Teatro, televisão e cinema. Humor, música, drama e reflexão. Para Lázaro Ramos, a arte é símbolo de diversidade. Não importa o palco e nem a maneira, o ator, diretor e escritor escreve seu nome no cenário artístico com a proposta de fazer pensar. No momento, com humor e muita música. No último dia 18, terça-feira, Lázaro Ramos estreou a terceira temporada de “Mister Brau” na Globo. Depois do sucesso dos anos anteriores, a série chega com ainda mais música e novas reflexões sobre o cenário contemporâneo. Como temática principal desta temporada, “Mister Brau” explora os novos moldes de família a partir da adoção de três irmãos mais velhos.
Como contou o ator, a temática foi explorada pela direção da série depois de uma forte interação com o público. Segundo Lázaro Ramos, desde o início da temporada passada, os espectadores de “Mister Brau” queriam que a família de Brau e Michele, protagonistas da série, aumentasse. “Pelas redes socais ou até na rua, o público perguntava se a Michele ia engravidar. Por isso, no final da temporada passada, introduzimos a ideia das crianças para ver como as pessoas iriam reagir. E foi muito legal”, lembrou Lázaro, que acredita que esta intensa interação tenha sido uma das razões pelo sucesso da série na grade da Globo. “Desde a primeira temporada, que era para ser única, o público foi se identificando e pedindo mais assuntos. Com o tempo, os roteiristas entenderam a importância desta interação e foram alimentando esse desejo dos espectadores”, apontou.
E a temática adoção não é um assunto que se restringe aos sets de gravação de “Mister Brau”. Assim como o músico, Lázaro Ramos revelou que a questão também é assunto em sua casa. Casado com a atriz Taís Araújo e pai de um casal, Lázaro admitiu que cogita a ideia de aumentar a família com crianças adotadas. “Eu pensei em adotar durante muito tempo e ainda não é uma ideia descartada na minha vida. Eu conheço uma história muito linda que me inspira a querer adotar. Mas não sei quando eu farei e se um dia eu farei isso”, argumentou.
Se a vida imita a arte ou a arte imita a vida, o fato é que “Mister Brau” é mais uma oportunidade de Lázaro Ramos ampliar suas reflexões artísticas. Na série, o ator explora com muito humor e uma forte veia musical temáticas que, além da adoção, abordam o feminismo, o racismo e a liberdade. Nisso tudo, o bullying aparece como um combustível das discussões. Nesta terceira temporada, a emoção é mais um elemento que completa a pluralidade da série, como destacou Lázaro Ramos. “Essa carga extra fez com que o Lázaro ator precisasse entender como o Brau ia reagir a essa posição de pai, como, por exemplo, na cena de bullying. E isso foi muito interessante para mim como ator. Antes, a minha interpretação era mais de um personagem doidinho. Agora, eu vou além”, analisou Lázaro que resgatou as experiências pessoais para tratar deste assunto. “Lidar com as diferenças na infância e na adolescência foi uma questão na minha vida”, contou.
Nos 14 episódios da temporada, outro elemento promete ser sucesso em “Mister Brau”. Na verdade, potencializar a popularidade na série. Com ainda mais música, este ano o programa recebe inúmeros convidados do cenário musical. Inclusive, no domingo passado, 9, a Globo exibiu um especial com os melhores momentos da participação de artistas como Karol Conka, Jaloo, Marília Mendonça, Elza Soares, Iza, Claudia Leitte e Maiara e Maraísa na série. “A equipe teve um desejo muito grande de trazer nesta temporada cantores de verdade que respondessem À grandiosidade que foi o casal ter ganhado um programa fictício na televisão. Então, criou-se o conceito do que seria essa atração e nós resolvemos que os Brau iriam dialogar com a nova proposta de música brasileira. Por isso, temos exemplos de artistas que influenciam como eles, desde novos nomes aos grandes sucessos”, explicou.
No entanto, Lázaro Ramos vai além da experiência como Brau nas telinhas. Incansável, o ator, diretor e escritor soma diversos outros trabalhos na carreira, quase que simultaneamente. E essa sede por novas descobertas já faz parte de sua essência artística. “Durante toda a minha carreira artística, eu sempre soube que não podia ficar esperando receber convites. Desde os meus 15 anos, eu penso em projetos de teatro todos os dias. Eu sinto uma necessidade grande de me comunicar”, explicou Lázaro que, não importa qual função esteja desempenhando, gosta sempre de se manter ativo no mercado das artes. “Com a minha experiência, hoje eu reconheço que em alguns trabalhos eu não vou ser tão útil na função de ator. E isso é o que dá sentido para o meu ofício como diretor e escritor. O que me guia é uma vontade pessoal de me comunicar e fazer bem aquela função”, argumentou.
Nessas múltiplas experiências, Lázaro Ramos tem um ponto em comum. Como ele mesmo definiu, “sou um artista que fala de temáticas sociais e que quer fazer diferença através da minha arte”. E ele consegue. Seja com a irreverência de “Mister Brau” ou com a complexidade de “O Topo da Montanha”, peça na qual ele interpreta o ativista Martin Luther King, a reflexão é uma unanimidade na carreira do ator. “Tudo o que eu faço na minha vida artística é fruto do que eu sou, de onde eu vim e das pessoas que me inspiram. Por isso, eu coloco essa proposta na minha profissão como uma forma de aprendizado. Para mim, dessa forma, eu consigo mobilizar pessoas e estimular novas formas de pensamento. Eu quero agregar essas ideias porque acredito que o país fica melhor quando a gente escuta outras opiniões e quando novos talentos são vistos. E é isso o que eu procuro fazer na minha arte, mas sempre se uma maneira natural”, disse.
Natural e humilde. Com anos de experiência, calos de aprendizado e histórias para contar, Lázaro Ramos não se considera especialista em nenhum assunto. Apesar de levar as temáticas para a sua carreira com muita propriedade, o ator destacou a importância de estar sempre aberto a questionamentos e novas visões. “Eu não tenho pretensão de nada e sei que estou em aprendizado em tudo o que eu faço. Acima de qualquer função, eu tenho desejos de expressar aquilo o que eu acredito de forma humilde e realista. Não são todos os assuntos que eu me sinto à vontade e capaz de falar e é importante que eu reconheça isso. Em relação ao feminismo, por exemplo, em diversos momentos eu preciso me calar para escutar a experiência de quem vive isso diariamente. Eu não sou senhor de nada e estou em aprendizado constante, assim como todo mundo”, ressaltou.
Desta forma, Lázaro Ramos segue caminhando em sua jornada artística e até educativa – por que não? No entanto, em tempos de crise, ódio virtual e velocidade incontrolável de informação, o ator pensador reconhece os obstáculos da resistência. Como destacou, não são todas as pessoas que entendem essa proposta de carreira de Lázaro Ramos. “Eu luto para, através da minha arte, ajudar a fazer um Brasil de mais igualdade, diálogo e equidade. Eu sei que sempre teremos rejeição ao abordar diversos assuntos. A nós, cabe buscar forças, aliados e informação para conseguir tratar da melhor maneira. Por isso, eu acredito que sou uma pessoa plena por fazer e trabalhar com o que eu acredito. Eu sou muito feliz na pele que eu habito, em todos os sentidos que isso possa ter”, completou o ator, diretor, escritor e engajado Lázaro Ramos.
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