Eleita Melhor Youtuber da América Latina 2019, Camila Loures quer retribuir o que ganhou dos fãs em forma de música

*Por Brunna Condini

Todos os holofotes para a mineira de Belo Horizonte, 25 anos e que, desde os 19, investiu em um canal no YouTube, conquistando admiradores e fidelizando quem a segue. Estamos falando de Camila Loures e seus 11,9 inscritos no YouTube e 10,2 milhões no Instagram. Ela foi eleita a Melhor Youtuber da América Latina em 2019, no YouTube Streamy Awards – uma espécie de Oscar do mundo digital – e compartilha sua rotina com os fãs com desafios e momentos de diversão, dividindo sua intimidade e a de sua família, a Família Loures, gerando interação com o público e deixando aquele gostinho de quero mais em produções mil. E mais: é autora dos livros ‘Manual de Sobrevivência do Adolescente‘ e ‘24 horas com Camila Loures‘. Mas vem muito mais pela frente.

“Como meu trabalho acaba sendo em casa, não mudei muito minha rotina. Continuo gravando uma média de nove vídeos por dia”

Camila falou com exclusividade ao site sobre a construção deste caminho, a importância da identidade e autenticidade, os desafios e a produção de conteúdo no isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus. Como anda a vida na quarentena? “São três meses em isolamento. Tenho levado muito a sério as orientações das autoridades e da Organização Mundial de Saúde. Mas, como meu trabalho acaba sendo em casa, não mudei tanto minha rotina. Continuo gravando uma média de nove vídeos por dia, aumentei o número de postagens de vídeos no meu canal, agora são três. Também estou me divertindo nas horas vagas, sempre vendo filme, séries, jogando no meu celular, conversando com os fãs pelos stories e ouvindo música”, comenta.

“Tento fazer a minha parte ajudando as pessoas que estão sendo mais afetadas pela Covid-19, e também tento levar entretenimento, alegria e carinho para juntos vencermos este momento” (Divulgação)

A youtuber compartilha o fato de também usar sua visibilidade para se engajar em ações sociais. “Em maio, eu produzi minha primeira live de quarentena no meu canal no YouTube e consegui arrecadar doações para as pessoas que foram mais prejudicadas nessa pandemia. Chegamos a mais de 2 milhões de visualizações nela e arrecadamos alimentos em parceria com o aplicativo Ame Digital”, conta. “Minha segunda live, no início de junho, foi outro sucesso. Para você ter ideia, uma das empresas que apoiou nossa transmissão, a Santa Helena Alimentos, doou meia tonelada de produtos para entidades que eu indiquei. Tenho usado as minhas redes para falar da importância de nos protegermos. Criei uma ação nos stories de apoio aos pequenos comerciantes. Tento fazer a minha parte ajudando as pessoas que estão sendo mais afetadas e também tento levar entretenimento, alegria e carinho para juntos vencermos este momento”.

Quando percebeu que as pessoas paravam para ouvir o que você dizia? “Comecei em 2014, no Vine. Fui uma das primeiras a usar o aplicativo no Brasil. Dentro daqueles seis segundos propostos pelo app, eu sempre procurava levar humor e entretenimento. Com seis meses, eu já tinha 100 mil seguidores. Com isso, fui começando a entender que aquilo podia dar certo profissionalmente”, recorda. “Quando uma pessoa começa a crescer na internet, as pessoas ficam curiosas para saber mais sobre ela. Então, começaram a perguntar sobre a minha vida. Fui entendendo meu público aos poucos e, em 2015, lancei meu primeiro vídeo no YouTube. Comecei a criar desafios, jogos, brincadeiras e percebi o que o meu público gostava. Conforme fui crescendo, juntei meu irmão, primos e amigos, e formei a Família Loures (PH Loures, Glenda Loures, Nanda Caroll, Luis Cardoso e Ricardo Batista). Acho que é muito mais legal e interativo dividir esse conteúdo com outras pessoas e o público também foi criando uma identificação. Estou sempre reinventando, criando novas propostas e testando para ver o que dá certo ou não”, pontua.

Camila e a Família Loures (PH Loures, Glenda Loures, Nanda Caroll, Luis Cardoso e Ricardo Batista (Reprodução Twitter)

Apesar de curtir o que faz isso para ela é trabalho e uma atividade que pode ser muito bem remunerada. Camila acaba de comprar mais uma mansão em Belo Horizonte, que batizou “Mansão Loures”, não para habitar, porque ela já mora em outra, mas para ser uma espécie de QG de produção, um espaço para realizar suas gravações (“Foi um bom investimento. Sou uma empresa”).

Como ser uma youtuber com tantos seguidores? Mudou sua vida? Quando a segurança financeira chegou? “Mudou muito. Quando cheguei a 200 mil inscritos até fiz uma tatuagem com a logo do Youtube. Eu nem imaginava ter um milhão e ser eleita a Melhor Youtuber da América Latina. Fui de 300 mil seguidores para 10 milhões em três anos. Meu empresário, o Jr César, da Brasileira Digital, está comigo desde os 200 mil inscritos. Me lembro que nossa meta era chegarmos a 1 milhão de inscritos. A internet definitivamente mudou a minha vida. Eu penso em conteúdo para as minhas redes o dia todo. Até brinco que quando estou de ‘férias’, também representa trabalho. Amo o que eu faço e é muito gratificante também ver esse retorno do meu público. Recordo que no meu primeiro encontro com o público, aqui em BH, uma mãe me agradeceu pelo meu conteúdo e disse que ficava tranquila quando o filho assistia meus vídeos. Aquilo ali me fez enxergar ainda mais que eu estava no caminho certo”, revela.

E acrescenta: “Acho que minha segurança foi um processo. Produzir vídeos para o YouTube depois de um tempo começa a demandar um investimento. Claro que dá para começar sem nada, assim como eu fiz. Mas, pensar nos investimentos a longo prazo é importante para trazer novidades para o canal. Então, começamos a investir o que ganhava na produção de novos conteúdos. E tem meu escritório, que cuida de todo direcionamento da minha carreira, novos rumos, da parte comercial, de projetos proprietários, licenciamentos… O que permite que eu e meu irmão, o PH, possamos ficar livres para criar e produzir conteúdo”.

“Claro que dá para começar sem nada, assim como eu comecei. Mas, pensar nos investimentos a longo prazo é importante para trazer novidades para o canal” (Foto: Juliana Figueiroa)

Com mais de 25 pessoas em sua equipe, Camila garante que seu público é soberano e manifesta o que fica ou o que sai na preferência dos conteúdos. “Tudo é um grande teste. Eu e PH Loures pensamos em novidades. Se tiver aceitação e engajamento seguimos em desdobramentos para aquele tema. Um exemplo é o desafio de comida, que percebi que o meu público adora. Logo, eu pensei: ‘bom, as pessoas gostam, o que mais posso fazer?’ Com isso, comecei a ver novas formas de explorar a gastronomia. Estou sempre estudando as tendências, ouvindo meu público e, o principal, questionando o que eu gostaria de ver na internet”.

E o que mais gera engajamento dos seus seguidores? “Acho que os desafios. Um exemplo foi quando eu prometi que se eu chegasse a 1 milhão de inscritos lançaria uma música. E foi um sucesso. O que, inclusive, abriu novas portas para uma carreira musical. Meu público gosta de inteiração e é isso que traz engajamento. Estou sempre ligada no que eles querem e pedem. Os desafios são sempre muito inusitados e acho que eles gostam de acompanhar isso, porque não são coisas usuais”. Em tempo: os clipes postados de cinco músicas já chegam a 60 milhões de acessos.

Ano passado você foi eleita a Melhor Youtuber da América Latina. Como impactou na sua trajetória? “Eu nem acreditei. Lembro que recebi o convite da indicação e com as gravações para o canal, fui deixando tudo para cima da hora. Quando fui ver, a passagem estava muito cara e acabei falando com meu irmão para não irmos. Mas, nos avisaram que eu era a ganhadora e o prêmio seria entregue dois dias depois. Fiquei muito emocionada. Vocês não tem noção. Esse prêmio foi fruto do meu esforço e dedicação junto com a minha equipe, família e empresário. É claro que providenciei tudo e fui para Los Angeles. O público brasileiro é um dos maiores do YouTube e eu não podia deixar de nos representar lá”.

“Nossa meta este ano é chegarmos aos 15 milhões no meu canal, mas agora quero explorar a minha carreira de cantora, que foi uma abertura que a internet me deu” (Foto: Juliana Figueiroa)

A discussão racial toma conta das redes e do mundo. Várias celebridades cederam suas redes para ampliar a voz de escritores e ativistas do movimento negro. Você pretende se posicionar na luta antirracista? “Eu me posicionei e fiz posts. Não admito racismo e acho impressionante isso ainda ser tema em pleno século 21”, diz Camila sobre o tema.

Você será embaixadora do show live do Gustavo Mioto, dia 19, no YouTube. São muito amigos? “Gosto muito do Miotto. Nos conhecemos quando ele veio fazer um show em BH. Um grande amigo e irmão que a vida me deu. Sem falar que sou fã! Fui cupido do namoro dele e a Thaynara Og. Eu que apresentei os dois (risos). São dois queridos. Inclusive, as músicas dele têm embalado a minha quarentena. Tenho ouvido muito sertanejo nessa época”.

Aonde deseja chegar? “Nossa meta este ano é chegarmos aos 15 milhões no meu canal, mas agora quero explorar a minha carreira de cantora, que foi uma abertura que a internet me deu. Tenho feito aula de canto três vezes por semana e de dança. Estou me dedicando a isso e tenho um projeto novo neste segundo semestre que será incrível. Assim como foi a Ilha Loures, o Verão Loures e outros projetos que executamos. Depois de lançar minhas cinco músicas, percebi que é isso que eu quero, mas nunca vou abandonar o canal. Quero sempre conciliar as duas opções de vida”.

Se você não fosse youtuber seria… “Nossa, não sei. Acho que estaria na área do entretenimento. Antes da internet, já trabalhei com bufê de festa infantil”. Esta é Camila. Autenticidade, atitude e humildade.