*Com Lucas Rezende
Ana Hickmann estava há uma semana para conversar com HT. Mas a vida de mãe, empresária, esposa e apresentadora de programa matinal a impediram de ter um tempo anterior. A pisciana, que estava no Rio de Janeiro gravando “SOS Mãe” para o “Hoje em Dia” da Record, já chegou explicando a rotina atribulada. Coisa de gente acostumada a ser pontual desde muito cedo, característica essencial para a vida de jovem modelo internacional. “Eu aprendi a ser profissional e pontual”, conta, o que explica a preocupação.
Ana acabou de lançar a campanha de inverno da sua linha de óculos Ana Hickmann Eyewear, com tema Glam City. A campanha tem a cidade de São Paulo como pano de fundo e retrata o glamour da metrópole. “É sobre a visão que tenho pelos lugares que passei pelo mundo. Além de São Paulo, temos Londres, Singapura e Nova York. Elas representam um momento da minha vida de maturidade, independência”, explica.
Esse é só um dos motivos da nossa conversa, que passeia pelo momento político do país, no qual ela diz que se os protestos tivessem acontecido antes, “com certeza estaríamos comandados de forma melhor”; a sua volta às manhãs brasileiras, episódio que a “assustou um pouco”; a maternidade e a vida (dura) de top model, já que, infelizmente, “modelo tem que ser um cabide perfeito”. Tá hot!
HT: Ana, uma vez modelo, sempre modelo?
AH: Ah, com certeza. Como eu comecei com essa profissão, por mais que eu exerça outra posição na minha vida, sempre serei modelo. E isso acontece com qualquer mulher ou homem. A gente acaba aprendendo a usar o corpo, o rosto e não esquece mais. É que nem andar de bicicleta.
HT: Dessa época, o que você mais tem saudade?
AH: Dos lugares em que eu pude morar. Morei seis anos em Nova York, um ano e meio na Itália, e depois um ano em Paris. Esse período foi muito bacana, aprendi muito, amadureci e ganhei responsabilidade. Aliás, essa bagagem que eu trouxe do mundo da moda eu levo para a televisão. Eu aprendi como modelo a ser pontual e ser profissional, por isso mil desculpas pelo atraso.
HT: Sem problemas. Mas e o pior lado de ser top model? Do que você não sente a mínima saudade?
AH: Uma das coisas mais difíceis são as cobranças com ser muito magro. Eu sofri bastante. Eu tenho 1,86m e tinha que vestir que nem a menina de 1,76m. E esses 10 cm dificultavam a minha vida e muito. Perder peso era complicado. O problema todo é que o modelo tem que ser um cabide perfeito.
HT: E o Photoshop? Vilão ou mocinho?
AH: Ele pode ser as duas coisas. Já foi vilão, porque infelizmente alguns trabalhos que eu acabei não aprovando eu saí parecendo um boneco de cera. Perde toda naturalidade e altera a cor do figurino, a luz do fotógrafo. Eu fico me perguntando: por que chamaram uma equipe maravilhosa para depois mexer?
HT: Entendo. Mas ele nunca foi mocinho?
AH: Quando ele tira algumas imperfeições como acne, sim.
HT: Passada essa fase de modelo, agora você é empresária e está lançando sua nova coleção de inverno dos óculos Ana Hickmann Eyewear. E o trabalho publicitário se passa todo em São Paulo, que tem toda aquela coisa da metrópole glamourosa…
AH: Toda minha história começou em São Paulo, mas não é o único cenário para a campanha de inverno. Foi somente para os óculos. É uma visão que eu tenho pelos lugares que passei pelo mundo: Londres, Singapura, Nova York e São Paulo. Elas representam um momento da vida, sinônimo de independência e maturidade.
HT: E a questão do glamouroso? O que precisa para ter glamour?
AH: Glamourosa é se olhar no espelho e sentir bonita. Tem que ter brilho, tanto que nossa linha vem trabalhada com cristais Swarovski. Já havíamos trabalhado com isso, e estamos retomando nesse inverno. Foi um grande sucesso, não só no Brasil, mas como na Europa toda. A mulher precisa de brilho, e isso vale para tanto para joia, quanto para roupa.
HT: E você se sente glamourosa?
AH: Ai, toda mulher é glamourosa. Tenho o momento de peão também, quando vou trabalhar. O elegante é você saber dosar.
HT: Voltando ao momento em que você fala que é independente. Essa questão começou bem cedo na sua vida, né?
AH: Eu sou uma moça muito independente, mas o amadurecimento foi chegando aos poucos. A independência foi muito cedo, até porque sou a filha mais velha, de pais separados. Tinha que cuidar dos mais novos, das tarefas da casa. Eu também troquei de escola duas vezes, e fui para a cidade grande. Isso fez com que minha mãe me dessa liberdade. Ela sempre disse: “a gente prepara os filhos para o mundo. Eu não tive a minha independência, mas você tem que ter”.
HT: E o que você deseja ver por meio das lentes da nova coleção? O crescimento do filho, um país melhor…
AH: O crescimento do meu filho virando um homem honesto. Quero que ele trabalhe com o que ame. A pessoa só é feliz quando ela tem essa possibilidade. Já sobre o país, nós temos um Brasil maravilhoso, mas como cidadã e empresária eu estou bem decepcionada com o que vem acontecendo. O que ainda me dá orgulho são essa manifestações pacíficas. É tão bom ser brasileira por isso. Mas nós temos pessoas por aqui que são capazes das maiores atrocidades com o dinheiro público. É uma pena que isso [as manifestações] não aconteça na época das eleições. A gente teria um país melhor comandado.
HT: Durante as fotos para a campanha, você sentou na frente do computador com o fotógrafo e analisou tudo que foi feito. É sempre assim, acompanhando todo o processo?
AH: Eu participo de tudo. Eu tenho dois estilistas na Itália e o que eles fazem lá vem para o Brasil para a minha aprovação. Não tem um produto que eu não aprove. A gente define junto. Tem também uma pesquisa do posicionamento de vendas, daquilo que a gente acredita mais. E outra: eu não sei vender uma mentira. Não importa se o produtor custa R$ 1 mil.
HT: Vamos falar de televisão. Como foi voltar para as manhãs?
AH: Tem sido muito bom. Eu sinto muita falta de trabalhar com o Britto [Jr] e a Ticiane [Pinheiro, do “Programa da Tarde”], mas trabalhar ao lado do César Filho e da Renata Alves é muito gratificante. Estou amando. O Cesár tem me ensinado muito, assim como outros jornalistas me ensinaram, como o Paulo Henrique Amorim, o Celso Freitas. E a Renata é uma preciosidade, com aquele sotaque, que está aparecendo mais agora.
HT: Isso que ia comentar, da pluralidade. Ela mantém o sotaque, enquanto outros tiram né?
AH: Se criou uma escola de ter um padrão de falar, de mexer. Essa cartilha caiu. Quanto mais natural melhor. A gente tem uma mulher com sotaque nordestino. E a gente tem que continuar assim sem preconcito ou sofrer uma caricatura. Eu acho o máximo. O correto mesmo é ser único.
HT: Para encerrar, o que você ainda quer fazer na TV?
AH: Eu tenho só 11 anos de televisão. Eu estou muito feliz atualmente, mesmo me assustando muito no começo essa mudança.
HT: Por quê?
AH: Fiquei muito preocupada por sair de um programa que eu estava curtindo muito fazer que era o “Programa da Tarde”. Pensava: será que as pessoas vão me aceitar de volta? Outras pessoas também passaram por lá. Fizemos as contas esses dias e deram 15 pessoas. E também tem a questão da adaptação. Mas deu super certo.
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