Erasmo Carlos estrela filme que exalta a música brega nacional e ainda lança disco sobre o conceito do amor com participação de Marisa Monte, Adriana Calcanhotto e Emicida


O cantor contou sobre a sua nova experiência quando falou sobre a dificuldade de decorar as falas, a liberdade em opinar na sonoridade, o uso de uma peruca e a ajuda dos colegas de elenco. Além disso, confessou que seu novo CD, Amor É Isso, é fruto de poemas que escrevia para a sua atual mulher, Fernanda Passos, enquanto ela morava em São Paulo. Estas declarações de amor estarão disponíveis nas livrarias no ano que vem

Finalmente chegou um convite para Erasmo Carlos no cinema que não fosse pornochanchada – gênero brasileiro dos anos 70 que questionava os costumes da sociedade e ainda explorava o erotismo. Depois de ter participado de Os Machões, em 1972, e Cavalinho Azul, 1984, foi difícil chamarem o cantor para fazer um longa-metragem mais sério. Mas a proposta chegou e, dessa vez, ele estrela o filme de Monique Gardenberg, Paraíso Perdido. Sob óticas leves, a montagem valoriza a música brega dos anos 70 e 80 e ainda expõe o machismo e a homofobia. “Talvez pela Jovem Guarda ter um pezinho no brega, me senti muito à vontade musicalmente. É um estilo que existe no nosso país, não adianta querer fechar os olhos para isto, porque o Brasil é assim. Estas canções são presentes e estão na cara de todo mundo”, afirmou. Ele teve a oportunidade de dar pitacos nas escolhas musicais da montagem, sendo o responsável pela diretora adotar canções da década de 70. Além desta empreitada cinematográfica, Erasmo ainda falou com o site HT sobre o lançamento de seu novo disco que tem parceria com Marisa Monte, Adriana Calcanhotto, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Emicida, Samuel Rosa e Marcelo Camelo. Vem conferir!

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José, personagem de Erasmo Carlos, cantando na boate com as netas (Foto: Divulgação)

O músico é o protagonista da trama, uma pessoa de palavras ásperas que renunciou a sua profissão para o bem de seus filhos. “Ele é um idealista e patriarca de uma família que não é nada convencional, mas não vê nenhum problema nisso, muito pelo contrário. É um sonhador e eu sou muito assim. Aconteça o que for quero ver todos unidos, não só dentro da minha família, mas gostaria que isto acontecesse em todos os lugares”, informou. O artista se inspirou no longa de Luchino Visconti, O Leopardo, para compor o seu personagem.

Erasmo Carlos e Jaloo durante a coletiva de lançamento do filme  (Foto: Divulgação)

Assim que recebeu o convite, o cantor tratou de aceitar logo a oportunidade já que sempre teve vontade de voltar para o segmento. Apesar de não ser parte da sua profissão, acha uma experiência bacana. O ponto alto de sua presença em Paraíso Perdido, segundo ele, foi a cabeleira. “Vou me lembrar para sempre da minha participação neste filme por causa da peruca, que foi um acontecimento. Eu parecia outra pessoa. A primeira coisa que fiz ao entrar para o elenco foi experimentar isto. Tiveram que fazer uma que fosse de acordo com o meu rosto e todos os dias tinha que chegar cedo ao set para colocar”, comentou.

O longa exalta a música popular sem perder o caráter questionador (Foto: Divulgação)

Além deste elemento inusitado de sua caracterização, ele afirmou que teve dificuldades durante as gravações. “Tenho dificuldade até para lembrar as minhas próprias músicas, sempre uso TP, imagina ter que decorar falas. Foi algo bem complicado de fazer, porque não tinha como ter nenhuma cola”, lamentou. De qualquer forma, Erasmo contou com a assessoria de integrantes do elenco como Julio Andrade e Lee Taylor. “Me ajudaram muito dando dicas para segurar a cena. Eles me mostraram que o mais importante era segurar o texto, porque quando se domina o roteiro é possível respirar um pouco durante a interpretação”, explicou.

Elenco reunido em um parque durante as gravações (Foto: Divulgação)

O filme não é a única novidade na carreira do cantor. Em maio, ele lançou nas plataformas digitais o CD, Amor É Isso, com 12 músicas inéditas. “O processo começou há oito anos quando comecei a namorar a minha atual esposa, a Fernanda Passos. Ela morava em São Paulo e eu enviava todo o domingo uma carta por email. Achava que aqui, no Rio, eu tinha motivos suficientes para ficar feliz como a praia, mas ela não. Então eram textos para sorrir no domingo”, explicou. Os 111 poemas na íntegra podem ser conferidos em um livro que o compositor lançará no ano que vem. “Um dia resolvi musicar estes poemas, algo que nunca tinha feito antes. Foi muito legal, uma nova experiência para mim”, comentou. O artista contou com grandes nomes da música brasileira como Marisa Monte, Adriana Calcanhotto, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Emicida, Samuel Rosa e Marcelo Camelo. Além disso, ele ainda fez uma homenagem à Tim Maia ao usar o soul bossa dele.

O disco do cantor é fruto de poemas que escrevia para sua atual esposa (Foto: Divulgação)

Como o próprio título diz, o disco é sobre o conceito do amor. “Quando pesquisamos o que é este sentimento na internet, achamos somente a paixão como relação humana. Mas uma explicação conceitual é muito rara. Por isso resolvi falar sobre o que sentimos pelo pai, mãe, vizinho, objeto, natureza e muito mais. É uma visão geral sobre isto que é tão difícil de explicar, porque é infinitamente elástico”, salientou.