Exclusivo: Carlos Tufvesson visita a Fenin Fashion Rio e diz: “A feira veio em momento crucial para uma cidade que não teve evento de moda este ano”


O presidente do Conselho de Moda do Rio de Janeiro destacou a importância do evento para o mercado e ainda falou sobre a ausência da semana de moda carioca no calendário oficial

Carlos Tufvesson visita a 1ª FENIN Fashion Rio e declara: "Se a moda moda morrer no Rio, ela morre no Brasil" (Foto: Liane Neves | Divulgação)

Carlos Tufvesson visita a 1ª Fenin Fashion Rio e declara: “Se a moda morrer no Rio, ela morre no Brasil” (Foto: Liane Neves | Divulgação)

Já consolidada como uma grande feira de moda em São Paulo e no Rio Grande do Sul – o atual local onde é realizada é a cidade de Bento Gonçalves, na área do Vale dos Vinhedos -, a Feira Nacional da Indústria Fashion (Fenin), pilotada por Julio Viana, diretor da Expovest, fincou seus pés na capital fluminense batizada como Fenin Fashion Rio, e atraiu ao Riocentro, ontem, a presença do presidente do Conselho de Moda da Cidade, Carlos Tufvesson. Ele e Julio se conheceram no início deste ano, quando o empresário veio à cidade mostrar o projeto final do seu investimento na indústria da moda, tendo o Rio como epicentro de um novo local de realização. “Julio Viana apresentou um formato já consolidado no Brasil, de Sul a Norte. A cidade do Rio é o maior holofote para a moda nacional e estamos completamente carentes de eventos como esse. Veio justamente em um momento crucial”, afirmou. E acrescentou:  “A moda carioca é essencial. Se a moda morrer no Rio de Janeiro, ela morre no Brasil todo”.

Carlos lembrou a carência da semana de moda no Rio e a falta da realização de feiras que façam as engrenagens da indústria da moda girar em tempos de economia tão instável. “O Rio sempre teve um bom mercado de semana de moda e salão de negócios, porém, com a suspensão de duas edições do Fashion Rio e um intervalo de business entre marcas e compradores, a oportunidade da Fenin caiu como uma luva. Foi lamentável e um desrespeito termos ficado sem desfiles de Primavera/Verão”, disse Tufvesson. Suspenso desde abril de 2014, o Fashion Rio, que servia como vitrine para a moda carioca, ainda não tem data nem formato oficial para voltar à cidade. Como já abordamos aqui no site HT, um dos assuntos que mais interessam aos estilistas, editoras de moda, fashionistas e agentes da indústria da moda é o rumo do Fashion Rio. O diretor criativo da Osklen, Oskar Metsavaht, que assumiu o posto de Coordenador do Fórum Empresarial de Moda da Firjan, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, ao lado de nomes como Lenny Niemeyer, Andrea Marques, Alessa Migani, Sharon Azulay e Jacqueline de Biase, lidera o grupo responsável por discutir a identidade e o futuro da moda no Rio e, dentre as tarefas, está a reformulação do Fashion Rio: “Todos esses criadores estão em uma sinergia de pensamentos. O objetivo é chegarmos a um novo formato que consiga mostrar a moda de uma maneira diferente, integrando-a com a música, as artes e o cinema. Na verdade, esse é o jeito que eu sempre enxerguei a moda”, contou Oskar, na ocasião.

Carlos Tufvesson posa com Júlio Viana e Denis Viana durante a 1ª edição da FENIN Fashion Rio (Foto: Liane Neves | Divulgação)

Julio Viana, Carlos Tufvesson e Denis Viana durante a 1ª edição da Fenin Fashion Rio (Foto: Liane Neves | Divulgação)

“O desafio do Fórum Empresarial de Moda da Firjan é não apenas reformular o evento, mas rediscutir toda a estratégia para o mercado do Rio de Janeiro. E todos os criadores devem ter acesso às informações de como andam essas negociações”, disse Tufvesson. Ele ainda garantiu com veemência: “Vamos ter uma semana de moda, sim. Ainda não sei qual será o formato, nem se será Fashion Rio, mas a moda brasileira nasceu no Rio, não adianta discutir, e a cidade não pode ficar sem um evento dessa importância”.

Durante a 1ª edição do FENIN Fashion Rio, Carlos Tufvesson diz: “O Rio vende comportamento através da moda" (foto: Liane Neves | Divulgação)

Durante a 1ª edição da Fenin Fashion Rio, Carlos Tufvesson diz: “É um momento muito importante para a moda” (foto: Liane Neves | Divulgação)

Seu discurso tem motivo. O Rio de Janeiro sempre ditou tendência não só para o resto do país, mas também é uma referência mundial quando o assunto é moda-praia, a qual está integrada ao próprio estilo de vida dos cariocas. “A cidade vende comportamento através da moda, ou seja: tem sua identidade refletida no vestuário. O Rio sempre teve faturamento de moda verão”, conta o estilista, que destaca ainda a importância da cidade desde o início da moda no Brasil. “O made in Rio era muito maior do que o made in Brasil. Inclusive, o primeiro calendário de moda que teve no país foi aqui”, afirmou.

Carlos Tufvesson garante ainda que o Conselho de Moda da cidade está planejando um calendário para estimular outras produções que não sejam apenas desfiles, aos moldes dos salões de negócios que sempre foram fundamentais para a indústria e fizeram parte da roda de negócios cariocas. “A passarela não é um show. É uma maneira de mostrar a coleção, de dar vida à roupa e à ideia do estilista. Quero que os salões de negócios aconteçam junto com os desfiles. O Conselho de Moda está pensando em um novo formato que alie essa parte de business com a passarela”, explicou.

Para Carlos, a importância da 1ª edição da Fenin Fashion Rio, dado o atual panorama da moda carioca e da economia nacional, é fundamental e um ato corajoso de Julio Viana. “É bacana que esteja acontecendo a Fenin aqui, porque a feira é voltada para compradores. É um momento muito importante para a moda”, afirmou. Vale lembrar que, como declarou anteriormente, o estilista enxerga a real necessidade de apoio do governo para o crescimento e valorização do setor. “A moda tem que ser encarada como atividade econômica, é o segundo maior gerador de empregos no Rio, mas precisa de apoio. Ela gera emprego e precisa de mão de obra”.

* Colaborou: Karina Kuperman