Dr. Alessandro Martins responde: “O corpo pode rejeitar a prótese de mama?”


A cirurgia de implante de prótese de mama é uma das mais realizadas no Brasil e no mundo. E, por conta desse alto interesse no assunto, é comum que alguns mitos existam, como a ideia de que o corpo pode rejeitar uma prótese de silicone. Dr. Alessandro Martins explica melhor na coluna desta semana!

*Por Dr. Alessandro Martins

Na minha mais recente coluna respondi a pergunta que muitas mulheres me fazem: “Quando devo trocar a minha prótese de mama?”. E, por isso, recebi pedidos para que esclarecesse mais questões e, nesta semana, escolhi explicar sobre outra indagação: “O corpo pode rejeitar uma prótese de mama?”.

A rejeição é uma dúvida muito comum entre pacientes que vão ser submetidas a uma cirurgia para inclusão da prótese de silicone. O silicone é um material inerte e, apesar de ele realmente ser um corpo estranho, foi projetado para não causar reações alérgicas ou imunológicas ao corpo da paciente. Quando a prótese é colocada, forma-se uma cápsula ao seu redor, que é fundamental para o processo de cicatrização. Ela, teoricamente, separa a prótese da mama, ou seja a prótese, que é um corpo estranho, da mama, que é o corpo da paciente. Essa é a evolução normal cicatricial das cirurgias para a inclusão de prótese.

Entretanto, algumas complicações podem ocorrer durante o pós-operatório. Entre eles, as coleções líquidas, que podem ser hematomas, coleções de sangue, e seroma, que são as coleções de líquido apenas. Se ocorre isso no pós-operatório, esse líquido tem de sair, já que ele não pode ficar na mama. Assim, o corpo procura uma forma de expulsar esse líquido. Por isso, que, às vezes uma mama cicatrizada, se tiver uma coleção líquida, mesmo 15 ou 20 dias após a cirurgia, a cicatriz pode abrir e drenar esse líquido. Uma vez drenado, ou qualquer outra causa que leve à abertura dos pontos, tanto de forma precoce quanto tardia, a prótese entra em contato com o meio externo, e ocorre a contaminação da prótese de silicone.

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(Foto: Marcio Farias)

Uma vez que o espaço onde a prótese de silicone sofre contato com o meio externo ou contaminação, o fato de o silicone neste momento ser um material que não é do corpo, ele não permite a ação dos antibióticos, e faz que se perpetue o processo infeccioso. Dessa forma quando uma prótese é exposta ou contaminada, ela precisa ser retirada, pois você não consegue salvar a cirurgia e nem tratar o processo infeccioso sem a retirada da prótese.

De uma forma equivocada as pessoas chamam isso de rejeição. Tanto não é uma rejeição, que, após a retirada, as pacientes ficam de três a seis meses sem a prótese, para que essa processo infeccioso seja tratado e resolvido. Após esse período mínimo, ela pode ser novamente implantada e, dessa vez, se não houver nenhuma complicação, a cirurgia decorre normalmente e não há nenhum problema com inclusão do silicone novamente na paciente. Se houvesse uma rejeição real ela jamais poderia colocar uma prótese, visto que seria uma rejeição do corpo a um material sintético.

Assim, a rejeição à prótese de silicone não é um evento real, mas, sim, a perda do implante. Normalmente está relacionado a processos infecciosos, ou contaminação do mesmo a partir do contato com o meio externo.

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