* Por Junior de Paula
Talytha Pugliesi é uma das modelos mais importantes do Brasil, fruto daquela geração imbatível dos anos 90, e uma das muitas que vem sabendo fazer bem a transição do mundo fashion para outras vertentes artísticas. Talytha continua modelando em ocasiões especiais, é bom que se diga, mas ela segue construindo outros caminhos. Já fez participações como atriz, repórter, foi do elenco fixo do Esquenta! e otras tantas cositas más.
Agora, ela tem rodado o Brasil – ou melhor, as capitais que serão sedes dos Jogos da Copa – gravando para o programa Guiados Pelo Sabor, do qual ela vai ser a apresentadora ao lado de um chef de cozinha de Porto Rico. Mas toda essa introdução da nossa personagem tem um motivo: Talytha, durante uma visita a uma tribo indígena no Amazonas, fez uma foto ao lado das índias vestida como elas, portanto, com os seios de fora.
Ao publicar no Instagram, a surpresa: ela foi comunicada que aquela foto infringia as regras da rede social e teve a imagem deletada. Talytha, claro, colocou a boca no trombone e rapidamente viu sua foto ser compartilhada por dezenas de amigos e desconhecidos. Por isso, a gente pediu a ela para contar, em primeira pessoa, sobre toda essa experiência. Vem ler:
“Eu estou viajando as 12 capitais que vão sediar os jogos da Copa com um programa chamado GPS, Guiados Pelo Sabor, no qual eu divido a apresentação com um chef de cozinha portorriquenho. Nossa quarta cidade foi Manaus. Não via a hora de chegar lá. Já tinha tido uma experiência inesquecível na Amazônia há alguns uns ano, mas não no Amazonas e, sim, no Pará. Vivi momentos muito lindos ali, que sem dúvida, não vou esquecer nunca. Uma das pautas do programa era conhecer a tribo Tatuyos. E foi maravilhoso conhecer mais da história e raízes deles. Me fez lembrar de quando eu era criança. Queria ser índia. Me senti muito à vontade e, de alguma forma, parte daquilo também. O que eu mais amo no nosso país é a nossa diversidade e o povo brasileiro de forma geral. Tão diferente e tão especial. Então, ter esse contato com os índios, os representantes da origem disso tudo, foi extremamente especial para mim.
Antes mesmo de chegar lá, eu já tinha pensado nessa foto. Queria fazer uma foto com as índias exatamente como elas vivem. Quando acabamos de gravar, eu comentei a minha vontade com algumas pessoas da equipe e umas me acharam maluca e outras me apoiaram. Eu, no fundo, só precisava que alguém dissesse: vai lá, faz sim! Ai perguntei para o cacique se poderia fazer a foto com elas e se ele tinha uma saia como a delas para me emprestar. Fiz e foi lindo. Algumas índias acharam graça e eu senti que elas ficaram contentes com a foto. Acho que nem elas esperavam por isso. Não sei se alguma outra mulher branca já fez algo parecido, mas sei que foi uma das melhores ideias que já tive na vida, além de ter sido um dos momentos mais lindos também.
Infelizmente depois de postada a foto, o Instagram deletou e me mandou uma advertência, (a minha segunda), dizendo que eu infringi as regras postando uma foto de nu. Fiquei superchateada. Foi a minha quinta foto deletada por eles, mas essa eu achei que essa não deletariam, já que não tinha nenhuma conotação sexual e, mais do que isso, a foto era o registro dos poucos índios que ainda sobrevivem e defendem sua cultura no nosso país. A foto mostrava as nossas raízes, a nossa cultura. Depois de eu ter esbravejado no Facebook sobre o ocorrido com o Instagram, algumas pessoas começaram a repostar a foto e nenhuma, além da minha, foi deletada depois. Fiquei muito feliz! Acho que se as índias souberem que a foto delas rodou um pouquinho por outras tribos, elas ficariam felizes como eu”.
* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.
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