*Por Fernanda Quevedo
Bem antes da nova onda do feminismo invadir todos os setores da indústria cultural, Missy Elliott, assim como, Lauryn Hill e outras rappers contemporâneas, já deixaram seus recados nas rádios e clipes exibidos à exaustão na MTV. Precursora de uma geração de artistas black norte americanos, a doutora em música, Elliott completa 48 anos e 20 de carreira, celebrando o sucesso, vivendo a espiritualidade e estrelando a capa da Marie Claire, americana, em agosto.
“Às vezes, você pode sentir vontade de desistir porque trabalha tão duro e ainda não está no lugar que você quer estar, seja mentalmente, financeiramente ou profissionalmente. Mesmo que pareça um longo tempo, é importante não perder a fé, e continuar acreditando que algo bom vai acontecer”, celebrou. Toda esta emoção, não é para menos. A trajetória da MC é um exemplo da luta por visibilidade e igualdade no Rap, gênero dominado pela presença masculina e pela reprodução de discursos machistas.
O retorno às paradas de música, com o sétimo álbum prestes a ser lançado, é considerado por críticos internacionais, como uma nova reconfiguração do hip hop. Apesar do ritmo intenso, a MC declara-se tranquila: “Agora que eu tive a chance de desacelerar, eu olho para os meu vídeos antigos, e vejo quão à frente eles estavam, e agora tem uma nova música da Missy que está chegando, e é hora de fazer com as pessoas se identifiquem de novo”.
Para Elliott, qualquer adjetivo é pouco perto dos feitos da cantora e compositora que já foi indicada 22 vezes ao Grammy e conta com cinco prêmios em sua estante, considerando que ela começou a carreira em 1986 e só em 1997 gravou seu primeiro disco solo. Este ano, o retorno da cantora está sendo bombástico. Ela entrou para o seleto Hall da Fama dos Compositores, nos Estados Unidos, espaço ocupados por apenas dois rappers: Jay-Z e Jermanie Dupri. Na sequência, recebeu o título de Doutora em Música, pela Universidade de Música Berklee de Boston, tornando-se a primeira rapper a receber o diploma. Na premiação em Nova York, ela ganhou os parabéns em vídeo de Michelle Obama e Queen Latifah.
Em seu discurso forte e emocionado, ela pontuou: “Eu quero dizer para os futuros compositores: ‘Não desistam’. Todos nós passamos por bloqueios compondo. Às vezes você só precisa se afastar de um disco e voltar para ele. Mas não desistam, porque estou aqui. E isso é ótimo para o Hip Hop também.”, afirmou a compositora que já compôs músicas para mulheres, como Beyoncé, Whitney Houston, Ciara, Destiny’s Child, SWV, Mary J Blige, Aaliyah entre outros. Sem previsão de lançamento no Brasil, o novo disco de Elliott retoma momentos da infância e da juventude e fala de uma criação musical genuína. Por hora, no Brasil só se pode contar com o “the best of 20 years”, lançado aqui, na Europa e na Austrália.
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