*Por Dr. Alessandro Martins
A matriz dérmica acelular é um material que funciona como substituto da pele e que vem sendo utilizada no Brasil e no mundo. Na verdade está mais para uma pele artificial: como o nome já diz e é formada por componentes da derme, a segunda camada da pele. Temos a camada superficial, que é a epiderme, a visível, onde crescem os pelos, com cor, impermeável. E tem a camada mais abaixo, que é a derme, composta por células e um material que as une umas às outras. A matriz é acelular, porque não podemos ter células de outros indivíduos ou de animais em nossos corpos, pois isso estimula o sistema imunológico, levando ao processo de rejeição. Assim, a matriz dérmica é feita desse tecido que une as células, sem células de verdade. Um produto de biotecnologia.
No Brasil, só podemos preparar esse material com base em tecidos vindos de animais. A matriz mais comum no país é baseada na pele do porco. Não estamos liberados para produzir essa matriz a partir da pele de cadáveres de seres humanos. Essa derme acelular foi e ainda é muito utilizada e muito importante no tratamento dos grandes queimados, quando o paciente chega com uma queimadura no hospital e não tem cobertura suficiente para proteger a região atingida, porque perde pele. E, muitas vezes, também não tem como doar de outras partes do corpo para cobrir a queimadura.
A matriz pode ser colocada nos primeiros dias de queimadura, fazendo com que o paciente tenha uma melhora em sua recuperação ao impedir a perda de nutrientes e líquidos pela pele. Ela funciona como isolante e se integra ao corpo, uma vez que não possui células. É possível, inclusive, fazer um enxerto de pele do paciente em cima da matriz, melhorando os resultados cicatriciais das sequelas de queimadura.
Porém, essa matriz agora entra no mercado com uma nova função, voltada também para a estética oferecendo o suporte necessário para determinadas técnicas reconstrutivas. Ela, que por muito tempo foi usada em feridas, hoje em dia é utilizada no mercado de estética – mais especificamente no tratamento da contratura capsular das próteses de mama. Essa patologia normalmente acontece cinco anos após a colocação da prótese de mama. É quando a cápsula que reveste a prótese se torna espessada e, por vezes, calcificada, podendo levar, a longo prazo, se não tratada, à ruptura do implante, causando uma complicação real para essas pacientes.
Normalmente, o tratamento da contratura capsular consiste em trocar o plano da prótese. Se a paciente que tem uma prótese subglandular e evolui para contratura capsular, passamos para o plano submuscular, melhorando, assim, a cobertura dessa prótese pela proteção muscular. Com isso, resolvemos a contratura. Porém, algumas pacientes têm contratura capsular recidivante. Ou seja, voltam a apresentar o problema. A contratura capsular é um fator que depende da paciente: milhares de mulheres são operadas hoje em dia com próteses de mama, mas isso não quer dizer que obrigatoriamente terão o problema. Existe, inclusive, uma discussão sobre se a questão tem a ver com o tipo de cicatrização. Já foi pesquisado se alguns pacientes com patologia cicatricial têm ou não maior risco de desenvolver contratura capsular.
Naquelas com maior risco de desenvolver contratura capsular ou que fazem contratura capsular recidivante, a matriz dérmica acelular entra como uma forma de combater esse problema. Como? A prótese poderia ser colocada dentro da mama, e, ao redor dela, revestindo-a, usaríamos a matriz dérmica acelular, que teria a função de modular o processo cicatricial, reduzindo a incidência de contratura capsular nessas pacientes. É uma tecnologia nova que já temos no mercado, uma boa utilização desse material que vem evoluindo nos últimos dois anos e que tem trazido bons resultados, resolvendo um problema tão grave que é a contratura capsular recidivante em alguns pacientes.
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