*Por Karina Kuperman
Embaixadora da ONG Serendipidade, uma instituição que dá assistência a crianças com síndrome de Down, Xuxa participou, nessa segunda, 14, de um bate-papo para um grupo de 150 convidados em São Paulo e chamou atenção para a importância da inclusão infantil. Com o namorado Junno Andrade na plateia, a eterna Rainha dos Baixinhos mostrou imagens em que aparece interagindo com crianças com deficiência em seu programa nos anos 80. “Sempre trabalhei para crianças e nunca aceitei que houvesse uma separação entre as ditas como ‘normais’ ou ‘especiais’. Eu colocava na frente do palco crianças com o rostinho queimado. Não fazia isso para chocar ninguém, fazia isso porque eu não diferencio entre uma e outra”, disse, e criticou: “Infelizmente, a maioria das pessoas só se preocupa com a causa quando são atingidos pessoalmente, quando tem alguém na família com alguma necessidade. A gente tem que exigir isso como sociedade, não se preocupar só quando está na nossa casa”, protestou ela, que se ofereceu como embaixadora da causa. “Eu falei sempre do meu trabalho, que estava de portas abertas para todas as crianças com alguma necessidade especial. Queria mais do que colocar a camisa, queria que me usassem, usar meu nome e minha imagem para uma coisa que eu sempre acreditei. Já falava de inclusão quando comecei na televisão há 40 anos e hoje posso dizer que continuo podendo falar e ajudar, nem que seja um pouquinho”.
Dentre as iniciativas do Serendipidade estão os projetos Laços, Iniciação Esportiva e Envelhecimento. O Laços atua para acolher pais e mães ao longo da gestação ou no momento do nascimento dos filhos com Síndrome de Down. Fundada por Henri e Marina Zylberstajn, pais de um menino de 2 anos com Down, a instituição sem fins lucrativos também fornece fisioterapia e tratamento individual com educadores físicos para 32 crianças. “Nossas leis não protegem essas crianças”, lamentou Xuxa. “A gente não pode mais ter escolas em que a cadeira de rodas não passa na porta, em que não tem rampa, onde não tem alguém que fale libras, onde não tem um apoiador para quem é cego, onde não tem uma professora preparada para lidar com um aluno autista…”, lamentou.
Ela foi além e disse que tem como objetivo abrir os olhos do mundo para a causa: “O Brasil é imenso, imagina quantos pais e responsáveis estão perdidos, sem assistência. A gente ainda precisa fazer campanhas, se unir, falar sobre um assunto que está na nossa cara e a gente não quer ver. Quero poder dar voz aos que não tem voz. Queria andar para todos os lugares por aqueles que não podem se locomover. Mas qualquer coisa que eu fizer não vai ser nem a metade da metade da metade do amor que eu recebi. Amor verdadeiro. Eu ainda estou em dívida com eles”, disse.
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