Juliana Paes já pode se considerar uma representante artística da obra de Jorge Amado, afinal, possui duas personagens dos romances do autor baiano. O papel de Gabriela saiu dos livros para virar fenômeno televisivo na série da Globo junto do talento da atriz. No dia 23 de novembro, o filme Dona Flor e Seus Dois Maridos será lançado e também conta com a atuação da musa. “Este universo de Jorge Amado já me era familiar, mas Dona Flor é uma personagem muito diferente de Gabriela, em um sentido de ser mais parecida comigo. É uma mulher mais moldada pela moral, pela sociedade e seus costumes. Uma pessoa mais tolhida pelo que era imposto e aceitável na época. Acho bacana quebrar estes tabus em um momento tão propício, onde estamos falando de empoderamento feminino. Dona Flor manda em seus desejos, vontades e termina o filme sem fazer uma escolha entre a razão e a emoção”, relembrou Juliana.
Além de já ter interpretado dois personagens de Jorge Amando, Juliana Paes confessou ser uma fã da literatura do baiano. “Já tinha lido os livros, na época da faculdade, sempre fui muito entusiasmada por tudo do Jorge Amado, por isso li todos os exemplares. Além disso, meu professor favorito de literatura, que se chamava Marcio, incentivava muito os alunos a lerem este autor. Por isso já tinha tido um contato muito bacana com esta obra”, comentou. Quando fez Gabriela, ela chegou a reler toda a bibliografia do escritor e, no filme, se dedicou à leitura de Dona Flor e Seus Dois Maridos. A atriz gostaria de ter relido mais exemplares, porém a correria do dia a dia não possibilitou este tempo.
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Depois de estudar profundamente o baiano, a preparação da personagem foi simples. Existia apenas uma regra durante as gravações que era não ter contato com outras produções da dramaturgia que contavam esta história, como a série e o filme. “A nossa bíblia seria o livro e acabamos fazendo assim. Levávamos o romance para o set de gravações, inclusive, para pesquisar alguma coisa”, lembrou. Para a atriz, a qualidade do romance é tanta que não exige a consulta em outras bibliografias. Seria possível, a partir de uma leitura cuidadosa, conseguir descrever todos os traços da personalidade de cada papel.
Apesar da facilidade sentida pela atriz, interpretar Dona Flor também tinha alguns percalços como a diferença entre as épocas. O romance traz a vida boêmia da cidade de Salvador nos anos 40, por isso exige uma certa fidelidade com o linguajar daquele tempo. “O mais difícil, para mim, foi a prosódia. Tínhamos um tempo bem marcado, com uma professora durante as filmagens para corrigir a gente. Era muito complicado e prazeroso, ao mesmo tempo, por ser um jeito de falar delicioso. Adoro fazer prosódia baiana, mas existem algumas palavras diferentes da linguagem vigente”, comentou.
O longa-metragem saiu de uma adaptação do romance bem sucedida para os palcos. A primeira atriz que o diretor Pedro Vasconcelos, também diretor da peça, pensou ao iniciar o projeto foi a própria Juliana, mas ela não pode aceitar o pedido na época. “Já estava envolvida com um projeto na Globo quando eles me chamaram. Quando surgiu o filme, eu tinha acabado de terminar Totalmente Demais e emendei direto, quinze dias depois do fim das gravações da novela. Foi tudo bem corrido, mas valeu muito à pena”, contou.
Não foi a primeira vez que Juliana Paes emendou dois projetos e com certeza não será a última. Este semestre a atriz acabou juntou o fim da novela A Força do Querer com o mês de divulgação do longa. “Ainda estou bem cansada, mas estou muito feliz. No entanto, sinto que preciso descansar agora. Acabei emendando, novamente, os trabalhos. Enquanto todo mundo do elenco foi viajar, fui para o nordeste divulgar o filme. Apesar de saber que tenho que descansar, quero esperar as férias dos meus filhos que só entram em dezembro”, contou. Juliana não divulgou o destino da viagem.
Com quase um mês após o final de A Força do Querer, a novela ainda deixa saudades nos fãs. De todos os personagens a que é constantemente lembrada foi a interpretada por Juliana Paes. A famosa Bibi Perigosa foi inspirada em Fabiana Escobar, conhecida como a ‘ex-baronesa do pó’. A atriz confessou que não esperava o fenômeno que o seu papel ganhou. “Por mais que tente me desapegar da Bibi, as pessoas não deixam. Ainda me chamam muito pelo nome dela. Esta personagem foi uma catarse na minha vida, um marco na minha carreira. Eu não estava acostumada a ser chamada pelo nome do meu papel, como está acontecendo. O assédio é enorme e estou sentindo mais isso agora que a novela acabou, já que tenho saído mais na rua depois das gravações. Estou sentindo o furacão que foi a ela, um papel muito especial que fico emocionada de ter feito”, explicou.
O próximo passo da carreira de Juliana é o carnaval. Apesar de faltar apenas três meses para o evento, ela ainda não começou a se preparar. “Não estou preocupada com o carnaval. A minha preparação é ir aos ensaios, porque vou ter que relaxar com a alimentação, afinal, não tem como fazer dieta viajando com as crianças. Vou tentar segurar o máximo e construir um cardápio balanceado, mas isso foi o que sempre fiz na vida. Não vai dar tempo de fazer qualquer preparo para esta data porque volto no dia 25 de janeiro e o carnaval já é no dia 11, ou seja, vou ter apenas duas semanas para treinar”, brincou.
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