Djavan põe sua “Rua dos Amores” para ladrilhar na Ilha de Vitória e dispara flechas de cupido!


Cantor canta clássicos, como “Sina” e “Samurai”, junto com pérolas do último trabalho em clima de noite de lua cheia, fazendo homenagem ao mestre Dominguinhos

Djavan escolheu a Ilha de Vitória, no Espírito Santo, para entrar no clima de despedida da sua turnê “Rua dos Amores – Ao Vivo”, e nada melhor para fechar com chave de ouro do que uma sexta-feira de lua cheia na ilha. Nosso colaborador de Vitória, Lucas Rezende, nos conta que o ícone da MPB parecia estar na sala de sua casa, de tão à vontade, e não à frente de uma multidão de fãs na Arena Vitória aguardando seus maiores sucessos. Confira!

O músico de longe lembra aquele cantor introspectivo de épocas atrás. Talvez pela identificação com o trabalho atual: ele assina a direção de arte do espetáculo e só não compôs uma música de todo o repertório. Mais que nunca, é como se tudo fosse realmente dele. “Como se tudo fosse”? Não. Tudo é. A noite começa quente, agradável, mas cheia de calor humano. Djavan deseja aos capixabas uma noite “alegre, musical e sensual”. Domina o palco, entre saltinhos de uma extremidade a outra, apresentando sua banda de-ze-nas de vezes e sabendo, como ninguém, caminhar na linha tênue de sua carreira: mesclou os medalhões “Bangalô” e “Oceano”, por exemplo, com as novatas – e, cá entre nós, menos conhecidas desse novo trabalho. E ainda brinca de preencher a Arena com performances dançantes em pé, intercalando com momentos em que deixa o climinha bem intimista naquela levada de voz e violão que ele sabe fazer como ninguém.

As exatas duas horas de apresentações rendem uma homenagem a Dominguinhos, que faleceu em setembro de 2013, vítima de um câncer no pulmão. Djavan aproveita para lembra que a única canção do repertório que ele não compôs sozinho é a de quando abriu espaço para o ícone do acordeom pisar na “Rua dos Amores” com ele. “A próxima música é uma parceria, aliás a única parceria desse repertório todo. Todas as outras músicas são só minhas. E esse embalo a dois, gente… sinceramente, foi uma troca que me rendeu uma alegria tão grande porque meu parceiro nessa música era um homem espetacular, um grande músico, um melodista surpreendente e uma pessoa extraordinária: Dominguinhos. E tudo aconteceu de uma maneira muito graciosa, quando nos encontramos ele disse: ‘Djá, se eu mandar umas musiquinhas para você, você põe uma letrinha?’. Eu falei: ‘Claro Domingos, manda aí’. Ele mandou oito (risos). Todas lindas, todas lindas, a primeira que eu ouvi e letrei chama-se ‘Retrato da Vida’”, contou, na sequência, cantando em seguida.

Mas, quando o amor começa a falar mais forte, no reflexo de canções como “Meu Bem Querer”, “Já Não Somos Dois” e “Cigano”, Djavan encarna a Afrodite, deusa do amor, e lança a flecha do cupido na Arena: “Eu costumo pedir, nessas canções, para você que está sozinho abraçar a pessoa que está ao seu lado. Vai que…”. E dá certo, claro! O set list de 24 músicas, com direito a bis de “Nem um dia” se encerra pela queridinha “Sina”, que faz a cantoria soar mais alto. E Djavan, claro, sai de cena feliz da vida com o resultado do convite do produtor capixaba Patrick Ribeiro: “Adorei esse show, adorei a noite, espero que vocês tenham gostado e que me  chamem sempre. E eu voltarei, e tenham todos uma noite maravilhosa”.

A turnê, já assistida por mais de 200.000 pessoas Brasil afora, vai se encerrar na urbe-maravilha dia 11 de junho, no  Disco Voador, palco que Djavan não sobe há 21 anos. “Sempre me chamam e eu nunca consigo ir. Dessa vez encerro tudo lá´”, afirma. E, já no segundo semestre, ele engrena o trabalho de composição, deixando pobres mortais, sem “djavanear” por um bom tempo, já que o ícone não faz duas coisas ao mesmo tempo: ou compõe ou canta. “Começo a gravar um álbum inédito em novembro. Vai ser um disco de inéditas que estou compondo embrionariamente”, entrega.

E antes que se esqueça: e essa tal Rua dos Amores? Ela existe? Com a palavra, Djavan: “Essa rua existe para quem mora em uma e nela é feliz. A Rua dos Amores é particular, é de cada um”, filosofa. E enquanto ele alega já ter encontrado a dele, é bom seguir na utopia de achar a nossa… Suerte!

No mais, na suíte em que ficou hospedado no Hotel Golden Tulip em Vitória , o astro recebeu os brigadeiros-gourmet de Alexandra Jenner, em uma embalagem estilo marmita antiga, embrulhados em tecido com notas musicais nos sabores: cocada, coco queimado, chocolate branco, chocolate ao leite, chocolate tradicional com flocos amargos. Dizem que se esbaldou.

Confira a emoção da noite nos cliques de Camilla Bapstistin!

 

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*Lucas Rezende é jornalista capixaba, especializado na cobertura cultural