Dr. Alessandro Martins fala sobre reconstrução de mama e Outubro Rosa como alerta para diagnóstico precoce do câncer


“A mulher deve procurar um ginecologista ou mastologista e fazer exames periódicos, como mamografia e ressonância magnética, quando a doença pode ser diagnosticada ainda em seu nível celular. Se for apontada a necessidade de uma mastectomia, com a evolução das próteses de silicone e o maior índice de mastectomias poupadoras de pele e aréola, evoluímos muito nos resultados da reconstrução. No entanto, é importante entender que não pode ser comparado a uma cirurgia estética’, frisa o cirurgião plástico

*Por Dr. Alessandro Martins

O Outubro Rosa, idealizado no começo da década de 90, quando a Fundação Susan G. Komen for the Cure, distribuiu laços cor-de-rosa aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, é uma campanha global que compartilha informações e promove a conscientização sobre a doença, incentivando maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento. Infelizmente, ainda se trata de uma doença com grande incidência de morte. O diagnóstico precoce, porém, é o divisor de águas entre uma paciente que teve o diagnóstico no início da doença e que pode ter a cura e, outra, que tem a doença grave, em estágio avançado, cujo potencial de morte é elevado.

Hoje, o câncer de mama pode ser diagnosticado em nível microscópico. Assim, quando falamos sobre diagnóstico precoce, estamos incentivando mulheres a procurarem um ginecologista ou mastologista e fazer exames periódicos, como mamografia e ressonância magnética das mamas, a fim de diagnosticar o tumor em seu nível celular, evitando que esteja na forma de um tumor avançado.

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Um tumor pequeno, localizado e não invasivo, pode ser tratado apenas com sua retirada (mastectomia segmentar) ou a retirada de toda a mama, porém poupando a pele e a aréola. Esses critérios de tumor pequeno em que a gente só tira o tumor ou que retiramos a mama deixando a pele e a aréola, transforma a reconstrução de mama após a mastectomia em um resultado estético muito mais semelhante ao de uma mama normal ou ao de uma mama de plástica. Isso melhorou muito a autoestima das pacientes.

Atualmente, a plástica é totalmente integrada ao tratamento do câncer de mama. O diagnóstico precoce, porém, faz com que a reconstrução não apenas se assemelhe mais à mama que não teve câncer, como diminui o risco de se fazer radioterapia e quimioterapia. Isso mostra a importância do diagnóstico quando o tumor ainda está em fase celular.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)

Com a evolução das próteses de silicone e o maior índice de mastectomias poupadoras de pele e aréola, evoluímos muito nos resultados da reconstrução. No entanto, é importante que a paciente entenda que essa cirurgia não pode ser comparada a uma plástica somente estética. Por mais bonita que fique, por mais próxima de um resultado estético, trata-se de uma reconstrução. Apenas não temos mais tantos estigmas quanto tínhamos no passado.

Entretanto, temos casos de pacientes em que precisaremos retirar a pele, a mama toda. Sempre que tiramos a pele da mama temos que devolver essa pele para colocar uma prótese e fazer a reconstrução. As duas formas de se ganhar pele em uma mama, para fazer a reconstrução, são: o uso dos expansores teciduais, os expansores de mama, que são próteses vazias que vamos enchendo de soro no decorrer das semanas após a cirurgia da retirada da mama até chegar ao volume final em que a gente consiga retirá-los e colocar uma prótese para recuperar o volume da mama perdida. Também pode ser o caso de precisarmos levar pele de outra parte do corpo para devolver a que foi perdida durante a mastectomia. E ela pode vir da barriga ou das costas. E, no momento mesmo em que levamos esse tecido, principalmente das costas, podemos colocar uma prótese e finalizar a reconstrução. Essa operação se chama reconstrução com retalho do músculo grande dorsal e prótese.

As pacientes que perderam a aréola e o bico do peito encaram um terceiro tempo da cirurgia: a reconstrução de ambos. Pode ser feita através de utilização de retalhos ou enxertos de pele. As técnicas mais modernas se valem de tatuagens ou pigmentações tridimensionais.

A mulher também costuma pensar muito na simetria. “Como farei com a que não ficou doente?” “Vai ficar diferente da reconstruída?” É importante que essas mulheres entendam que a simetrização da mama que não teve câncer para que se assemelhe com a que teve a doença também faz parte do tratamento e é coberta pelos planos de saúde. A essa dupla reconstrução chamamos de simetrização de mama contralateral.

Lembrando, mais uma vez, da importância da campanha: Tudo pode ser bem mais simples se o tumor for diagnosticado precocemente.

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CINCO PONTOS PARA FICAR ATENTA NO OUTUBRO ROSA

1- O diagnóstico precoce não é mais feito somente com o exame do toque das mamas. Você precisa ir ao médico e fazer exames periódicos, principalmente as pacientes com mais de 50 anos. Aquelas com histórico familiar de câncer devem começar a partir dos 40.

2- A mastectomia é o tratamento do câncer. O câncer de mama só é tratado através da remoção do tumor cirurgicamente. Quanto mais precoce for o diagnóstico, menor será o defeito na sua mama e menos agressiva a cirurgia.

3- A reconstrução faz parte do tratamento do câncer de mama. Mas é importante a paciente se lembrar que se trata de uma cirurgia reparadora, não estética.

4- Outra informação importante sobre o câncer é que mesmo a mama reconstruída tem que ser acompanhada por exames periódicos, mamografia e ressonância magnética. Pacientes com próteses de silicone que queiram fazer o rastreamento do câncer podem fazer os exames periódicos normalmente, tanto a mamografia quando a ressonância.

5- A informação mais importante sobre o câncer de mama é que a doença é proporcional ao tempo em que foi diagnosticada. A mulher não deve ter medo de procurar um médico para fazer o diagnóstico da doença.

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