet sentando na fila A. Esse era o clima prévio ao desfile que Helo Rocha fez para fechar o quarto dia da 20ª São Paulo Fashion Week. Além das tradicionais celebs, a apresentação do Inverno 2016 da estilista tinha outra aura: a expectativa em torno das mudanças que entregaria desde que sua marca, a Têca, passou por uma reformulação e, agora, balança o mercado com o próprio nome da estilista. E para entender o que está diferente na moda entregue pela potiguar, HT a tirou para uma conversa de canto de backstage. No papo, a reinvenção, a crise financeira, e o futuro da maior semana de moda da América Latina.
HT: O que mudou da Têca para Helo Rocha?
HR: A falta de estampas, principalmente. Essa é a principal mudança, além de termos focado em trabalhos manuais, o destaque da coleção.
HT: Mercadologicamente falando, por que fazer essa transição?
HR: Eu acho que, agora, nesse momento em que a moda está passando, quem fica no intermediário, que não assume nem uma linha de fast fashion, nem de high, está fadado ao limbo. A mudança é quase que natural, muito sutil, porque eu já vinha fazendo uns trabalhos manuais, uns vestidos, sempre recorrendo a um diferencial. Culminou com a mudança da marca, porque as pessoas linkavam muito a Têca com estampa, com roupas que não eram mais o que eu queria fazer.
HT: Paulo Borges, idealizador da São Paulo Fashion Week, nos disse que falta o governo pensar em um Plano de Estado para salvar a moda. Que tipo de ajuda específica seria bem vinda?
HR: Eu acho que falta mais incentivo, porque a gente paga impostos demais para produzir roupa e para comprar tecido de fora. Tem que importar, porque a gente não produz tanto. Então, não dá para usar só o que é feito no Brasil. Eu acho que falta esse incentivo para a gente produzir mais barato do que produzimos.
HT: Em tempos de recessão econômica, como você sentiu a crise?
HR: A marca cresceu nessa recessão. Eu acho que enxerguei essa mudança da grife em um momento propício. Deixei de fazer a roupa que ficava no intermediário, porque não dá para concorrer com Riachuelo, por exemplo. Tem que fazer algo que nenhuma fast fashion consegue fazer.
HT: Como você vê a SPFW daqui cinco anos?
HR: Eu vejo a semana de moda com mais novos talentos e pessoas jovens. Já deu uma renovada de uns aninhos para cá. A tendência é essa. Acho que tem que aparecer gente boa, não pode ficar enchendo o line up só por encher.
HT: A mulher que veste Helo Rocha é…
HR: Exuberante.
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