A trajetória de Ghilherme Lobo na profissão de ator não é das mais convencionais. O jovem de 20 anos começou a fazer teatro aos sete, mas foi apenas aos 18 que teve o primeiro gosto de ser reconhecido pelo trabalho, graças ao seu exímio desempenho como Leonardo, o jovem cego e homossexual que conquistou público e crítica em “Hoje eu quero voltar sozinho”, o aclamado filme de Daniel Ribeiro. Não demorou muito para ele conseguir chegar à TV e, na noite de hoje (4), ele dá mais um passo certeiro, ao viver a versão jovem de Augusto de Valmont, o personagem de Selton Mello em “Ligações perigosas”.
Na minissérie, Ghilerme contracenará com Isabella Santoni, que, por sua vez, interpretará a versão jovem de Isabel D’Ávila de Alencar, vivida por Patrícia Pillar. Ambos irão encarnar um clima de luxúria e falta de princípios éticos ou morais, ambientado na década de 1920 e que, de acordo com os mesmos, servirá como um mergulho na história dos personagens, que prometem protagonizar cenas tórridas ao longo dos 10 episódios escritos por Manuela Dias e dirigidos por Vinícius Coimbra.
Em um bate-papo exclusivo com HT, Ghilherme Lobo fala sobre sua participação em “Ligações perigosas”, a responsabilidade de viver o mesmo personagem de Selton Mello, como sua carreira seguiu o caminho inverso do convencional e avalia se está pronto (ou mesmo se quer tal objetivo) para assumir o posto de galã global. Leia abaixo:
HT: Você começou a se tornar conhecido do público no cinema, com “Hoje eu quero voltar sozinho”. Agora, está despontando na TV com um papel atrás do outro. Como tem sido essa experiência para você?
GL: Para resumir em uma palavra: incrível! O interessante é que o filme foi meio independente, com um baixo orçamento, algo que aconteceu da mesma forma com o curta-metragem. E, normalmente, a trajetória do ator é ao contrário: ele faz sucesso na TV, para depois experimentar no cinema. Eu comecei a atuar com sete anos, quando fazia teatro musical. Então, sempre quis trabalhar com televisão, mas não era meu maior desejo na carreira. Mas sei também que ainda tenho muito para crescer no meio.
HT: Qual a sensação de estar interpretando o mesmo personagem que o Selton Mello?
GL: Sempre quis contracenar com o Selton, mas agora não sei o que é mais legal: atuar ao lado dele ou fazer o mesmo papel que ele. Nesse personagem, eu tive a oportunidade de analisar o seu trabalho como ator e pegar muitas referências para o Augusto, que fizessem o público perceber que se trata da mesma pessoa.
Leia também: Selton Mello fala da volta à TV com “Ligações perigosas”
HT: E como foi mergulhar nessa psique do Augusto de Velmont? Como pretendeu dar seu próprio toque ao personagem?
GL: Ele é meio devasso, e esse foi um ponto fundamental que eu, Isabella Santoni e Francisco Accioly, o preparador de elenco, conversamos muito sobre esse ponto: de onde vem isso? Porque a maior parte da história mostra os dois adultos, mas eles também tiveram uma infância, e o que aconteceu nela para que eles se tornassem assim? Ou já nasceram desse jeito? Essa profundidade pode não ficar muito aberta para o público, mas, para mim, ele já tinha esse lado libertino, e é algo que ele foi desenvolvendo e descobrindo, sem se reprimir. A partir disso, ele não precisou se conter mais.
HT: Como foi o trabalho de caracterização na minissérie para a década de 1920? O que achou da experiência?
GL: Foi incrível! Esse é o meu primeiro trabalho de época, apesar de eu já ter dançado “O Quebra-Nozes”, que também tem esses trajes mais formais. Mas, claro, um balé formal de (Piotr Ilitch) Tchaicovsky (1840 – 1893) é completamente diferente. Enfim, essa experiência foi muito legal para mim porque pude sair de uma novela atual, que se passava em 2015 (“Sete vidas”) , para embarcar nessa jornada com um personagem também adolescente, porém antagônico ao meu anterior.
HT: Aos poucos, você está trilhando uma carreira promissora que promete dar muitos frutos no futuro. Está preparado para entrar no time de galas da Rede Globo?
GL: Eu não penso em criar ou caçar isso. Se acontecer, tem que ser naturalmente. Já aconteceu com outros atores que não procuraram isso, mas o público acaba escolhendo. Então, acho que estou preparado tanto para caso aconteça quanto para o contrário. Meu objetivo é trabalhar em novela, cinema, teatro, crescer, aprender e exercer. Não é meu objetivo ser um galã ou uma grande celebridade. Acho que, às vezes pode ser consequência, ou não. Mas não vou sentir que falhei caso não aconteça comigo.
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