*Reportagem: Camila de Paula
O Rio jogou o tapete vermelho para o “Robocop”, na noite de pré-estreia do filme que, no Lagoon, contou com a presença firme do protagonista Joel Kinnaman e do vilão Michael Keaton e do diretor José Padilha. Assim como as UPPs, jamais existiria o ciborgue-paladino, meio homem, meio máquina, se não existisse primeiro a mídia. Afinal, para que desenvolver armas letais que coloquem ordem na casa, se não for pela boa demagogia de sempre, aquela que, antes de pensar em resolver os problemas da cidade, cause um bom choque de ordem na imagem pública? Naturalmente, uma tropa de elite de famosos compareceu em peso para prestigiar a super produção americana, que será lançada nesta sexta, soba batuta do diretor carioca José Padilha, também presente ao evento.
HT foi direto na fonte e perguntou às celebrities se o Rio ainda precisa de um Robocop. Aquele tipo de policial exemplar, máquina anticorrupção, subindo as favelas cariocas, combatendo o tráfico como um caveirão humano, dando duras (honestas) nas linhas Amarela e Vermelha, na Dutra, pondo fim na corrupção e zelando pela cidade. Na linha de tiro: políticos desonestos, meliantes chumbo grosso, ativistas desolados e táticas Black Blocks. Um sonho distante? Nada disso, é o Robocop carioca! Caricop? Ou Robocopa? E ainda: se o heroi usasse uma camiseta do Flamengo, morasse na Cidade Maravilha e estivesse entrosado com caipirinhas e mulatas, qual seria a sua primeira providência. Será que dá para fazer a limpa? Confira!
Fotos de Vinícius Pereira
“Nesse caso deveria ter um exército de Robocops atuando direto nas UPPs, acabando com a sabotagem que está rolando por lá e colocando ordem na casa para ver se nós paramos de sentir medo nas ruas o tempo todo”, metralha direto a apresentadora-gatona Babi Xavier. Já a atriz Natália Lage, que como boa carioca, não está nada satisfeita com a coisa, aposta em outro super-herói (para ela): “Acho que está tudo errado, mas não será o Robocop que dará jeito nisso. Marcelo Freixo, talvez”, investe a atriz no seu político preferido.E por falar em política, o ator Antônio Pitanga tira o chapéu para o ciborgão, acreditando piamente que o herói-robô teria uma boa atuação na cidade. E vai longe: “Tá faltando sim um Robocop. Um policial como esse nasce da necessidade de uma cidade. O Padilha já deu a senha em “Tropa de Elite”, de tudo que acontece aqui. Está faltando um policial com visão social, mais humano e com capacidade de humanizar a sociedade também que está precisando”, filosofa, acreditando que meio-robôs podem fazer o elo exato entre a poesia concreta e a neo-linha dura.
Já os envolvidos diretamente no filme preferem não alimentar o conceito de que Robocop é a única saída para o Rio. Foi o caso do editor do filme, Daniel Resende, responsável pela montagem frenética desse filme e de “Cidade de Deus”: “Robocop é um Frankenstein, não o desejo para o Rio, nem para outro lugar, e muito menos isso para ele próprio”. Bom, será que Mary Shelley, a autora do clássico de terror concorda com ele? “Ele não é um super-herói, é uma aberração”, elucida.
Já o ator Michael Keaton prefere, de alguma forma, aproveitar a deixa para reclamar do trânsito carioca: “Precisa haver um Robocop em todos os lugares do mundo, mas acho que ele poderia atuar melhor conduzindo o tráfego nesta cidade, um horror”, ataca com seu arsenal de formador de opinião, embora esta granada já seja conhecida de todos. O ator americano passou maus bocados preso no trânsito infernal do Rio, no calor quase africano, chegando quase uma hora atrasado, junto com a equipe e o companheiro de cena Joel Kinnaman.
Outro que também não sustenta a tese de que o semi-autômato poderia dar um jeito no Rio é o próprio diretor José Padilha, cortando todo o barato da enquete: “Não, definitivamente Robocop não poderia, há muita coisa errada aqui, mas não é ele quem consertaria, não mesmo um super-herói”. Mas o humorista Helio de La Peña vai bem mais além e chega ao ponto alto da tese. “Claro que não! O Robocop aqui seria corrompido, viraria o Roubocop! Ia pegar rapidinho o vício de passar depois para pegar “o cafezinho” e tomar aquela cervejinha no lugar de combater os bandidos”, ironiza. O ator de “Tropa de Elite”, André Ramiro é outro que acredita na degeneração do soldado da lei aqui na cidade. E vai logo empunhando sua oratória digna de fuzil: “Se há um lugar para uma máquina da lei , esse lugar é o Congresso Nacional. É lá que o Robocop precisa atuar”, dispara. Match point, Ramiro!
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