Mais de 15 milhões de discos vendidos, com músicas em inglês, espanhol e até francês, recordes de bilheteria no cinema, 50 troféus ou mais na prateleira e o posto de símbolo sexual por 40 anos de carreira. Sim, estamos falando de Maria Odete Brito de Miranda ou, como é conhecida nacionalmente, Gretchen, cantora, dançarina e atriz que se apresenta na noite deste sábado (8), na edição especial da festa “Wallpaper”, na The Week, produzida e promovida por Guilherme Acrízio. “Essa vai ser minha primeira vez lá. Gosto muito de ter esse contato com o público mais jovem, porque mostra que meu trabalho persiste, que teve resultado. E eu adoro!”, conta a artista em entrevista exclusiva ao Site HT.
Franca, direta ao ponto e sem pudores durante a conversa, Gretchen comenta que, enquanto é uma diva para muita gente, a pessoa que mais admira no showbiz é Sílvio Santos. “É alguém que, realmente, sempre esteve presente na minha vida, e que já me ajudou muito no início da carreira”. Recentemente, a vida profissional da artista ganhou um novo boom com o lançamento do videoclipe de “Rainha do Bumbum”, uma parceria com o DJ Rody, que chamou a atenção nas redes sociais. Sobre o processo de gravação, ela conta que foi tudo ideia de Rody, da colaboração ao conceito do vídeo, e que o clima no estúdio não poderia ter sido melhor. “Foi maravilhoso! Ele soube que eu estava no Brasil e teve a ideia de gravarmos juntos. Confio muito no trabalho dele, então aceitei na hora”, revela.
A carreira de Gretchen pode ser considerada uma das mais emblemáticas do showbiz brasileiro. Ela, que começou a fazer sucesso já aos 16 anos quando integrava o grupo As Melindrosas, ao lado da irmã Sula Miranda, passou por novelas, programas de auditório, filmes de sucesso, a indústria do pornô – que já comentou inúmeras vezes ter sido o maior arrependimento de sua trajetória – e, então, mudou-se para a Mônaco, onde vive agora. Pelo caminho, foi coletando discos de ouro e platina para sucessos como “Freak le boom boom”, “Conga conga conga” e “Melô do Piripipi”, todos ainda bem conhecidos do público, mesmo mais de três décadas depois. Quando perguntada se já sofreu algum tipo de preconceito ou machismo por ter sempre a sensualidade como ponto principal de suas apresentações, ela desconversa: “Nunca tive muita resistência quanto a isso. Claro que já aconteceu, mas eu continuo ignorando como sempre. De qualquer forma, hoje essa questão está muito melhor [do que no começo]”, afirma.
Fora dos palcos, a vida pessoal de Gretchen também sempre esteve na mídia, aumentando ainda mais a curiosidade dos fãs em torno de sua persona pública. Primeiro, há um certo mistério envolvendo o número de casamentos da artista: enquanto seus biógrafos oficiais alegam que a eterna Rainha do Rebolado subiu ao altar cinco vezes, há sites quem afirme que foram 17. Fora isso, há sua participação no reality-show “A Fazenda” e a relação previamente conturbada com o filho Thammy Miranda, que passou por uma transição de gênero, a qual, no início, não foi muito bem aceita pela mãe. Mas ela conta que, apesar de só ter conversado com a filha sobre o assunto antes da operação de retirada dos seios, essa questão já é água passada por baixo da ponte. “Acho isso muito normal. Chegou mais do que o momento de ela assumir a sua condição, de ser realmente o que ela quer e ser feliz do jeito que ela é”, declara.
Hoje, aos 56 anos, Gretchen mora na Europa e está casada há quase três anos com o arquiteto português Carlos Marques. “Quando ele não é daqui e me conheceu em Porto, há uns três anos, não sabia quem eu era e nem o que eu representava. Foi muito legal, porque ele gostou de mim por quem eu sou de verdade”, conta animada, com a voz em um tom mais doce ao relembrar o episódio. Esse e outros capítulos de sua vida amorosa estão programados para entrar em uma autobiografia da artista, com previsão de lançamento para outubro deste ano, e escrita por Gerson Couto e Fabio Fabricio Fabretti. “A ideia foi deles e eu vou contar tudo sobre a minha vida, do meu ponto de vista, com muita verdade. É quase como um documentário, cheio de fotos e momentos que fazem alusão à minha carreira”, entrega, sem querer revelar muitos detalhes.
Atualmente, a artista está movendo um processo contra uma página de humor do Facebook que usa seu nome com posts que ela considera ofensivos e degradantes, como a própria publicou em sua página. Sobre as críticas online, ela diz que lê, mas não se incomoda: “Estou na fase de excluir todo mundo que não me agrada. Se vejo alguma coisa que eu sei que não vai ser legal, eu boqueio”, conta sobre os comentários ofensivos que aparecem em fotos como a que você abaixo. Por sinal, ela ainda diz que não faz muito exercício físico para manter a forma: “Eu não sou muito de fazer ginástica, não tenho tempo! Procuro ter uma alimentação saudável, porque tenho uma vida muito agitada na Europa. E como não tenho empregada em casa, sou eu que arrumo tudo, então manter as coisas em ordem às vezes ajuda também”, ri.
Na “Wallpaper”, Gretchen abrirá uma rara exceção e retornará aos palcos, após ter pausado a carreira de performer já há alguns anos. Rebatendo as críticas de que estaria desempregada ou sem dinheiro, ela comenta com HT: “Acho que já fiz tudo o que tinha para fazer na minha carreira. Cheguei a uma média de 40 shows por mês, durante muitos anos. Eu posso ter ficado longe da mídia brasileira, mas nunca parei de trabalhar”, conta. Na The Week, ela comenta que o show será uma novidade: “Vai ter dança, show com DJ e muita música nos sets. É tudo completamente diferente, vou tomar a posição de diva que eu mereço”, diz, enfatizando que só vem ao Brasil para ajudar os fãs e os amigos. “Já faz tempo que eu havia decidido ir embora daqui, morar em outro país e me dedicar à minha família”, confessa, enfatizando veementemente que não pretende voltar a morar em terras brazucas. “Não sinto falta daqui. Só tenho saudades da minha família e da comida – adoro um feijão bem temperado, não há igual”, diz, mostrando que mesmo longe, a Rainha do Rebolado ainda é totalmente brasileira.
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