*Por Dr. Alessandro Martins
Em nossa última coluna, abordamos o que muitos estão definindo como “rinomodelação definitiva” e que, no entanto, a forma definitiva desse procedimento é, por definição, errada. Porque submeter-se a procedimento cirúrgico com anestesia local em consultório está errado. Normalmente, essas intervenções são feitas na pele do nariz; ou seja, em suas estruturas moles, acarretando cicatrizes e deformidades em locais como as asas e a ponta nasal.
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A perda de pele de qualquer parte do corpo sempre precisa ser reposta. No caso do nariz, a única forma de se fazer isso é trazendo o tecido de outro lugar do rosto. E para realizar esse transplante é necessário fazer retalhos que criam cicatrizes. Como são presos a vasos sanguíneos, levam a retalhos pediculados, deixando o paciente com um pedaço de pele pendurado, formando uma ponte até a área do defeito por, no mínimo, três semanas. É uma consequência grave, por isso devemos pensar muito antes de nos submetermos a esses procedimentos com profissionais não-habilitados em ambiente de consultório sob anestesia local.
Como havíamos comentado, porém, alguns preenchedores não são reversíveis. O polimetilmetacrilato transforma-se em plástico e não é absorvido pelo corpo. Não há medicação para se injetar no local onde foi aplicado e diluí-lo: só cirurgia resolve. A única alternativa para quem tem problema estético ou complicações como extrusão ou reação inflamatória crônica é abrir o nariz como se faz na rinoplastia e tentar retirar o corpo estranho, sabendo que será difícil removê-lo sem lesionar os tecidos vizinhos.
Vem aí o grande problema desses materiais não-absorvíveis que estão saindo do mercado. A mesma coisa se for no lábio (a gente abre o lábio para tirar esse produto), o mesmo se for em áreas do rosto e até em áreas corporais. O polimetilmetacrilato foi utilizado até em aumentos de glúteos, de bíceps e de deltoide, levando a complicações a longo prazo. A única forma de se extrair esse material é por procedimento cirúrgico.
O número de reversões de procedimentos estéticos faciais tem aumentado muito e, no caso também à base de ácido hialurônico, substância que preenche o tecido entre as nossas células. Temos uma composição biológica semelhante em nosso corpo, mas usamos um ácido hialurônico sintético, que funciona como preenchedor.
Volta e meia alguém aparece na mídia dizendo que não gostou do resultado de um preenchimento ou de uma harmonização. É preciso ter em mente que o ácido hialurônico é totalmente diferente do polimetilmetacrilato e das intervenções cirúrgicas realizadas sem o protocolo correto. Seus efeitos estéticos são completamente distintos. Por ser um produto que tem antídoto, caso o paciente ache que o rosto ficou volumoso demais, com maçãs protuberantes ou queixo grande e mandíbula desproporcional, podemos dissolver o ácido com injeções de hialuronidase. Feito isso, teremos uma reversão parcial ou total da harmonização ou do preenchimento que não agradou. E com risco bem menor de reações inflamatórias crônicas.
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O único problema desses preenchedores é a possibilidade de eles obstruírem vasos, causando lesões isquêmicas. Se entrar num vaso, o produto obstrui o fluxo sanguíneo. Se isso acontecer com o ácido hialurônico, podemos usar a hialuronidase no momento em que a pele ficar mais branca ou mais roxa próximo à área do procedimento. Com a injeção da hialuronidase, imediatamente o produto se dissolve e a vascularização reverte. Mais um ponto para o ácido hialurônico.
A vantagem dos preenchedores absorvíveis: eles têm um tempo de duração. Apesar de ser necessário refazer o preenchimento a cada oito meses, a cada ano ou dois anos, se o paciente desistir por não querer mais usar ou por desejar assumir um visual mais natural, em cerca de dois anos o produto é totalmente absorvido sem deixar sequelas.
Não custa repetir o alerta: não nos deixemos iludir por propostas milagrosas de preenchimentos e harmonizações definitivas a preços populares. O risco de complicações a longo prazo é alto. E, principalmente, não devemos nos submeter a uma retirada de tecidos da qual podemos nos arrepender muito no futuro – e que sejam necessárias cirurgias reparadoras grandes por erros evitáveis de informação e orientação. Ou pela ilusão de obter um resultado estético desejado.
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