Especialista em energia cósmica e sonhos diz: Alguns jovens se sentem protegidos e egocentrismo faz parceria com morte


Paula Omin, especialista em energias cósmicas e interpretação de sonhos, desvenda e orienta pessoas a interpretar por meio deles caminhos. Na entrevista, ela compartilha um pouco dessa experiência também em tempos de pandemia e faz algumas revelações. Vem saber!

*Por Brunna Condini

A ordem mundial foi alterada por conta do novo coronavírus. E mais de um ano após o início da pandemia, as pessoas ainda relatam que a rotina – prioritariamente em confinamento – , alterou muito o jeito de existir e o modo como elaboramos tudo que vem nos acontecendo. O nosso sono não ficou imune: para muitos é o espaço de conforto; para outros, vem sendo o território onde toda a apreensão do período vem à tona. Segundo a ciência, mesmo os sonhos que parecem absurdos têm sentido. Especialistas esclarecem que eles funcionam como uma realidade alternativa. Enquanto sonhamos, nosso cérebro articula memórias, emoções e aprendizados e ensaia situações que simulam a vida real e podem ajudar a buscar soluções para os problemas. O território dos sonhos é onde também podemos expressar nossos medos e desejos. Para a psicanálise, o sonho é uma das formas de acessar o inconsciente, parte da mente a qual não temos acesso de forma fácil.

Nesta matéria, a intenção é oferecer mais um ponto de vista do mundo onírico, e para isso convidamos Paula Omin, especialista em energias cósmicas e interpretação de sonhos, para nos ajudar a identificar o que eles têm a nos dizer. “As pessoas andam mais interessadas em sonhos, assim como andam mais interessadas em energias, espiritualidade. Há um maior interesse no ‘eu profundo’, que não é esse só da matéria, porque os dias de materialidade estão difíceis, agressivos”, explica. “Minha interpretação nada tem a ver com a psicanálise. Minha base de interpretação é completamente espiritual e energética. Começa como algo intuitivo, depois vai para o campo sensitivo da vidência, onde vejo o corpo além do corpo físico, enxergo o corpo energético. E ele é rico, ‘conversa’ com a gente e imprime toda essa fala através de sinais, um deles é o sonho. Nossa alma imprime sinais o tempo inteiro”.

O que as energias cósmicas dizem desse período? “Elas e o mundo espiritual nos dizem que este momento ainda continuará muito difícil. Principalmente em nosso país, com esse governo negacionista. Com a terceira onda de pessoas vítimas da Covid-19 o número de mortos também será alto, pegando uma camada mais jovem. Porque eles vivem no estímulo energético da experiência da vida, de se testar. Os jovens querem provar que o outro não sabe o que fala, que eles têm a posse sobre a vida, então não escutam. Os jovens estão no auge da explosão energética de todos os corpos, com as auras internas e externas em ebulição, eles se sentem destemidos, protegidos acima de tudo, querem se provar, viver, é a fase da conclusão da materialidade. Então, infelizmente ainda vivemos um período bem negativo, onde o egocentrismo humano está fazendo parceria com a morte”.

Paula Omin, especialista em energias cósmicas e interpretação de sonhos (Divulgação)

Paula Omin, especialista em energias cósmicas e interpretação de sonhos (Divulgação)

Adepta e estudiosa do candomblé, Paula vê na espiritualidade um canal de autoconhecimento, e acredita que falar dos sonhos pode aliviar sofrimentos e angústias que estejamos vivenciando, mesmo que se manifestem através do que chamamos de pesadelos. “O nosso dia a dia, o que comemos, com quem transamos; as cores que vestimos, os ambientes que perambulamos enquanto estamos acordados, incorporados, tudo isso vai influenciar nos sonhos, porque tudo vira fluido energético. Quando o espírito sai do corpo, primeiro ele vai para o sono. Nesse estado, ele busca a energia cósmica pura, de vitalidade, onde vai alimentar a existência no dia seguinte”, ensina Paula. “Depois que o espírito faz isso, ele começa a andar dentro dos ‘dimensionais’, que são chamados de sonhos. São diversos ‘dimensionais’, e dentro deles, o indivíduo pode se deparar com o pesadelo. Mas muitas vezes, aquilo no sonho que é ruim, não tem um simbólico ruim. Pode ser até uma mensagem que você está pronto para enfrentar seus traumas e medos, por exemplo”.

E completa: “Você se depara com os pesadelos, justamente porque na hora que seu espírito está saindo do corpo, ele leva os fluidos da sua aura externa, onde estão contidas todas as informações das suas vivências atuais. Falar do pesadelo é muito bom, até para você descobrir que ele só é um sofrimento porque está contido dentro do seu plano interno. Quando você coloca ele para o externo, ele perde o peso, o valor, até porque pode haver o entendimento da simbologia”.

Quais são os sonhos mais comuns que tem escutado neste mais de um ano de pandemia? “São sonhos com o carro no centro do enredo. Nos relatos, as pessoas estão dirigindo ou gente que não dirige, se vê dirigindo, por exemplo. Ou ainda, assistem um carro que anda sozinho, está desenfreado”. E detalha: “O carro traz a simbologia de como estamos lidando com o mundo, com a materialidade. Então, é o seguinte: se você está dirigindo bem é como se estivesse lidando bem com essa fase que vivemos, apesar das adversidades. Mas se esse carro está desgovernado, ou se você se vê ser atropelada, com já ouvi, podemos entender que são a manifestação das suas angústias, da dificuldade de lidar com esse momento, em que a materialidade está sendo tóxica, agressiva”.

O confinamento mudou os sonhos, o que tem observado? “Não. Acho é que as pessoas estão mais atentas aos seus sonhos, porque começaram a ter mais tempo de se olhar, porque a vida material traga a gente. Já acordamos com muita demanda. O confinamento te obrigou a ficar mais tempo em casa, no seu plano íntimo, e automaticamente, muitos acabaram tendo mais tempo para si, para se observar e ao mundo. Acredito que as pessoas estão se dando mais atenção”.

"Acho que as pessoas estão mais atentas aos seus sonhos, porque começaram a ter mais tempo de se olhar, porque a vida material traga a gente" (Divulgação)

“Acho que as pessoas estão mais atentas aos seus sonhos, porque começaram a ter mais tempo de se olhar, porque a vida material traga a gente” (Divulgação)

Acredita que o sonho também pode ser um indicativo do futuro? “Existem sonhos premonitórios. Como dentro do que acredito, os sonhos são caminhar por ‘dimensionais’, e para nós existem os ‘dimensionais de futuro’, você pode, sim, fazer uma leitura de uma captação energética do que está por vir, chamada de energia de premonição. A leitura disso fica limitada aos símbolos de conhecimento que já estiverem dentro da sua mente. Assim como você acorda e pode na correria não se ligar na mensagem do que foi sonhado, porque já foi no automático e ativou a vida material e não teve tempo de decodificar as simbologias. No entanto, o sonho não se perde, fica guardado dentro de você. E no momento que se deparar com a situação desse sonho premonitório, você vai falar uma frase muito conhecida por aí: “tive um déjà vu”. Porque um dia, lá atrás, você sonhou com isso e essa informação ficou guardada na sua mente. Quando ela acontece, na hora entra pela associação que este ‘arquivo’ manda para você”.

Podemos elaborar o luto, as perdas, através dos sonhos? “Me me dedico a ensinar a filosofia do candomblé, porque é uma religião que as pessoas conhecem a parte folclórica, uma parte litúrgica, mas não conhecem sua filosofia, que é riquíssima e defende que tudo no universo é energia. Ela é a mola propulsora. Dentro dessa filosofia, existe pra nós um desenho da constituição do ‘ego’, que não está no cérebro, mas na direção do ‘terceiro olho’, que fica entre as sobrancelhas. Então, imagine que neste campo tem uma esfera, com metade composta pelo ‘eu’, que é como me vejo e quero que me vejam. E, na outra metade, imagine que temos quatro compartimentos, compostos das essências de pessoas, de informações, que eu como indivíduo acredito que fazem ‘espelho’, referência para mim. Isso quer dizer, que só habita dentro do meu ‘ego’ aquilo que julgo importante para mim”, desenvolve.

“Falo disso, para falar do luto, que é o tempo que a gente vai ter para tirar de dentro o que está relacionado à existência material, a troca aqui fora, e que temos que tirar de dentro desse ‘ego’ e levar para o campo da memória. Em várias pessoas existe um processo tão forte de dificuldade do desapego, que em algum momento, através dos sonhos elas podem entrar em um ‘dimensional’, e fazer contato com esse ente querido que faleceu, tendo até a oportunidade de se despedir, ter uma conversa, tocando a vida melhor depois disso, aceitando o desencarne. Importante destacar, que quem perde alguém, perde a matéria, porque a essência não desaparece, o espírito é imortal, portanto, você não perderá contato com quem partiu nunca. Por isso, às vezes o sonho ajuda muito nas perdas, porque em algum momento ele mesmo pode sinalizar a necessidade de tocar a vida em frente”.

"O sonho ajuda muito nas perdas, porque em algum momento ele mesmo pode sinalizar a necessidade de tocar a vida em frente”.

“O sonho ajuda muito nas perdas, porque em algum momento ele mesmo pode sinalizar a necessidade de tocar a vida em frente”