Dr. Alessandro Martins explica por qual motivo muitos usam de forma errada o termo “rejeição de implante de mama”


Em sua coluna quinzenal, o cirurgião plástico comenta que teoricamente não se tem rejeição, alergia, reação a um corpo estranho implantado. “O que acontece algumas vezes é que por alguma complicação pós-operatória há abertura de ponto ou algum acúmulo de líquido abaixo da pele, próximo à cicatriz cirúrgica – chamado de seroma – ou sangramento coletado na mama – o hematoma. Esses líquidos ou abertura dos pontos podem levar a uma contaminação na cápsula que se forma ao redor da prótese”, pontua

*Por Dr. Alessandro Martins

Rejeição de implante é um termo mal interpretado pelas pessoas. A prótese de silicone é um material estéril, inerte. Teoricamente não se tem rejeição, alergia, reação a um corpo estranho implantado. O que acontece algumas vezes é que por alguma complicação pós-operatória há abertura de ponto ou algum acúmulo de líquido abaixo da pele, próximo à cicatriz cirúrgica – chamado de seroma – ou sangramento coletado na mama – o hematoma. Esses líquidos ou abertura dos pontos podem levar a uma contaminação na cápsula que se forma ao redor da prótese.

A partir desse momento, mesmo que se faça uso de antibióticos que conseguem penetrar no tecido, os medicamentos não penetram no material que não é biológico. É uma prótese. Uma vez que o local do implante da prótese esteja contaminado ou colonizado por bactérias, ele vai perpetuar esta infecção. Então haverá quadros com coleções líquidas e, por vezes, até fisturização do líquido pela pele para que se haja uma drenagem. Há uma contaminação do implante, porque ele não pode ter contato com o ambiente e não pode ser exposto através da pele.

Quando esse implante, então, é contaminado, a única opção é a retirada. Não adianta tratar, porque ele perpetua esse processo infeccioso. A paciente ou o paciente é obrigada (o) a procurar um cirurgião para tirar a prótese e ficar em um período de quatro a seis meses sem o implante, porque as bactérias têm capacidade de fazer biofilme.

O que significa? São comunidades biológicas com um elevado grau de organização, onde as bactérias formam comunidades estruturadas, coordenadas e funcionais. Estas comunidades biológicas encontram-se embebidas em matrizes poliméricas produzidas por elas próprias. Portanto, elas podem aderir ao tecido da pele e o antibiótico não consegue matar essas bactérias enquanto não for retirado o corpo estranho. É como se elas fizessem um tapete dentro do tecido e não são debeladas por mais que se faça uso de antibióticos. Esse biofilme mesmo após a retirada da prótese pode levar até seis meses para ser resolvido.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Fábio Calvi)

Então, se houver uma nova tentativa de se fazer o implante em um período menor do que esse, a prótese será mais uma vez contaminada e haverá a perda mais uma vez desse implante novo e estéril. A dita “rejeição”, na verdade, não é uma reação biológica entre o corpo e a prótese. Ela é uma rejeição porque você perde o implante por algum evento de contaminação. E se isso acontecer, se torna uma cirurgia que tem de ser feita com brevidade.

Todas as cirurgias de urgência, independentemente desses períodos de pandemia elas são autorizadas e devem ser realizadas. Portanto, nada impede da paciente ser operada, porque não pode ficar meses aguardando a resolução de um quadro infeccioso.

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