Dr. Alessandro Martins fala como os profissionais de saúde têm analisado cada paciente vítima de Covid-19


Em sua coluna quinzenal, o cirurgião plástico que está ajudando a salvar vidas de pessoas em unidades de tratamento intensivo de hospitais afirma: “Estamos tendo que aprender muito com o comportamento pulmonar e com o quadro inflamatório desses pacientes graves que contraíram Covid-19 bem diferentes do que estávamos acostumados a lidar com quem estava internado no centro de tratamento intensivo com pneumonias bacterianas e não com esse comprometimento duplo de infecção por vírus e bactéria ao mesmo tempo em um pulmão que fica tão debilitado pela doença”

*Por Dr. Alessandro Martins

Diante da epidemia do coronavírus, nós estamos aprendendo junto com a doença a compreender como os pacientes com Covid-19 evoluem. Quem testa positivo tem uma manifestação clínica muito individual. Não só pacientes idosos podem desenvolver formas graves como temos atendido pacientes jovens e sem comorbidades apresentando quadros da doença extremamente complicados.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)

Pesquisas estão sendo realizadas para detectar se não existem sorotipos diferentes do vírus desenvolvendo quadros diferentes da doença ou se não é uma pré-disposição do hospedeiro em desenvolver mais ou menos a manifestação clínica da doença. Os cientistas continuam fazendo o sequenciamento do genoma do coronavírus (COVID-19) e o monitoramento contínuo das eventuais alterações que esse vírus possa sofrer no sentido de compreender os rumos da epidemia.

Os pacientes que evoluem bem precisam de um suporte de 24, 48 horas e até 72 horas com  suporte de oxigênio e, depois, melhoram o quadro clínico e tem alta para casa sem sofrer nenhuma sequelas. Por outro lado, há pacientes que desenvolvem grandes quadros pulmonares precisando de terapia intensiva e de ventilação mecânica.

Dentro desse grupo de pacientes, há os que respondem muito bem à ventilação mecânica e os que, mesmo submetidos a este procedimento não se adaptam, mesmo sem ter relação com a porcentagem de comprometimento do pulmão. É uma forma individual de desenvolvimento da doença. São pessoas em estado grave mesmo com suporte de oxigênio, que desenvolvem perda da função renal, precisando de hemodiálise, evoluindo para choque, precisando de medicação para manter a pressão e frequência cardíaca. A longo prazo, submetidos à ventilação mecânica, acabam desenvolvendo infecções bacterianas em cima da infecção viral. O que significa uma dupla contaminação do pulmão, dificultando ainda mais a saída da ventilação mecânica e um aumento da gravidade do estado clínico.

Estes pacientes têm uma grande taxa de óbito e uma estatística de sucesso baixa na terapia. Felizmente não é a maioria de quem teste positivo para Covid-19 que consegue sair da ventilação mecânica no prazo de uma ou duas semanas, tendo alta para as enfermarias e apresentando melhor resultado ao tratamento.

Ainda ressalto que estamos tendo que aprender muito com o comportamento pulmonar e com o quadro inflamatório desses pacientes graves que contraíram Covid-19 bem diferentes do que estávamos acostumados a lidar com quem estava internado no centro de tratamento intensivo com pneumonias bacterianas e não com esse comprometimento duplo de infecção por vírus e bactéria ao mesmo tempo em um pulmão que fica tão debilitado pela doença.

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